Papa: Cidade do Vaticano (RV) – “Temos que lutar sempre
contra as tentações que nos afastam do serviço ao próximo”, advertiu
Francisco na homilia da manhã desta terça-feira, 11, na Casa Santa
Marta. “Como Jesus, nós devemos servir sem pedir nada”, frisou,
reiterando que “não podemos nos apropriar do serviço transformando-o
numa estrutura de poder”.
Jesus fala da força da fé, mas logo
explica que ela deve ser enquadrada no serviço. Baseando-se no Evangelho
do dia, que fala do “servo inútil”, ele explicou o que significa
‘servir’, para um cristão. Lucas narra sobre um servo que depois de
trabalhar todo o dia, chega em casa e ao invés de descansar, deve ainda
servir o seu senhor:
“Poderíamos aconselhar este
servo a ir ao sindicato e pedir conselhos sobre o que fazer com um
patrão assim, mas Jesus disse: ‘Não, o serviço é total, porque Ele fez
caminho com sua atitude de serviço; Ele é o servo. Ele se apresenta como
o servo, aquele que veio para servir e não para ser servido’: é o que
diz, claramente. Assim, o Senhor mostra aos apóstolos o caminho daqueles
que receberam a fé, a fé que faz milagres. Sim, esta fé fará milagres
no caminho do serviço”.
"O cristão que recebe o dom da fé no
Batismo e não leva este dom ao serviço torna-se um cristão sem força,
sem fecundidade", prosseguiu o Pontífice, que advertiu: “Ele acaba sendo
um cristão para si mesmo, que serve somente a si; e sua vida fica
triste, pois as coisas grandes do Senhor são ‘esquecidas’”.
Depois, o Papa lembrou que o Senhor
nos disse que “o serviço é único”, que não se pode servir dois patrões:
“ou Deus, ou as riquezas”. Prosseguindo, alertou que às vezes nos
afastamos deste comportamento de serviço ‘por preguiça’. E ela, afirmou,
“amornece o coração; a preguiça nos torna cômodos”.
“A preguiça nos distancia do
serviço e nos leva à comodidade, ao egoísmo. Muitos cristãos são assim
... são bons, vão à missa, mas o serviço até aqui... Mas quando eu digo
serviço, eu quero dizer tudo: o serviço a Deus na adoração, na oração,
no louvor; serviço ao próximo, quando devo fazê-lo; serviço até o fim,
porque Jesus nisso é bom: “Assim também vocês, quando tiverem feito tudo
o que lhes foi ordenado, digam: Somos servos inúteis'. O serviço é
gratuito, sem pedir nada em troca. "
A outra possibilidade de ficar longe
da atitude de serviço, acrescentou, “é um pouco ser o dono da situação”.
Algo, lembrou o Papa, que “aconteceu com os discípulos, como os
próprios apóstolos”: “Eles afastavam as pessoas para que não
perturbassem Jesus, mas era para ser mais confortável para eles”. Os
discípulos, prosseguiu, “tomavam posse do tempo do Senhor, tomavam posse
do poder do Senhor: eles O queriam para o seu grupo”. E então, disse
ainda Francisco, “tomavam posse desta atitude de serviço,
transformando-a em uma estrutura de poder”. Algo que se entende olhando
para a discussão sobre quem era o maior entre Tiago e João. E a mãe,
acrescentou Francisco, que “vai pedir ao Senhor que um de seus filhos
seja o primeiro-ministro e outro ministro da economia, com todo o poder
em suas mãos”. Isso acontece também hoje, quando “os cristãos se tornam
patrões: patrões da fé, patrões do Reino, patrões da Salvação". Isso,
observou, “acontece, é uma tentação para todos os cristãos”. Em vez
disso, “o Senhor nos fala de serviço: serviço na humildade”, “serviço na
esperança, e esta é a alegria do serviço cristão”:
“Na vida temos que lutar
muito contra as tentações que procuram nos distanciar desta atitude de
serviço. A preguiça leva à comodidade: ao serviço à metade; a tomar o
controle da situação, e assim de servo tornar-se patrão, que leva à
soberbia, ao orgulho, a tratar mal as pessoas, de se sentir importante,
porque eu sou cristão, eu tenho a salvação”, e tantas coisas assim. O
Senhor nos dê essas duas grandes graças: a humildade no serviço, a fim
de sermos capazes de dizer: 'Somos servos inúteis - mas servos - até o
fim’; e a esperança na espera da manifestação, quando o Senhor virá até
nós”. (CM-SP)
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