Solenidade do Corpus Christi
Celebrar a
Eucaristia e partilhar o corpo e o sangue do Senhor é comprometer-mo-nos a
partilhar o que se tem e, sem dúvida, partilhar a própria vida como fez
Jesus e continua a fazer na Eucaristia.
Padre César Augusto - Cidade do Vaticano
A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo leva-nos à tomada de
consciência da grandiosidade da amizade selada entre Deus e o Homem.
Desde crianças acostumamo-nos tanto a ir à missa dominical que
perdemos um pouco o significado do que celebramos. Ela corre o perigo de
se tornar um simples momento de oração comunitária e de devoção. Se
isso acontece, estamos corrompendo o sentido da Eucaristia.
Em primeiro lugar, ela consciencializa-nos da grande amizade selada
entre Deus e o Homem. Deus quer-se unir para sempre ao ser por ele
criado, que inventa um modo de estar sempre visivelmente presente aos
olhos da sua criatura. Mais ainda, na 1ª Carta aos Coríntios, Paulo diz-nos que o Senhor realizou a nova e eterna aliança, através do
derramamento do seu sangue, objeto de perdão e da santificação humana. O
pão, o seu corpo, é partido como alimento entre os irmãos. “Porque há um
só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos nesse único
pão.” (1Cor 10,17)
Por isso, do mesmo modo que a Igreja faz a Eucaristia, a Eucaristia
faz a Igreja. Não é possível separar o corpo eucarístico do corpo
eclesial, da comunidade.
Celebrar a Eucaristia é fazer memória da ação do Senhor na Ceia e da
sua morte, é tornar presente o seu sacrifício redentor, é a celebração da
partilha na Comunidade e é a celebração do futuro, da sua vinda
gloriosa.
Celebrar a Eucaristia e partilhar o corpo e o sangue do Senhor é
comprometer-mo-nos em partilhar o que temos e, sem dúvida, partilhar a
própria vida como fez Jesus e continua a fazer na Eucaristia. De facto,
viver a Eucaristia é comprometer-mo-nos com o outro, é fazer-mo-nos responsáveis pelo outro.
Que a nossa vida,os nossos dias, sejam marcados pelo seguimento da pessoa
de Jesus Cristo, da sua entrega para o bem de todos, sem receio de
sacrifícios e de partilhas. Partilhar o pão eucarístico, o corpo do
Senhor, seja incentivo e também reflexo da partilha do pão que está
sobre a nossa mesa, de todos os dons que o Senhor nos presenteia, sem
mérito nosso, enfim, de toda a nossa vida.
VN
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