O dossiê de 900 páginas diz respeito aos
últimos 70 anos, o permitiu realizar uma investigação sistemática, ainda
que não tenham ocorrido novos casos. Foram encontradas 1.000 vítimas,
mas estima-se que o número total seja maior.
(2018 Getty Images)
"Profundo
remorso", "grande tristeza", "abuso é desprezível e não tem lugar na
Igreja", "choque", "vergonha": os bispos católicos do Estado da
Pensilvânia, nos Estados Unidos responderam com palavras claras a um
relatório sobre abuso sexual apresentado na última terça-feira pelo
Ministério Público.
Pe. Bernd Hagenkord, SI - Cidade do Vaticano
"É doloroso para quem lê, especialmente para os sobreviventes de
abusos sexuais e as suas famílias", diz um comunicado da Diocese de
Filadélfia. "Sentimos muito pela sua dor e continuamos no caminho da
cura".
O bispo de Pittsburgh, Dom David Zubik, escreveu numa declaração que em nenhum momento se deseja "diminuir a dor que surgiu".
Todas as oito dioceses da Pensilvânia responderam a um relatório
elaborado pelo Grande Júri, oficialmente encarregado - segundo o direito
processual dos Estados Unidos - de um procedimento não-público e com a
ajuda da polícia, da investigação de possíveis comportamentos
criminosos.
A investigação foi aberta pelo procurador geral do Estado. Seis das
oito dioceses da Pensilvânia foram investigadas, enquanto outras duas já tinham sido objeto de investigações anteriores.
O júri levou dois anos para concluir o relatório de 900 páginas.
Trata-se de abusos ocorridos no Estado da Pensilvânia e realizados por
membros da Igreja Católica. O dossiê diz respeito aos últimos 70 anos e
isso permitiu realizar uma investigação sistemática, mesmo que não
tenham ocorrido novos casos. Foram encontradas 1.000 vítimas, mas
estima-se que o número total seja maior.
O relatório é o mais completo já produzido por uma instituição
governamental nos Estados Unidos em casos de abuso. Além dos nomes
mencionados no dossiê, surge acima de tudo a acusação de que a Igreja
tenha tido a sua própria "encenação" para a cobertura dos casos.
É preciso combater este crime "para garantir - disse a diocese de
Scranton - que nenhuma criança seja vítima de abusos e que nenhum
culpado seja protegido". Esta Diocese publica no seu site os nomes dos
70 culpados, sacerdotes e leigos, incluindo pessoas que não são
mencionadas no relatório do Grande Júri.
A Diocese de Erie cita 34 pessoas e os lugares em que vivem,
indicando também os nomes de 31 falecidos. Entre os 65 nomes há uma
mulher e um bispo. Segundo o site da diocese, o prelado em questão não
investigou denúncias de abusos na sua área de competência.
O bispo de Erie, Dom Lawrence Persico, escreveu diretamente às
vítimas de abusos. Todas as dioceses, como o próprio relatório, destacam
que nos últimos anos e décadas foram feitos grandes avanços em termos
de transparência. Este é o caminho a seguir, de acordo com o teor dos
pareceres.
"Continuaremos a fazer reparação pelos pecados do nosso passado e
ofereceremos orações e apoio a todas as vítimas dessas ações", disse o
bispo de Harrisburg, Dom Ronald W. Gainer.
"Comprometemo-nos em prosseguir e intensificar as mudanças positivas
para assegurar que tais atrocidades não voltem a ocorrer ... Quero que
as crianças, pais, paroquianos, estudantes, funcionários, clero e o
público saibam que as nossas Igrejas e as escolas são seguras, não há
nada que levemos mais a sério do que a proteção daqueles que passam pelas
nossas portas".
VATICAN NEWS
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