07 agosto, 2019

Papa Francisco: a mão de Jesus é a nossa mão, sempre estendida para ajudar o outro

 
 
O Papa Francisco, na primeira Audiência Geral depois da pausa de verão, retomou a série de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, comentando o milagre de Pedro, cura de um paralítico em nome de Cristo. A nossa mão que ajuda o próximo a levantar-se "é a mão de Jesus"
 
Andressa Collet – Cidade do Vaticano 
 
O Papa Francisco retoma as tradicionais Audiências Gerais das quartas-feiras. Neste dia 7 de agosto, na Sala Paulo VI e devido ao calor forte do verão italiano, os fiéis puderam acompanhar a catequese do Pontífice sobre os Atos dos Apóstolos, em continuidade à reflexão do final de julho quando fez uma pausa de férias.
 
“Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda” (At 3,3-6): a cura de um paralítico de nascença que agora caminha, anda e louva a Deus. O Papa Francisco refletiu sobre a primeira narração de cura do Livro dos Apóstolos e enalteceu a ação concreta dos Apóstolos Pedro e João que testemunharam a verdade do anúncio do Evangelho, demonstrando como agem em nome de Cristo. 

A "relação" com o outro que acontece no amor

Francisco recordou que a lei da época impedia oferecer sacrifícios a quem tinha algum tipo de deficiência física, em consequência de alguma culpa, e inclusive impedia o acesso ao Templo em Jerusalém. Mas, como narra o Evangelho, o paralítico, “paradigma de tantos exclusos e descartados da sociedade, estava ali para pedir a esmola de todos os dias”, quando os Apóstolos trocaram olhares com ele e Pedro disse: “Não tenho prata, nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda” (At 3,3-6).

Esta foi a relação estabelecida entre o paralítico e os Apóstolos, do mesmo modo em que Deus ama manifestar-se, ressaltou Francisco, “na relação”, sempre no diálogo, com a inspiração do coração, através de um encontro real entre as pessoas que pode acontecer só no amor. 

Igreja pobre para os pobres

Ao tratar do Templo, onde na frente se encontrava o paralítico, o Papa explicou que, além de ser um centro religioso, era um lugar de trocas comerciais. E por esta dimensão do espaço, Jesus tinha-se manifestado contrário várias vezes.
“ Mas quantas vezes eu penso nisso quando vejo alguma paróquia onde se pensa que é mais importante o dinheiro que os sacramentos! Por favor! Igreja pobre: peçamos ao Senhor isso. ”
A Igreja que não fecha os olhos, mas abre o olhar
 
Aquele mendigo paralítico, encontrando os Apóstolos, não encontrou aquele dinheiro, mas “o Nome que salva o homem: Jesus Cristo, o Nazareno”. Pedro invocou o seu nome e ordenou ao paralítico para se levantar e andar, tocou no doente  ajudo-o a ficar em pé.
“ E aqui aparece o retrato da Igreja, que vê quem está em dificuldade, não fecha os olhos, sabe olhar a humanidade no rosto para criar relações significativas, pontes de amizade e de solidariedade no lugar de barreiras. Aparece o rosto de ‘uma Igreja sem fronteiras que se sente mãe de todos’ (Evangelii gaudium, 210), que sabe pegar na mão e acompanhar para se levantar – não para condenar. Jesus pega sempre na mão, procura sempre levantar, fazendo com que as pessoas se curem, que sejam felizes, que encontrem Deus. ”
O Papa descreveu esta atitude como “a arte do acompanhamento”, que se caracteriza pela delicadeza com o próximo, dando sinais de proximidade, como a troca respeitosa e cheia de compaixão de olhares.

"E isto fazem os dois Apóstolos com o paralítico: olham para ele, dizem ‘olha para nós’, seguram a sua mão, fazem-no se levantar e curam-no. Assim faz Jesus com todos nós. Pensemos niso quando estivermos em momentos maus, em momentos de pecado, em momentos de tristeza. Aí está Jesus que diz: ‘Olha para mim: eu estou aqui!’. Vamos pegar na mão de Jesus e deixar que nos levante.” 

Estender a mão ao outro: sempre!

Os Apóstolos Pedro e João ensinaram-nos a confiar na “verdadeira riqueza que é a relação com Jesus”, afirmou o Papa. Uma tarefa que também cabe a nós, acrescentou o Pontífice, ao finalizar a catequese de hoje:
“ E nós, cada um de nós, o que temos? Qual é a nossa riqueza, o nosso tesouro? Com que coisa podemos tornar ricos os outros? Peçamos ao Pai o dom de uma memória agradecida ao recordar os benefícios do seu amor na nossa, para dar a todos o testemunho de louvor e reconhecimento. Não esqueçamos: sempre a mão estendida para ajudar o outro a erguer-se; é a mão de Jesus que, através da nossa mão, ajuda os outrosa levantarem-se. ”
Veja o resumo da catequese de hoje:
 
O livro dos Atos dos Apóstolos mostra como o anúncio do Evangelho é confirmado pelos milagres e sinais que o acompanham. O primeiro deles é a cura dum paralítico de nascença que, todos os dias, era colocado à porta do Templo de Jerusalém para pedir esmola. Um dia, pelas três da tarde, Pedro e João sobem ao Templo e seus olhos cruzam-se com o olhar daquele mendogo que pede uma esmola. Os apóstolos acolhem aquele olhar, aceitam um encontro real com aquele homem enfermo, ativam uma relação: «Dinheiro, não temos! Mas damos-te o que temos: “Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!” E ele de um salto, pôs-se de pé e começou a andar». Encontrando os Apóstolos, o mendigo não encontra dinheiro, mas o Nome que salva: Jesus Cristo Nazareno. Pedro e João ensinam-nos a confiar, não nos meios materiais – sem dúvida, necessários –, mas na verdadeira riqueza que é a relação com Jesus ressuscitado. De facto, como dirá o apóstolo Paulo, «somos tidos (…) por pobres, nós que enriquecemos muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor 6, 10). O nosso tudo é o Evangelho, que manifesta o poder do nome de Jesus que realiza prodígios.A prova disto é o paralítico curado: agora caminha, salta e louva a Deus. Pode viver celebrando o Amor de Deus que o criou para a vida e a alegria.


VN

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