(RV) No evangelho deste
domingo, o evangelista Marcos fala-nos da disputa entre Jesus, alguns
fariseus e escribas acerca da tradição dos antigos. Para Jesus essas
tradições são “preceitos de homens”, que não devem nunca tomar o lugar
dos “mandamentos de Deus”.
E a disputa nasce porque os escribas e fariseus aplicavam-nos de
forma escrupulosa e eram apresentados como expressão de autêntica
religiosidade. Por isso, eles repreendem a Jesus e aos seus discípulos o
não cumprimento desses preceitos, sobretudo os relativos à purificação
exterior do corpo. Mas Jesus faz-lhes notar que estão a transcurar o
mandamento de Deus em favor das tradições do homem.
Palavras – disse o Papa - que nos enchem de admiração pelo nosso
Maestro, sentindo que nele está a esperança e a sapiência que nos
liberta de preconceitos. E recorda que estas palavras são também
dirigidas a nós hoje, para não pensarmos que a observação exterior da
lei é suficiente para ser bons cristãos.
“Mas atenção! Com estas palavras, Jesus quer chamar também a nossa
atenção, hoje, a não pensarmos que a observação exterior da lei seja
suficiente para ser bons cristãos”.
Tal como no tempo dos fariseus – prosseguiu o Papa – existe também
para nós hoje o perigo de nos considerarmos melhor que os outros pelo
simples facto de observar as regras, os usos e costumes, mesmo se não
amamos o próximos, se somos duros de coração e orgulhosos. A observância
literal dos preceitos é estéril se não houver mudanças dos corações, se
não houver abertura a Deus e à sua Palavra e se isto não se traduzir em
atitudes concretas como a justiça e a paz, o socorro dos pobres, dos
fracos, dos oprimidos. E aqui o Papa recordou quão mal fazem à Igreja,
aquelas pessoas que, com frequência vão à Igreja, mas na vida quotidiana
transcuram a família, falam mal dos outros e assim por diante. Isto é
algo que Jesus condena, porque é o contrário de um testemunho cristão.
Não são as coisas exteriores que fazem uma pessoa santa ou não santa.
É o coração que exprime as nossas intenções. O nosso coração geralmente
está lá onde está o nosso tesouro. Podemos, então, perguntar-nos: onde
está o meu coração. Qual é o meu tesouro? – É Jesus e a sua Doutrina, ou
é alguma outra coisa? Portanto, é o coração que deve ser purificado e
convertido. Sem um coração purificado não podemos ter mãos limpas e
lábios que pronunciem palavras sinceras de amor. Tudo é duplo: dupla
vida, vida de hipócritas – disse o Papa, frisando que o perdão e a
misericórdia só podem vir de um coração sincero e purificado.
E exortou a pedir ao Senhor, por meio de Nossa Senhora, para que nos
dê um coração puro, livre de qualquer hipocrisia, por forma a sermos
capazes de viver segundo o espírito da lei e chegar à sua finalidade
última que é o amor.
Depois da reza das Ave Marias, o Papa recordou a beatificação do
bispo mártir libanês, Melki que viveu entre os séculos XIX e XX, e o
drama dos cristãos perseguidos assim como de migrantes e refugiados em
geral, muitos dos quais morrem nas suas viagens. Ainda depois do
Angelus, o Papa saudou diversos grupos de os peregrinos de várias partes
da Itália e do mundo, de modo particular, os escuteiros de Lisboa, a
todos desejando bom domingo e pedindo como sempre orações para ele … e
sendo ora do almoço, não faltou o desejo que fosse bom para todos, antes
do arrivederci… até nos vermos…
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