O Papa encontra algumas participantes da Conferência Internacional sobre o Tráfico
(11 de abril de 2019)
(Vatican Media)
O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro “Mulheres crucificadas. A vergonha do tráfico contada da rua” (Editora Rubbettino) do pe. Aldo Buonaiuto, sacerdote da Comunidade Papa João XXIII. O livro está disponível nas livrarias italianas a partir desta segunda-feira, 29.
Cidade do Vaticano
“Quando numa das Sextas-feiras da Misericórdia durante o Ano Santo Extraordinário entrei na casa de acolhimento da Comunidade Papa João XXIII, não pensei que lá encontraria mulheres tão humilhadas, tristes e provadas. Realmente mulheres crucificadas. Na sala em que encontrei as mulheres libertadas do tráfico da prostituição forçada, respirei a dor, a injustiça e o efeito da opressão. Uma ocasião para reviver as feridas de Cristo.
Depois de ouvir as histórias comoventes e humanas dessas mulheres
pobres, algumas com crianças no colo, senti um forte desejo, uma
exigência de pedir perdão pelas torturas que elas tiveram que suportar
por causa dos clientes, muitos dos quais que se dizem cristãos. Um
incentivo a mais para rezar pelo acolhimento das vítimas do tráfico da
prostituição forçada e da violência.
Uma pessoa nunca pode ser colocada à venda. Por isso, estou feliz por
conhecer o trabalho precioso e corajoso de assistência e reabilitação
que o pe. Aldo Buonaiuto realiza há vários anos, seguindo o carisma de
Oreste Benzi. Isto requer também a disponibilidade para se expor aos
perigos e retaliações da criminalidade que fez destas mulheres uma fonte
inexaurível de ganhos ilícitos e vergonhosos.
Gostaria que este livro fosse acolhido no contexto mais amplo
possível a fim de que, conhecendo as histórias que estão por trás do
número chocante do tráfico, se possa entender que, sem deter a alta
demanda de clientes, não será possível combater de maneira eficaz a
exploração e a humilhação de vidas inocentes.
A corrupção é uma doença que não se detém sozinha. É preciso uma
tomada de consciência individual e coletiva, e também eclesial, para
ajudar realmente estas nossas desventuradas irmãs e para impedir que a
iniquidade do mundo caia sobre as criaturas mais frágeis e indefesas.
Toda a forma de prostituição é uma escravidão, um ato criminoso, um
péssimo vício que confunde a relação de amor com o desafogar os próprios
instintos, torturando uma mulher indefesa.
É uma ferida na consciência coletiva, um desvio ao imaginário
corrente. A mentalidade de que uma mulher deve ser explorada como uma
mercadoria para usar e depois jogar fora é patológica. É uma doença da
humanidade, uma maneira errada de pensar da sociedade. Libertar estas
pobres escravas é um gesto de misericórdia e um dever para todos os
homens de boa vontade. O seu grito de dor não pode deixar indiferentes
pessoas e instituições. Ninguém deve virar o rosto para o outro lado ou
lavar as mãos do sangue inocente que é derramado nas estradas do mundo”.
Francisco
VN
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