01 setembro, 2019

Papa no Angelus: Jesus convida à generosidade desinteressada

 
 
 
"A retribuição humana, de facto, distorce geralmente os relacionamentos, torna-os comerciais, introduzindo o interesse pessoal numa relação que deveria ser generosa e gratuita. Em vez disto, Jesus convida à generosidade desinteressada, para abrir-nos o caminho em direção a uma alegria muito maior, a alegria de ser partícipes do próprio amor de Deus que nos espera, a todos, no banquete celeste."
 
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

O Papa Francisco, que começou o Angelus desculpando-se pelo atraso - explica ter ficado 25 minutos preso no elevador do Palácio Apostólico - destacou na sua alocução a generosidade desinteressada e a humildade indicada por Jesus.

A sua reflexão foi inspirada no Evangelho de São Lucas que narra a presença de Jesus num banquete na casa de um chefe dos fariseu. “Jesus olha e observa como os convidados correm, apressam-se para conseguirem os primeiros lugares”. 

Afirmar superioridade sobre os outros

“É um comportamento bastante difundido, também nos nossos dias – observou o Papa -  e não somente quando somos convidados para um almoço: habitualmente busca-se o primeiro lugar para afirmar uma suposta superioridade sobre os outros.” 

Comportamento prejudicial à comunidade

Mas esta corrida pela busca dos primeiros lugares faz mal à comunidade – afirma Francisco - quer civil como eclesial, porque destrói a fraternidade:

Todos conhecemos estas pessoas: galgadores, que sempre se agarram para subir, subir. Fazem mal à fraternidade, prejudicam a fraternidade".

Diante desta cena, Jesus conta duas breves parábolas. O Papa recorda então a primeira, dirigida a uma pessoa convidada para um banquete, e é advertida para não ocupar o primeiro lugar, sob o risco de ser convidada pelo dono da festa a cedê-lo para outra pessoa e ocupar o último, o que seria uma vergonha. 

Escolher o último lugar

“Em vez disto – recordou o Santo Padre -  Jesus ensina-nos a termos a atitude oposta, a senta-mo-nos no último lugar: “Portanto, não devemos procurar por iniciativa própria a atenção e a consideração de outros, mas sim deixarmos que sejam os outros a dá-la”:

“Jesus mostra-nos sempre o caminho da humildade – devemos aprender o caminho da humildade! -  porque é o mais autêntico, o que também permite ter relações autênticas. A verdadeira humildade, não a humildade fingida, aquela que no Piemonte se chama a “mugna quacia”, não, aquela, não. A verdadeira humildade.” 

A generosidade humilde é cristã

Já na segunda parábola – continuou Francisco - Jesus dirige-se ao dono da festa, sugerindo que na escolha dos convidados, chame os “pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir"”:

“Também aqui, Jesus vai completamente contracorrente, manifestando como sempre a lógica de Deus Pai. E também acrescenta a chave para interpretar o seu discurso. E qual é a chave? Uma promessa: se fizeres assim,  “receberás a recompensa na ressurreição dos justos". Isto significa que aquele que assim se comportar, terá a recompensa divina, muito superior à retribuição humana que se espera: eu te faço este favor esperando que tu me faça outro. Não, isto não é cristão. A generosidade humilde é cristã”. 

Jesus convida à generosidade desinteressada

O Papa observa que a retribuição humana, “geralmente distorce os relacionamentos, torna-os comerciais, introduzindo o interesse pessoal numa relação que deveria ser generosa e gratuita”.
 
Jesus, por sua vez, “convida à generosidade desinteressada, para abrir-nos o caminho na direção para uma alegria muito maior, a alegria de ser partícipes do próprio amor de Deus que nos espera, a todos nós, no banquete celeste”.

Ao concluir, Francisco pediu a Virgem Maria que “nos ajude a reconhecer-nos como somos, isto é, pequenos; e a nos alegrarmos em dar, sem esperar recompensa”.

VN

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