27 junho, 2019

Papa à FAO: falta de alimento combate-se com compaixão e vontade política

 
 
Na origem do drama da fome, o Papa apontou sobretudo a falta de compaixão, o desinteresse de muitos e uma escassa vontade social e política no momento de responder às obrigações internacionais. Francisco agradeceu "de coração" o trabalho de Graziano da Silva, que deixa a direção da FAO depois de dois mandatos.
 
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco recebeu no final da manhã desta quinta-feira (27/06) os cerca de 500 participantes da 41ª Sessão da Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O tema em debate é “Migrações, agricultura e desenvolvimento rural”.

No início do seu discurso, o Pontífice manifestou agradecimento e reconhecimento ao Diretor-Geral, José Graziano da Silva, que daqui a poucas semanas concluirá o seu serviço à frente da FAO. "Obrigado de coração pelo seu trabalho." O Papa felicitou o sucessor, também presente na audiência, o chinês Qu Dongyu. 

Desafio do "Fome Zero"

Em mérito ao tema da Conferência, Francisco afirmou que o objetivo “Fome Zero” permanece ainda um grande desafio, mesmo reconhecendo que nas últimas décadas houve um grande avanço.

O Pontífice recordou que para combater a falta de alimento e acesso à agua potável, é preciso trabalhar sobre as causas que as provocam. E na origem deste drama, o Papa apontou sobretudo a falta de compaixão, o desinteresse de muitos e uma escassa vontade social e política no momento de responder às obrigações internacionais.
“ A falta de alimento e de água não é um assunto interno e exclusivo dos países mais pobres e frágeis, mas diz respeito a cada um de nós. Todos somos chamados a escutar o grito desesperado dos nossos irmãos. ”
Como um dos meios ao nosso alcance, Francisco indicou a redução do desperdício de alimentos e de água; para isso, a educação e a sensibilização social é um investimento a curto e longo prazos. 

O problema de um é o problema de todos

O Papa reiterou a conexão que existe entre a fragilidade ambiental, a insegurança alimentar e os movimentos migratórios.

“O aumento do número de refugiados no mundo durante os últimos anos demonstrou-nos que o problema de um país é o problema de toda a família humana”, afirmou Francisco.

Para isso, é necessário promover um desenvolvimento agrícola nas regiões mais vulneráveis, fortalecendo a resiliência e a sustentabilidade do território.

O Pontífice reforçou a legitimimidade da FAO como instituição para coordenar medidas incisivas, em parceria com outras organizações internacionais. “O esforço conjunto de todos fará tornar realidade as metas e os compromissos assumidos.”

O Papa concluiu reafirmando a disponibilidade da Santa Sé para cooperar com a FAO, apoiando o esforço internacional para a eliminação da fome no mundo e garantindo um futuro melhor para o nosso planeta e a humanidade inteira.

VN

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