26 agosto, 2019

Ayuso Guixot: Documento sobre a Fraternidade Humana dá os seus primeiros frutos

 
 Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, dom Miguel Ángel Ayuso Guixot 
(AFP or licensors)
 
O presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso faz um balanço dos frutos do Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-Azhar, em fevereiro passado. 
 
Alessandro Gisotti - Cidade do Vaticano

“O diálogo inter-religioso é o único antídoto eficaz contra o mal do fundamentalismo.”

É o que afirma o novo presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, numa entrevista à mídia vaticana.

Dom Ayuso detém-se na criação, poucos tempo depois, dum Comité superior para a implementação do Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, em 4 de fevereiro passado, pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-Azhar.

Para D. Ayuso, este Comité que recebeu, nesta segunda-feira (26/08), o incentivo do Papa Francisco, é um exemplo concreto de como os líderes religiosos podem construir pontes, fortalecer o diálogo e vencer a tentação de se fechar em si mesmos e alimentar o “confronto de civilizações”.

Dom Ayuso, há pouco mais de 6 meses da assinatura do “Documento sobre a Fraternidade Humana”, em Abu Dhabi, foi criado um Comité superior para a sua implementação, cujo trabalho foi incentivado pelo Santo Padre. Qual o valor dessa nova iniciativa no diálogo entre cristãos e muçulmanos?

Como já foi expresso por vários meios de comunicação mundiais, a criação desse Comité superior é um ato significativo. Trata-se, de facto, segundo o comunicado que anuncia o seu nascimento, de promover os ideais contidos no Documento sobre a Fraternidade Humana, porque é «uma declaração de compromisso comum para unir a humanidade e trabalhar pela paz no mundo, a fim de assegurar que as gerações futuras possam viver num clima de respeito mútuo e convivência saudável». Objetivo este realmente nobre! Estou grato ao príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Sua Alteza Xeique Mohamed bin Zayed Al Nahyan, que trabalhou para desenvolver iniciativas destinadas a colocar em prática os objetivos do documento de Abu Dhabi. Grato também ao Papa Francisco e ao Grão Imame de Al-Azhar, porque com as suas palavras e o seu testemunho, tornaram possível o que foi dito pelo príncipe herdeiro na apresentação deste Comité superior.

O senhor acompanhou o Papa na viagem apostólica aos Emirados Árabes Unidos e trabalhou no “Documento sobre a Fraternidade Humana”. O que mais chama a sua atenção em relação a esse desejo incansável de diálogo do Santo Padre?

Em primeiro lugar, expresso a minha gratidão pelos seus esforços incansáveis na promoção do diálogo. Realmente, em continuidade com os Pontífices que o precederam, o Papa Francisco, com o seu diálogo de respeito e amizade, em palavras e em obras, acrescentaria, não cessa de exortar ao mundo e  a todas as pessoas de boa vontade a promoverem três coisas: fraternidade, paz e convivência. Não nos esqueçamos de que estes três elementos são essenciais, se realmente queremos curar as feridas do nosso mundo. Eles são o ABC do nosso futuro. Muitas pessoas colaboraram no projeto da declaração que, na minha opinião, como o Papa Francisco diria, lembra a imagem de um poliedro. Na verdade, considero-o nos seus muitos aspectos um documento inclusivo.

O Santo Padre e o Grão Imame de Al-Azhar elogiaram a instituição do Comié superior, do qual o senhor também é membro. Que tipo de atividade esse comité realizará e quais são as suas expectativas?

Permita-me expressar a minha alegria pessoal e gratidão, como presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, pelo nobre elogio feito pelo nosso irmão, o Grão Imame de Al-Azhar, e pelo Santo Padre. Do momento, não posso acrescentar nada em relação às atividades mais do que aquilo que já foi expresso na apresentação da criação do Comité. No entanto, as minhas expectativas são muitas, porque uma vez iniciado um processo, temos de encontrar todas as formas para  envolver, desde a base em direção ao alto, nos campos nacional e internacional, muitas organizações internacionais, líderes sociais, religiosos, acadêmicos e políticos, procurando sobretu dirigir-nos aos jovens.

Estes dias em Taizé, jovens muçulmanos e cristãos debatem a declaração de Abu Dhabi. Como estas iniciativas podem ser encorajadas e fortalecidas, para além do diálogo entre líderes religiosos?

Uma iniciativa bonita que se soma às numerosas iniciativas já realizadas e que continuam desenvolverem-se, mostrando que a declaração de Abu Dhabi foi assinada tanto pelo Papa quanto pelo Grão Imame, como um compromisso comum para que os seus numerosos conteúdos sejam implementados. O evento de Taizé educa os jovens, mas também devemos pensar em educar os educadores e líderes religiosos, porque, conforme expressado no último encontro em Rimini, o futuro será religioso.

RV

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