29 julho, 2019

Francisco: libertar as mulheres da escravidão da prostituição


O Papa encontra algumas participantes da Conferência Internacional sobre o Tráfico
(11 de abril de 2019)  (Vatican Media)

O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro “Mulheres crucificadas. A vergonha do tráfico contada da rua” (Editora Rubbettino) do pe. Aldo Buonaiuto, sacerdote da Comunidade Papa João XXIII. O livro está disponível nas livrarias italianas a partir desta segunda-feira, 29. 

Cidade do Vaticano 

“Quando numa das Sextas-feiras da Misericórdia durante o Ano Santo Extraordinário entrei na casa de acolhimento da Comunidade Papa João XXIII, não pensei que lá encontraria mulheres tão humilhadas, tristes e provadas. Realmente mulheres crucificadas. Na sala em que encontrei as mulheres libertadas do tráfico da prostituição forçada, respirei a dor, a injustiça e o efeito da opressão. Uma ocasião para reviver as feridas de Cristo.

Depois de ouvir as histórias comoventes e humanas dessas mulheres pobres, algumas com crianças no colo, senti um forte desejo, uma exigência de pedir perdão pelas torturas que elas tiveram que suportar por causa dos clientes, muitos dos quais que se dizem cristãos. Um incentivo a mais para rezar pelo acolhimento das vítimas do tráfico da prostituição forçada e da violência.

Uma pessoa nunca pode ser colocada à venda. Por isso, estou feliz por conhecer o trabalho precioso e corajoso de assistência e reabilitação que o pe. Aldo Buonaiuto realiza há vários anos, seguindo o carisma de Oreste Benzi. Isto requer também a disponibilidade para se expor aos perigos e retaliações da criminalidade que fez destas mulheres uma fonte inexaurível de ganhos ilícitos e vergonhosos.

Gostaria que este livro fosse acolhido no contexto mais amplo possível a fim de que, conhecendo as histórias que estão por trás do número chocante do tráfico, se possa entender que, sem deter a alta demanda de clientes, não será possível combater de maneira eficaz a exploração e a humilhação de vidas inocentes.

A corrupção é uma doença que não se detém sozinha. É preciso uma tomada de consciência individual e coletiva, e também eclesial, para ajudar realmente estas nossas desventuradas irmãs e para impedir que a iniquidade do mundo caia sobre as criaturas mais frágeis e indefesas. Toda a forma de prostituição é uma escravidão, um ato criminoso, um péssimo vício que confunde a relação de amor com o desafogar os próprios instintos, torturando uma mulher indefesa.

É uma ferida na consciência coletiva, um desvio ao imaginário corrente. A mentalidade de que uma mulher deve ser explorada como uma mercadoria para usar e depois jogar fora é patológica. É uma doença da humanidade, uma maneira errada de pensar da sociedade. Libertar estas pobres escravas é um gesto de misericórdia e um dever para todos os homens de boa vontade. O seu grito de dor não pode deixar indiferentes pessoas e instituições. Ninguém deve virar o rosto para o outro lado ou lavar as mãos do sangue inocente que é derramado nas estradas do mundo”.

Francisco

VN

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