Papa Francisco da janela do apartamento pontifício
(Vatican Media)
"É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião à prática das leis, projetando no nosso relacionamento com Deus a imagem da relação entre os servos e o seus patrões: os servos devem executar as tarefas que o patrão designou, para ter a sua benevolência", disse o Papa na sua alocução.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Resistir à tentação de “reduzir a religião somente à prática das leis, projetando na nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões”.
No Angelus deste XVIII Domingo do Tempo Comum, falando aos milhares
de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro a uma temperatura de
30ºC, o Papa exortou a “cultivar a nossa relação” com Jesus, “fortalecer
a nossa fé n’Ele, que é o "pão da vida".
Inspirado no Evangelho de João, proposto pela liturgia deste domingo, o
Papa recorda que “a Jesus não basta que as pessoas o procurem, ele quer
que as pessoas o conheçam; quer que a busca por Ele e o encontro com
Ele ultrapasse a satisfação imediata das necessidades materiais”:
“Jesus veio para nos trazer algo mais, a abrir a nossa existência a
um horizonte mais amplo em relação às preocupações cotidianas do
alimentar-se, vestir-se, da carreira e assim por diante. Por isso,
voltando-se para a multidão, exclama: «buscais-Me não porque vistes sinais,
mas porque comestes daqueles pães e vos saciastes»”.
Desta forma, “estimula as pessoas a darem um passo em frente, a
interrogarem-se sobre o significado do milagre e não apenas para tirar
proveito dele”.
Angelus de 5 de agosto de 2018
O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes – explicou Francisco
– “é sinal do grande dom que o Pai deu à humanidade, que é o próprio
Jesus!”:
“Ele, verdadeiro "pão da vida", quer saciar não apenas os corpos,
mas também as almas, dando o alimento espiritual que pode satisfazer a
fome mais profunda. Por isso convida a multidão a procurar não a comida
que não dura, mas aquela que permanece para a vida eterna. Trata-se de
um alimento que Jesus nos dá todos os dias: A sua Palavra, O seu Corpo, O seu
Sangue”.
Também nós – como a multidão da época – ouvimos o convite de Jesus,
mas não entendemos o seu significado. As pessoas pensam que Jesus pede-lhes “para observarem os preceitos para obter outros milagres, como a
multiplicação dos pães”:
“É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião somente à
prática das leis, projetando na nossa relação com Deus a imagem da
relação entre os servos e seus patrões: os servos devem executar as
tarefas que o patrão determinou, para ter a sua benevolência. Isto o
sabemos todos”.
À multidão que quer saber de Jesus que ações deve fazer para agradar a
Deus, Jesus dá uma resposta inesperada: "A obra de Deus é que
acreditem naquele que ele enviou":
“Essas palavras são dirigidas também a nós, hoje: a obra de Deus
não consiste tanto no "fazer" coisas, mas em "crer" n’Aquele que Ele
enviou. Isto significa que a fé em Jesus permite-nos realizar as obras
de Deus. Se nos deixarmos envolver nesta relação de amor e confiança com
Jesus, poderemos fazer boas obras que perfumam de Evangelho, pelo bem e
às necessidades dos irmãos”.
E se é importante preocupar-nos com o pão – disse o Papa – mais
importante ainda “é cultivar a nossa relação com Ele, fortalecer a nossa fé
n’Ele, que é o "pão da vida", vindo para saciar a nossa fome de verdade,
a nossa fome de justiça, a nossa fome de amor”.
“Que a Virgem Maria – disse ao concluir - no dia em que recordamos a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior – a Salus populi romani - em Roma, nos sustente no nosso caminho de fé e nos ajude a nos abandonarmos com alegria do plano de Deus para as nossas vidas".
VATICAN NEWS
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