Casa do Divino Mestre, Ariccia
De autoria do sacerdote português José
Tolentino de Mendonça, e intitulada “Aprendizes do estupor”, a reflexão
propôs citações de Simone Weil, Eduardo Galiano, Tolstoj e Fernando
Pessoa.
Cidade do Vaticano
Como anunciado por ele mesmo após a oração do Angelus e com o seu tuíte do dia, o Papa Francisco
deixou o Vaticano domingo (18/02) e dirigiu-se a Ariccia, sudeste de
Roma, aonde por uma semana, permanecerá em retiro espiritual.
O micro-autocarro do Vaticano deixou a Casa Santa Marta às 16h, levando o
Papa e seus colaboradores mais próximos para a casa dos padres Paulinos
‘Divino Mestre’, aonde até sábado, (24/02) serão feitos os exercícios espirituais de Quaresma.
A primeira meditação, por obra do sacerdote português José Tolentino de Mendonça, teve como título “Aprendizes do estupor”, sugerido pelo Evangelho de João.
No texto, Jesus diz à samaritana apenas três palavras: “Dá-me de beber”. Assim como ela se surpreende com tal pedido, nós também ficamos desconcertados – antecipou o pregador – porque estas são as palavras que Jesus nos dirige:
O cansaço de Jesus
Deste estupor, a meditação passa ao ‘cansaço de Jesus’ e ao nosso.
Podemos entender o diálogo de Jesus com a samaritana somente se
mantivermos diante dos olhos o dom sem limites que Jesus faz de si na
cruz. Em ambas as circunstâncias, o sol diz que é meio-dia, a hora
sexta. É a hora central do dia, o meio do tempo, que marca o antes e o
depois. Não é simplesmente a indicação cronológica, mas o símbolo da
passagem de Jesus em nós. Por isso, explicou o sacerdote, mesmo que o
relógio assinale outro horário, muitas vezes é meio-dia nas nossas vidas.
Cada vez que nascemos é meio-dia.
Ele veio procurar-nos
Quando Jesus pede ‘Dá-me de beber’, a sua sede não se materializa na
água. É uma sede maior. É sede de alcançar as nossas sedes, de entrar em
contacto com os nossos desertos, com as nossas feridas. Nós devemos
comportar-nos com confiança. Temos que nos reconhecer como ‘chamados’.
Conhecer o dom de Deus
É o Senhor que toma a iniciativa de vir ao encontro de nós. Ele chega
antes ao poço. Quando a samaritana entra em cena, Jesus já está lá,
sentado. Quanto maior é o nosso desejo, o de Deus é sempre maior.
Citando um trecho do ‘Livro dos abraços’ do escritor uruguaio Eduardo Galiano, Padre Tolentino completou:
A nossa oração sobe até Deus
Com novas citações, de Tolstoj a Fernando Pessoa, a meditação sugeriu os participantes a “desaprender”:
“Desaprendamos para aprender aquela graça que tornará possível a vida
dentro de nós. Desaprendamos para aprender até que ponto Deus é a nossa
raiz, o nosso tempo, a nossa atenção, a nossa contemplação, a nossa
companhia, a nossa palavra, o nosso segredo, a nossa escuta, a nossa
água e a nossa sede”.
Concluindo, Pe. Tolentino exortou os participantes:
“Digamos no nosso íntimo, com toda a verdade de que somos capazes:
‘Senhor, estou aqui à espera do nada’, ‘Senhor, estou aqui à espera do
nada’. Ou seja, estou apenas à espera de ti, à espera do que és, à
espera do que me dás’.
VATICAN NEWS
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