(RV) Antes
da oração mariana do Angelus e dirigindo-se aos milhares de fiéis e
peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro o Papa Francisco comentando o
Evangelho deste XXI domingo do Tempo Comum, disse que hoje se conclui a
leitura do sexto capítulo do Evangelho de João, com o discurso sobre o
“Pão da vida”. No fim desse discurso, sublinhou o Papa, o grande
entusiasmo do dia anterior se apagou, porque Jesus tinha dito ser o Pão
que desceu do céu, e que ele iria dar a sua carne como alimento e seu
sangue como bebida, aludindo assim claramente ao sacrifício da sua
própria vida. E acrescentou:
“Estas palavras provocaram decepção
no povo, que as julgou indignas para um Messias, palavras não
"vencedoras". E assim, alguns observavam Jesus como um Messias que devia
falar e agir de modo que a sua missão tivesse sucesso. Mas precisamente
sobre isso eles se enganavam, no modo de entender a missão do Messias!”
Até mesmo os discípulos – prosseguiu
Francisco - não conseguem aceitar aquela linguagem inquietadora do
Mestre e mostram o seu desconforto com as palavras: “Este discurso é
duro, quem o pode escutar?”. Mas na verdade, eles tinham entendido bem o
discurso de Jesus, disse, tão bem que não queriam escutá-lo, porque é
um discurso que põe em crise a sua mentalidade. Mas Jesus oferece a
chave para superar as dificuldades, uma chave composta de três
elementos:
“Primeiro, a sua origem divina: Ele
desceu do céu e subirá "para onde estava antes"; segundo: as suas
palavras só podem ser compreendidas através da “acção do Espírito
Santo”, Aquele “que dá a vida”; terceiro: a verdadeira causa da
incompreensão das suas palavras é a falta de fé: “Entre vocês há alguns
que não acreditam”.
De facto, a partir daquele momento,
“muitos dos seus discípulos haviam desistido e perante estas deserções,
Jesus não poupa e nem atenua as suas palavras, ao contrário, obriga a
fazer uma escolha precisa: ou estar com Ele ou separar-se d’Ele, e diz
aos Doze: "Também vós quereis ir embora?”. E é então quando S. Pedro faz
a sua confissão de fé em nome dos outros Apóstolos: "Senhor, a quem
iremos? Tu tens palavras de vida eterna".
S. Pedro não diz "onde iremos?", mas
"a quem iremos?" – explica o Papa – porque o problema básico não é ir e
deixar a obra iniciada, mas é a quem ir. Daquela interrogação de Pedro,
entendemos que a fidelidade a Deus é uma questão de fidelidade a uma
pessoa, e esta pessoa é Jesus:
“Tudo o que temos no mundo não
satisfaz a nossa fome de infinito. Precisamos de Jesus, de estar com
Ele, de nos alimentar à sua mesa, das suas palavras de vida eterna! Crer
em Jesus significa fazer d’Ele o centro, o sentido da nossa vida.
Cristo não é um acessório opcional é o "pão vivo", o alimento essencial”
E o Papa pediu a cada um dos presentes um momento de silêncio para se interrogar: “quem é Jesus para mim?”
Que a Virgem Maria nos ajude a "ir"
sempre a Jesus para experimentar a liberdade que ele nos oferece, e que
nos permita limpar nossas escolhas das sujeiras mundanas e dos medos –
concluiu.
Depois do Angelus o Papa lançou um premente apelo sobre o deteriorar-se da situação na Ucrânia:
“Com profunda preocupação, sigo o
conflito no leste da Ucrânia, que novamente se deteriorou nas últimas
semanas. Renovo o meu premente apelo para que sejam respeitados os
compromissos assumidos para se chegar à paz e com a ajuda das
organizações e pessoas de boa vontade, se responda à emergência
humanitária no país. Que o Senhor conceda a paz à amada terra ucraniana,
que está prestes a celebrar amanhã a festa nacional. A Virgem Maria
interceda por nós!”
E a concluir o Papa saudou
cordialmente todos os peregrinos romanos e os de vários países, em
particular os novos seminaristas do Pontifício Colégio Norte-Americano,
em Roma para os estudos teológicos. E a todos desejou um bom domingo e
bom almoço pedindo-lhes por favor para que não se esqueçam de rezar por
mim! (BS)
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