(RV) A fé de
Maria ilumina uma sociedade cega perante aqueles que são excluídos
“pelo orgulho ofuscante de poucos" - disse o Papa na homilia da Missa,
celebrada em espanhol no fim da tarde desta segunda-feira (12/12), na
Basílica de São Pedro, por ocasião da Festa de Nossa Senhora de
Guadalupe, Padroeira das Américas e Filipinas. Participaram na missa
muitos grupos de fiéis das comunidades latino-americanas e filipinas
presentes em Roma, bem como numerosos cardeais, bispos, religiosos e
membros da Cúria Romana. A todos Francisco pediu de imitar Maria e olhar
para os outros com o seu próprio olhar.
«Feliz aquela que acreditou», disse o Papa iniciando a homilia,
lembrando a frase proferida por Isabel ao receber Maria na sua casa. As
palavras dirigidas à prima grávida indicavam que “Deus nos visitou nas
entranhas de uma mulher”; e segundo Francisco, aquela cena simboliza
todo o dinamismo da visita de Deus. “E Maria é tão ‘ícone’ do discípulo
que sabe acompanhar e encorajar nossa fé e nossa esperança nas várias
etapas de nossa vida”.
Relacionando a centralidade de Maria com o mundo actual, o Pontífice
lamentou esta nossa sociedade cada vez mais dividida e fragmentada, que
deixa de lado especialmente aqueles que não obtêm o mínimo para viver
com dignidade... “Uma sociedade que se vangloria dos seus progressos
científicos e tecnológicos, mas que é cega e insensível aos milhares de
excluídos pelo orgulho de poucos”.
Continente americano acostumado ao desencanto dos jovens
“Como é difícil exaltar a sociedade do bem-estar quando vemos que o
nosso querido continente americano se acostumou a ver milhares e
milhares de crianças e jovens de rua mendigar e dormir em estações de
trem e metrô, ou em qualquer lugar que encontram. Crianças e jovens
explorados em trabalhos clandestinos ou obrigados a procurar trocados
nas esquinas, limpando vidros dos carros e sentindo que não há lugar
para eles no ‘trem da vida’.
Na homilia do Papa tiveram lugar também as famílias que vêem seus
filhos vítimas dos mercados da morte; os idosos que vivem na solidão, as
mulheres cuja dignidade é ferida pela precariedade, as meninas e
adolescentes submetidas a múltiplas formas de violência, dentro e fora
de suas casas.
“São situações que podem nos paralisar, nos fazer duvidar de nossa fé
e de nossa esperança, de nosso modo de enfrentar o futuro”, ressalvou o
Pontífice. “Diante disso, devemos repetir com Isabel: «Feliz aquela que
acreditou»”.
Nunca seremos órfãos
“Celebrar Maria é primeiramente fazer memória da mãe, pois não somos e
nunca seremos um povo órfão. Onde há uma mãe, existe presença e gosto
de casa; os irmãos podem até brigar, mas a unidade sempre triunfará”.
Francisco revelou que sempre lhe impressionou ver as mães
batalhadoras da América Latina que, muitas vezes, crescem seus filhos
sozinhas. “E assim é Maria connosco!”.
“Celebrar a memória de Maria é afirmar, contra qualquer previsão, que
no coração e na vida de nossos povos bate um forte sentido de
esperança, não obstante as condições de vida, que parecem ofuscá-la”.
Maria amou porque acreditou, concluiu Francisco.
“Celebrar sua memória é celebrar que nós, como ela, somos convidados a
sair ao encontro com os outros: “Não tenhamos medo de sair e olhar os
outros com o seu olhar, um olhar que nos torna irmãos. Como Juan Diego,
sabemos que ela é nossa mãe, que estamos sob a sua sombra e protecção,
que ela é a fonte de nossa alegria e que estamos envoltos em seus
braços”. (bs/cm)
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