13 dezembro, 2016

Francisco: Maria luz numa sociedade cega perante os excluídos



(RV) A fé de Maria ilumina uma sociedade cega perante aqueles que são excluídos “pelo orgulho ofuscante de poucos" - disse o Papa na homilia da Missa, celebrada em espanhol no fim da tarde desta segunda-feira (12/12), na Basílica de São Pedro, por ocasião da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas e Filipinas. Participaram na missa muitos grupos de fiéis das comunidades latino-americanas e filipinas presentes em Roma, bem como numerosos cardeais, bispos, religiosos e membros da Cúria Romana. A todos Francisco pediu de imitar Maria e olhar para os outros com o seu próprio olhar.

«Feliz aquela que acreditou», disse o Papa iniciando a homilia, lembrando a frase proferida por Isabel ao receber Maria na sua casa. As palavras dirigidas à prima grávida indicavam que “Deus nos visitou nas entranhas de uma mulher”; e segundo Francisco, aquela cena simboliza todo o dinamismo da visita de Deus. “E Maria é tão ‘ícone’ do discípulo que sabe acompanhar e encorajar nossa fé e nossa esperança nas várias etapas de nossa vida”.

Relacionando a centralidade de Maria com o mundo actual, o Pontífice lamentou esta nossa sociedade cada vez mais dividida e fragmentada, que deixa de lado especialmente aqueles que não obtêm o mínimo para viver com dignidade... “Uma sociedade que se vangloria dos seus progressos científicos e tecnológicos, mas que é cega e insensível aos milhares de excluídos pelo orgulho de poucos”.

Continente americano acostumado ao desencanto dos jovens

“Como é difícil exaltar a sociedade do bem-estar quando vemos que o nosso querido continente americano se acostumou a ver milhares e milhares de crianças e jovens de rua mendigar e dormir em estações de trem e metrô, ou em qualquer lugar que encontram. Crianças e jovens explorados em trabalhos clandestinos ou obrigados a procurar trocados nas esquinas, limpando vidros dos carros e sentindo que não há lugar para eles no ‘trem da vida’.

Na homilia do Papa tiveram lugar também as famílias que vêem seus filhos vítimas dos mercados da morte; os idosos que vivem na solidão, as mulheres cuja dignidade é ferida pela precariedade, as meninas e adolescentes submetidas a múltiplas formas de violência, dentro e fora de suas casas.

“São situações que podem nos paralisar, nos fazer duvidar de nossa fé e de nossa esperança, de nosso modo de enfrentar o futuro”, ressalvou o Pontífice. “Diante disso, devemos repetir com Isabel: «Feliz aquela que acreditou»”.

Nunca seremos órfãos

“Celebrar Maria é primeiramente fazer memória da mãe, pois não somos e nunca seremos um povo órfão. Onde há uma mãe, existe presença e gosto de casa; os irmãos podem até brigar, mas a unidade sempre triunfará”.

Francisco revelou que sempre lhe impressionou ver as mães batalhadoras da América Latina que, muitas vezes, crescem seus filhos sozinhas. “E assim é Maria connosco!”.

“Celebrar a memória de Maria é afirmar, contra qualquer previsão, que no coração e na vida de nossos povos bate um forte sentido de esperança, não obstante as condições de vida, que parecem ofuscá-la”.

Maria amou porque acreditou, concluiu Francisco.

“Celebrar sua memória é celebrar que nós, como ela, somos convidados a sair ao encontro com os outros: “Não tenhamos medo de sair e olhar os outros com o seu olhar, um olhar que nos torna irmãos. Como Juan Diego, sabemos que ela é nossa mãe, que estamos sob a sua sombra e protecção, que ela é a fonte de nossa alegria e que estamos envoltos em seus braços”. (bs/cm)

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