20 fevereiro, 2018

Quinta meditação: "A sede de Jesus"

 
 Papa Francisco durante exercícios espirituais, em Ariccia  (Vatican Media)
 
A sede de Jesus é a sede de dar água viva, a sede de conceder à Igreja o dom da água viva. 
 
Cidade do Vaticano

O Papa Francisco e os seus colaboradores da Cúria Romana prosseguem os exercícios espirituais na Casa Divino Mestre, em Ariccia.

“A sede de Jesus” foi o tema proposto na quinta meditação pelo pregador do retiro, Pe. José Tolentino de Mendonça, na tarde desta terça-feira (20/02).

O sacerdote português iniciou a meditação com um trecho do Evangelho de João em que Jesus, após ter sido pregado na cruz, diz: “Tenho sede.”

Os Padres da Igreja interpretaram esta sede de Jesus sobretudo como “sede corporal”, não dando muito valor ao sentido metafórico contido naquela declaração.

“A sede física documentava de forma convincente que Jesus era de carne e osso como toda a pessoa”, mas tinha sede “da salvação dos homens”.

A sede da samaritana e a sede de Jesus

No encontro com a samaritana, Jesus pede água, mas é ele quem dá de beber e promete-lhe a “água viva”. A samaritana não entende  de imediato as palavras de Jesus, “interpreta-as como sede física, mas desde o início Jesus dava um sentido espiritual”.  

“O seu desejo visava sempre outra sede”, conforme explicou à samaritana: «Se conhecesses o dom de Deus, e quem te está pedindo de beber, tu é que lhe pedirias. E ele te daria água viva.»

Segundo Pe. Tolentino, “a sede de Jesus parece extinguir-se somente quando ele se proclama fonte de água viva e abre à promessa do dom do Espírito”.

“A sede é o selo do cumprimento de sua obra e, ao mesmo tempo, do forte desejo de doar o Espírito, verdadeira água viva capaz de saciar radicalmente a sede do coração humano."

O pregador do retiro explicou que a sede da qual Jesus fala é uma sede existencial que se extingue, quando a nossa vida converge em direção ao Senhor.

“Ter sede, é ter sede Dele. Somos chamados a viver de uma centralidade cristológica: sair de nós mesmos para buscar em Cristo aquela água que sacia a nossa sede, vencendo a tentação da autorreferencialidade que nos deixa doentes e tiraniza”.

“A sede de Jesus é a sede de dar água viva, a sede de conceder à Igreja o dom da água viva. Para os fiéis, a sede de água viva é a sede de aprofundamento da fé, sede de penetrar no mistério de Jesus, sede do Espírito. Para Jesus, a sede é o desejo de comunicar todos esses dons.”

A sede de Jesus revela a sede humana

Segundo Pe. Tolentino, “a sede de Jesus ilumina e responde à sede de Deus à falta de sentido e verdade, ao desejo de todo o ser humano de ser salvo, mesmo que seja um desejo oculto ou enterrado debaixo dos detritos existenciais”.

O “Tenho sede”, proclamado por Jesus, envolve a Igreja de todos os tempos, em particular a nossa.

A este propósito, o sacerdote português citou como exemplo Madre Teresa de Calcutá, que a 10 de setembro de 1946, a bordo de um comboio que ligava Siliguri a Darjeeling, na Índia, viveu uma forte experiência espiritual: “de forma quase física sentiu a sede de Jesus que a chamava a dar a vida ao serviço da sede dos pobres e rejeitados, dos últimos dos últimos. O coração e a alma das Missionárias da Caridade é somente este: a sede do coração de Jesus escondido no pobre.”

Acolher o Espírito, dom da sede

O Espírito continua a fazer-nos ouvir a voz de Jesus que nos diz: “Tenho sede!”

“Ele é o dinamismo do Ressuscitado em nós. O Espírito é a continuação dessa história, uma continuação que não é repetida, não é sempre a mesma. É a fantasia do Espírito, a sua criatividade que difunde em nós dons diferentes, carismas diferentes, competências complementares a fim de construirmos o Reino de Deus onde quer que estejamos.”

O Espírito “é a força motriz da vida da Igreja e da vida de todo cristão. Por isso, precisamos do Espírito Santo e devemos redescobrir a fé no seu poder. Muitas vezes o Espírito Santo permanece completamente esquecido. Devemos redescobrir o Espírito Santo, porque sem Ele a Igreja é somente memória, o que fazemos é somente uma recordação do que foi. É o Espírito que diz: o cristianismo é também presente e futuro”, disse Pe. Tolentino.

“Somos chamados a viver na esperança todas as situações da vida. Às vezes, somos uma Igreja em que falta a vivacidade do Espírito, a juventude do Espírito. É o Espírito que nos dá o sentido de plenitude, o sentido da missão e que nos torna uma Igreja em saída.”

Quinta meditação: "A sede de Jesus"

VATICAN NEWS

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