O Papa Francisco,
na primeira Audiência Geral depois da pausa de verão, retomou a série de
catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, comentando o milagre de Pedro, cura de um paralítico em nome de Cristo. A nossa mão que ajuda o
próximo a levantar-se "é a mão de Jesus"
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco retoma as tradicionais Audiências Gerais das
quartas-feiras. Neste dia 7 de agosto, na Sala Paulo VI e devido ao
calor forte do verão italiano, os fiéis puderam acompanhar a catequese
do Pontífice sobre os Atos dos Apóstolos, em continuidade à reflexão do
final de julho quando fez uma pausa de férias.
“Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda” (At 3,3-6): a
cura de um paralítico de nascença que agora caminha, anda e louva a
Deus. O Papa Francisco refletiu sobre a primeira narração de cura do
Livro dos Apóstolos e enalteceu a ação concreta dos Apóstolos Pedro e
João que testemunharam a verdade do anúncio do Evangelho, demonstrando
como agem em nome de Cristo.
A "relação" com o outro que acontece no amor
Francisco recordou que a lei da época impedia oferecer sacrifícios
a quem tinha algum tipo de deficiência física, em consequência de
alguma culpa, e inclusive impedia o acesso ao Templo em Jerusalém. Mas,
como narra o Evangelho, o paralítico, “paradigma de tantos exclusos e
descartados da sociedade, estava ali para pedir a esmola de todos os
dias”, quando os Apóstolos trocaram olhares com ele e Pedro disse: “Não
tenho prata, nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus
Cristo Nazareno, levanta-te e anda” (At 3,3-6).
Esta foi a relação estabelecida entre o paralítico e os Apóstolos, do
mesmo modo em que Deus ama manifestar-se, ressaltou Francisco, “na
relação”, sempre no diálogo, com a inspiração do coração, através de um
encontro real entre as pessoas que pode acontecer só no amor.
Igreja pobre para os pobres
Ao tratar do Templo, onde na frente se encontrava o paralítico, o
Papa explicou que, além de ser um centro religioso, era um lugar de
trocas comerciais. E por esta dimensão do espaço, Jesus tinha-se
manifestado contrário várias vezes.
A Igreja que não fecha os olhos, mas abre o olhar
Aquele mendigo paralítico, encontrando os Apóstolos, não encontrou
aquele dinheiro, mas “o Nome que salva o homem: Jesus Cristo, o
Nazareno”. Pedro invocou o seu nome e ordenou ao paralítico para se levantar
e andar, tocou no doente ajudo-o a ficar em pé.
O Papa descreveu esta atitude como “a arte do acompanhamento”, que se
caracteriza pela delicadeza com o próximo, dando sinais de proximidade,
como a troca respeitosa e cheia de compaixão de olhares.
"E isto fazem os dois Apóstolos com o paralítico: olham para ele, dizem
‘olha para nós’, seguram a sua mão, fazem-no se levantar e curam-no.
Assim faz Jesus com todos nós. Pensemos niso quando estivermos em
momentos maus, em momentos de pecado, em momentos de tristeza. Aí está
Jesus que diz: ‘Olha para mim: eu estou aqui!’. Vamos pegar na mão de
Jesus e deixar que nos levante.”
Estender a mão ao outro: sempre!
Os Apóstolos Pedro e João ensinaram-nos a confiar na “verdadeira
riqueza que é a relação com Jesus”, afirmou o Papa. Uma tarefa que
também cabe a nós, acrescentou o Pontífice, ao finalizar a catequese de
hoje:
O livro dos Atos dos Apóstolos mostra como o anúncio do Evangelho é
confirmado pelos milagres e sinais que o acompanham. O primeiro deles é a
cura dum paralítico de nascença que, todos os dias, era colocado à
porta do Templo de Jerusalém para pedir esmola. Um dia, pelas três da
tarde, Pedro e João sobem ao Templo e seus olhos cruzam-se com o olhar
daquele mendogo que pede uma esmola. Os apóstolos acolhem aquele
olhar, aceitam um encontro real com aquele homem enfermo, ativam uma
relação: «Dinheiro, não temos! Mas damos-te o que temos: “Em nome de
Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!” E ele de um salto, pôs-se de
pé e começou a andar». Encontrando os Apóstolos, o mendigo não
encontra dinheiro, mas o Nome que salva: Jesus Cristo Nazareno. Pedro e
João ensinam-nos a confiar, não nos meios materiais – sem dúvida,
necessários –, mas na verdadeira riqueza que é a relação com Jesus
ressuscitado. De facto, como dirá o apóstolo Paulo, «somos tidos (…) por
pobres, nós que enriquecemos muitos; por nada tendo e, no entanto,
tudo possuindo» (2 Cor 6, 10). O nosso tudo é o Evangelho, que manifesta
o poder do nome de Jesus que realiza prodígios.A prova disto é o
paralítico curado: agora caminha, salta e louva a Deus. Pode viver
celebrando o Amor de Deus que o criou para a vida e a alegria.
VN
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