(RV) Deixemo-nos transformar por Jesus, deixemo-lo
"recriar-nos" libertando-nos dos nossos pecados – disse o Papa
Francisco na manhã desta segunda-feira (05/12) durante a missa na Casa
Santa Marta, centrada no tema da renovação que traz o Senhor
Na sua homilia, o Pontífice comentou a primeira leitura, que fala da
renovação: O deserto florescerá, os cegos verão e os surdos ouvirão.
Tudo será transformado para melhor, pois era isso que o povo de Israel
esperava do Messias.
Ao falar do Evangelho do dia, Papa observou que Jesus curava e
mostrava “um caminho de mudança para as pessoas e, por isso, elas o
seguiam”. Não o seguiam porque estava na moda, mas porque a sua mensagem
chegava ao coração. E depois, acrescentou, “o povo via que Jesus curava
e o seguia também por isso”:
“Mas o que Jesus fazia não era somente uma mudança da feiura à
beleza, do ruim ao bom: Jesus fez uma transformação. Não é um problema
de fazer bonito, não é problema de maquiagem, de magia: transformou tudo
a partir de dentro! Transformou com uma recriação: Deus tinha criado o
mundo; o homem caiu no pecado; chega Jesus para recriar o mundo. E esta é
a mensagem; a mensagem do Evangelho, que se vê claramente: antes de
curar aquele homem, Jesus perdoa os seus pecados. Vai ali, à recriação,
recria aquele homem de pecador a homem justo: o recria como justo. O faz
de novo, totalmente novo. E isso escandaliza: isso escandaliza!”
Por isso, afirmou o Papa, os Doutores da Lei “começam a discutir, a
murmurar” porque não podiam aceitar a sua autoridade. Jesus, disse, “é
capaz de fazer de nós – pecadores – pessoas novas”. É algo – observou –
que Madalena intuiu, ela que era saudável, mas tinha uma chaga dentro:
era uma pecadora. Intuiu, portanto, que “aquele homem podia curar não o
corpo, mas a chaga da alma. Podia recriá-la! E para isso precisa de
tanta fé”.
Dizer os pecados “com nome e sobrenome”
O Papa afirmou: “Que o Senhor nos ajude a preparar-nos para o Natal
com grande fé”, porque precisa de muita fé “para a cura da alma, para a
cura existencial, para a recriação que Jesus nos traz”. “Ser
transformados – reiterou – é a graça da saúde que Jesus traz”. E precisa
vencer a tentação de dizer “eu não consigo”, mas, ao invés, se deixar
“transformar”, “recriar” por Jesus. Coragem é a palavra de Deus:
“Todos somos pecadores, mas olhe para a raiz do seu pecado e que o
Senhor vá lá no fundo e a recrie; e aquela raiz amarga florescerá,
florescerá com as obras de justiça; e você será um novo homem, uma nova
mulher. Mas se nós ‘Sim, sim, tenho pecados; vou, me confesso… duas
palavrinhas e depois continuo assim…’, não me deixo recriar pelo Senhor.
Somente duas pinceladas de verniz e acreditamos que com isso encerro o
caso! Não! Os meus pecados, com nome e sobrenome: eu fiz isso, isso,
isso e me vergonho dentro do coração! E abro o coração: ‘Senhor, o único
que tenho. Recria-me! Recria-me!’ E assim teremos a coragem de ir com
fé verdadeira – como pedimos – em direcção ao Natal”.
O Papa acrescentou que sempre “tentamos esconder a gravidade dos
nossos pecados”. Por exemplo, quando não damos importância à inveja.
Esta, ao invés, disse Francisco, “é algo terrível! É como o veneno da
serpente” que tenta destruir o outro!”.
Deixemos que o Senhor cancele os nossos pecados
O Papa então encorajou a “ir a fundo nos nossos pecados e depois
entregá-los ao Senhor, para que Ele os cancele e nos ajude a ir avante
com fé”. E destacou este trecho, contando uma anedota de um Santo,
“estudioso da Bíblia”, que tinha um carácter muito forte, com momentos
de ira e que pedia perdão ao Senhor, fazendo muitas renúncias e
penitências:
“O Santo, falando com o Senhor, dizia: ‘Está feliz, Senhor?’ – ‘Não!’
– ‘Mas dei tudo!’ – ‘Não, falta alguma coisa…’. E este pobre homem
fazia outra penitência, outra oração, outra vigília: ‘Dei-lhe isto
Senhor. Está bom assim?’ – ‘Não! Falta alguma coisa…’ – ‘Mas o que
falta, Senhor?’ – ‘Faltam os seus pecados! Dê-me os seus pecados!’. Isso
é o que o Senhor pede a nós hoje: ‘Coragem! Dê-me os seus pecados e eu
farei de você um novo homem e uma nova mulher’. Que o Senhor nos dê fé
para acreditar nisto”.
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