(RV) “Todos os dias, sobretudo na oração, faço-me próximo do
povo de Aleppo”: foi o que disse o Papa Francisco no Angelus
deste domingo, em mais um veemente apelo em favor do povo Sírio, cujo
país médio-oriental se encontra há mais de cinco anos martirizado por
uma guerra que não dá sinais de arrefecimento. Referindo-se à cidade do
norte da Síria, palco de sangrentos combates nas últimas semanas
marcados por ulterior recrudescimento, o Santo Padre exortou:
“Não
devemos esquecer que Aleppo é uma cidade, que ali se encontram pessoas:
famílias, crianças, anciãos, pessoas enfermas... Infelizmente, nos
acostumamos com a guerra, a destruição, mas não devemos esquecer que a
Síria é um país repleto de história, de cultura, de fé. Não podemos
aceitar que isso seja negado pela guerra, que é um cúmulo de
arbitrariedades e de falsidades.”
Para a Síria uma escolha de civilidade
“Apelo ao compromisso de todos, a fim de que seja feita uma escolha
de civilidade: não à destruição, sim à paz, sim ao povo de Aleppo e da
Síria”, acrescentou Francisco.
O pensamento do Santo Padre voltou-se também para os atentados que
nas últimas horas atingiram vários lugares, entre os quais o Cairo, no
Egito, onde um atentado numa igreja próxima da Catedral copta de São
Marcos deixou dezenas de mortos e feridos.
“Rezemos também pelas vítimas de alguns ferozes ataques terroristas
que nas últimas horas atingiram vários países. Os lugares são vários,
mas, infelizmente, única é a violência que semeia morte e destruição, e
única é também a resposta: fé em Deus e unidade nos valores humanos e
civis.”
Francisco quis expressar sua particular proximidade ao Papa Tawadros
II – Papa da Igreja copta ortodoxa e Patriarca de Alexandria, no Egito -
e a sua comunidade, rezando pelos mortos e pelos feridos.
Alegrai-vos sempre no Senhor
Na alocução que precedeu a oração mariana, o Papa Francisco ressaltou
que o terceiro Domingo do Advento é caracterizado pelo convite de São
Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor, repito-vos, alegrai-vos, o Senhor
está próximo” (Fil 4,4-5).
“A alegria à qual nos exorta o Apóstolo não é uma alegria superficial
ou puramente emotiva, e nem mesmo mundana ou a alegria do consumismo.
Não, não é esta, mas se trata de uma alegria mais autêntica, da qual
somos chamados a redescobrir o sabor. O sabor da verdadeira alegria.”
É uma alegria que toca o íntimo do nosso ser, continuou o Pontífice,
“enquanto esperamos Jesus que veio trazer a salvação ao mundo, o Messias
prometido, nascido em Belém, nascido da Virgem Maria”.
Referindo-se à liturgia dominical, o Papa disse-nos que esta nos dá o
contexto adequado para compreender e viver esta alegria. A salvação é
finalmente anunciada: “Sede fortes! – diz o profeta Isaías (35,4). “Eis
que o vosso Deus vem para salvar-vos. E imediatamente tudo se
transforma: o deserto floresce, a consolação e a alegria invadem os
corações”.
Salvação trazida por Jesus alcança o ser humano em sua totalidade e o regenera
Estes sinais anunciados pelo Profeta como reveladores da salvação já presente, se realizam em Jesus, frisou o Santo Padre.
“Não são palavras, são fatos que demonstram como a salvação, trazida
por Jesus, alcança o ser humano em sua totalidade e o regenera. Deus
entrou na história para libertar-nos da escravidão do pecado; colocou
sua tenda no meio de nós para partilhar a nossa existência, curar as
nossas chagas, enfaixar nossas feridas e doar-nos a vida nova. A alegria
é o fruto dessa intervenção de salvação e do amor de Deus.”
“Somos chamados a deixar-nos envolver pelo sentimento de júbilo. Este
júbilo, esta alegria”, acrescentou Francisco fazendo uma oportuna e
pertinente apreciação:
“Um cristão que não é alegre, falta-lhe alguma coisa ou não é
cristão. A alegria do coração, a alegria interior nos leva adiante e nos
dá a coragem. O Senhor vem, vem em nossa vida como libertador, vem
libertar-nos de todas as escravidões internas e externas.”
Reconhecer, nos mais fracos e necessitados, o Senhor que vem
O Papa lembrou ainda que o Natal está próximo, que os sinais de seu
aproximar-se são evidentes em nossas ruas, em nossas casas, acrescentado
que “estes sinais convidam-nos a acolher o Senhor que sempre vem e bate
à nossa porta, bate em nosso coração, para vir próximo a nós,
convidam-nos a reconhecer Seus passos entre aqueles irmãos que nos
passam ao lado, especialmente os mais fracos e necessitados”.
Por fim, exortou-nos a partilhar esta alegria com os outros, dando
conforto e esperança aos pobres, aos doentes, às pessoas sozinhas e
infelizes. (RL)
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