12 agosto, 2018

Papa exorta jovens a serem protagonistas no bem, "não basta não fazer o mal"


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Papa abençoa a Cruz de São Damião e a imagem de Nossa Senhora de Loreto,
que serão levadas ao Panamá (Vatican Media)

O Papa Francisco rezou o Angelus na Praça São Pedro após a celebração presidida pelo cardeal Gualtiero Bassetti na presença de milhares de jovens, participantes na iniciativa "Por mil estradas rumo a Roma", em preparação do Sínodo e à JMJ Panamá 2019. 

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano 

90 mil, segundo a Gendarmaria Vaticana, era o número de fiéis presentes na Praça São Pedro e Via da Conciliação na manhã deste domingo, na Missa conclusiva da iniciativa “Por mil estradas rumo a Roma”, em preparação do Sínodo de outubro sobre os jovens.

A celebração foi presidida pelo cardeal Gualtiero Bassetti, presidente da Conferência Episcopal Italiana e concelebrada por 120 bispos das diversas dioceses de proveniência dos 70 mil jovens, que já no início de agosto puseram o pé na estrada partindo de diversas localidades italianas – dos Alpes às Pirâmides, como disse o cardeal Bassetti ao agradecer ao Santo Padre – para viver estes dois dias de espiritualidade e partilha em Roma.

O Papa Francisco já os tinha encontrado no Circo Máximo, no final da tarde de sábado. E neste domingo, rezou o Angelus com eles após a Missa, abençoando a Cruz de São Damião e uma imagem de Nossa Senhora de Loreto, símbolos da JMJ que serão doados à diocese que organiza a JMJ 2019, uma prática que teve início já em 1987, em Buenos Aires.

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Angelus de 12 de agosto de 2018

Desde cedo os jovens formavam longas filas para passar pelos controles de segurança. No final da Missa aumentaram as expectativas pela chegada do Papa Francisco que entrou na Praça São Pedro com o papamóvel às 11h24, ultrapassando os seus limites para chegar à Via da Conciliação. Os jovens jogavam bonés, lenços, camisetas que, quando Francisco conseguia segurá-los, os atirava de volta retribuindo o gesto com um sorriso.

Fazia 31°C na Praça São Pedro, mas a sensação térmica era bem maior. Os bombeiros do Vaticano refrescavam a multidão com jatos de água, a exemplo do que já tinha ocorrido no encontro internacional dos coroinhas.  Embalados pelo calor e por canções religiosas italianas, o clima na Praça era contemporaneamente de festa e comoção. 

O Angelus

"É bom não fazer o mal, mas é mal não fazer o bem". Uma frase que os jovens foram convidados a repetir diversas vezes durante a alocução do Santo Padre, que se inspirou no convite de São Paulo, a não entristecermos o Espírito Santo com que fomos marcados por Deus no dia de nosso Batismo.

“Mas eu pergunto: como se entristece o Espírito Santo? Todos nós o recebemos no Batismo e na Crisma, portanto, para não entristecer o Espírito Santo, é necessário viver de uma maneira coerente com as promessas do Batismo, renovadas na Crisma. De maneira coerente, não com hipocrisia: não esqueçam isto! O cristão não pode ser hipócrita: ele deve viver de maneira coerente. As promessas do Batismo têm dois aspetos: renúncia do mal e adesão ao bem”.

Renunciar ao mal – explicou o Papa - significa dizer "não" às tentações, ao pecado, a satanás, mas mais concretamente,  “significa dizer "não" a uma cultura da morte, que se manifesta na fuga do real para uma falsa felicidade que se expressa nas mentiras, na fraude, na injustiça, no desprezo do outro. Para tudo isso, "não"”:

“A vida nova que nos é dada no Batismo, e que tem como fonte o Espírito, rejeita um comportamento dominado por sentimentos de divisão e discórdia. É por isso que o apóstolo Paulo exorta a remover do seu coração "toda a aspereza, desdém, ira, gritaria e insultos com todo tipo de maldade". Isto é o que Paulo diz. Estes seis elementos ou vícios - desdém, ira, gritaria, maledicência e todo tipo de maldade - que perturbam a alegria do Espírito, envenenam o coração e levam a praguejar contra Deus e o próximo”. 

Não basta não fazer o mal, é preciso fazer o bem

O Papa insiste que para ser bom cristão, não basta não fazer o mal, mas “é preciso aderir ao bem e fazer o bem”:

“Muitas vezes acontece ouvir alguns que dizem: "Eu não faço mal a ninguém". E acredita ser um santo. Não. Ok, mas fazes o bem? Quantas pessoas não fazem o mal, mas nem mesmo o bem, e a sua vida acaba na indiferença, na apatia, na tibiez. Esta atitude é contrária ao Evangelho, e também é contrária ao  vosso caráter de jovens, que por natureza são dinâmicos, apaixonados e corajosos”.

Francisco, então convida os jovens a repetirem juntos que "é bom não fazer o mal, mas é mal não fazer o bem", uma frase que São Alberto Hurtado SJ costumava dizer. 

Protagonistas no bem

Os jovens por fim, são exortados pelo Papa a serem “protagonistas no bem”: 

“Não se sintam bem quando não fazem o mal, não: não é suficiente; cada um é culpado pelo bem que poderia ter feito e não fez. Não basta não odiar, é preciso perdoar; não basta não ter rancor, devemos orar pelos inimigos; não basta não ser causa de divisão, é preciso levar a paz aonde ela não existe; não basta não falar mal dos outros, é preciso interromper quando ouvimos falar mal de alguém. Parar as fofócas: isto é fazer o bem. Se não nos opomos ao mal, nós o alimentamos calando. É necessário intervir onde o mal se espalha; porque o mal espalha-se onde não há cristãos ousados ​​que se opõem com o bem, "caminhando na caridade", segundo a advertência de São Paulo”.

Recordando que o muito que caminharam nestes dias vos deixou em boa forma, Francisco exortou os jovens a caminharem na caridade, caminharem no amor:

“E caminhemos juntos rumo ao próximo Sínodo dos Bispos. Que a Virgem Maria nos sustente com a sua intercessão materna, para que cada um de nós, em cada dia, com os factos, possa dizer "não" ao mal e "sim" ao bem”.


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90 mil na Praça São Pedro, com o Papa Francisco

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