Em seminário, participantes propõem as bases éticas para a defesa da dignidade de toda pessoa humana, em vista do bem comum.
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O Santo Padre iniciou as suas atividades na manhã desta sexta-feira
(27/9) recebendo na Sala Clementina, no Vaticano, 180 participantes no
Seminário sobre “O bem comum na era digital”, promovido pelo Pontifício
Conselho para a Cultura e o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento
Humano Integra
Sobre este encontro, Francisco disse:
“Os notáveis desenvolvimentos no campo tecnológico, especialmente
sobre a inteligência artificial, apresentam implicações cada vez mais
significativas em todos os setores da ação humana. Por isso, acho mais
do que necessários debates abertos e concretos sobre este tema.”
Progresso para todos
Neste sentido, o Papa retomou a sua Encíclica sobre o cuidado da casa
comum, fazendo um paralelismo básico: o benefício indiscutível, que a
humanidade pode obter do progresso tecnológico, dependerá da extensão em
que as novas possibilidades disponíveis serão usadas de maneira ética.
Esta correlação, frisou Francisco, exige que, de par e passo com o imenso
progresso tecnológico em andamento, haja um desenvolvimento adequado de
responsabilidades e valores.
Caso contrário, afirmou o Papa, um paradigma dominante - o "paradigma
tecnocrático" -, que promete um progresso descontrolado e ilimitado,
será imposto e, talvez, até poderá eliminar outros fatores de
desenvolvimento, com enormes perigos para toda a humanidade.
Com este encontro sobre “O bem comum na era digital”, disse
Francisco, “contribuem para prevenir esta deriva e tornar concreta
a cultura do encontro e do diálogo interdisciplinar”. E acrescentou:
“Muitos de vós são representantes importantes em vários campos
das ciências aplicadas. Por isso, expressam, não apenas competências
diferentes, mas também sensibilidades diferentes e várias abordagens
diante das problemáticas que, fenómenos como a inteligência artificial,
abrem nos setores de sua pertinência.”
Uso invasivo da tecnologia
O objetivo principal que vocês visam, disse o Pontífice, é bastante
ambicioso: obter critérios e parâmetros éticos básicos, capazes de
fornecer orientações sobre as respostas aos problemas éticos suscitados
pelo uso invasivo das tecnologias. A humanidade enfrenta desafios
inauditos e novos, que exigem novas soluções. E ponderou:
“Logo, aprecio o facto de não terem medo de declinar, às
vezes até de maneira precisa, certos princípios morais, tanto teóricos
quanto práticos, no contexto do "bem comum". O bem comum é um bem ao
qual todos os homens aspiram.”
Soluções urgentes
As problemáticas a que vocês são chamados a analisar, neste encontro,
explicou o Papa, dizem respeito a toda a humanidade e exigem soluções
urgentes.
Aqui, Francisco citou alguns exemplos práticos e atuais como a
“robótica”, instrumento eficiente, utilizado para aumentar os lucros,
mas que priva milhares de pessoas do trabalho, colocando em risco a sua
dignidade. Outro exemplo são as vantagens e riscos associados ao uso da
“inteligência artificial” em grandes questões sociais. Por isso, o
progresso tecnológico exige uma reinterpretação em termos éticos. E o
Papa afirmou:
Francisco concluiu o seu pronunciamento expressando com o seu apreço pelas
bases éticas propostas pelos participantes, que garantem a defesa da
dignidade de toda pessoa humana, em vista do bem comum.
Um mundo melhor, disse por fim o Papa, só será possível graças ao
progresso tecnológico, se, porém, for acompanhado por uma ética baseada
na visão do bem comum, na ética de liberdade, na responsabilidade e
fraternidade, capaz de promover o pleno desenvolvimento das pessoas em
relação à criação.
VN
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