"A retribuição
humana, de facto, distorce geralmente os relacionamentos, torna-os
comerciais, introduzindo o interesse pessoal numa relação que deveria
ser generosa e gratuita. Em vez disto, Jesus convida à generosidade
desinteressada, para abrir-nos o caminho em direção a uma alegria muito
maior, a alegria de ser partícipes do próprio amor de Deus que nos
espera, a todos, no banquete celeste."
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco, que começou o Angelus desculpando-se pelo
atraso - explica ter ficado 25 minutos preso no elevador do Palácio
Apostólico - destacou na sua alocução a generosidade desinteressada e a
humildade indicada por Jesus.
A sua reflexão foi inspirada no Evangelho de São Lucas que narra a
presença de Jesus num banquete na casa de um chefe dos fariseu. “Jesus
olha e observa como os convidados correm, apressam-se para conseguirem os
primeiros lugares”.
Afirmar superioridade sobre os outros
“É um comportamento bastante difundido, também nos nossos dias –
observou o Papa - e não somente quando somos convidados para um almoço:
habitualmente busca-se o primeiro lugar para afirmar uma suposta
superioridade sobre os outros.”
Comportamento prejudicial à comunidade
Mas esta corrida pela busca dos primeiros lugares faz mal à
comunidade – afirma Francisco - quer civil como eclesial, porque destrói
a fraternidade:
“Todos conhecemos estas pessoas: galgadores, que sempre se agarram
para subir, subir. Fazem mal à fraternidade, prejudicam a
fraternidade".
Diante desta cena, Jesus conta duas breves parábolas. O Papa recorda
então a primeira, dirigida a uma pessoa convidada para um banquete, e é
advertida para não ocupar o primeiro lugar, sob o risco de ser convidada
pelo dono da festa a cedê-lo para outra pessoa e ocupar o último,
o que seria uma vergonha.
Escolher o último lugar
“Em vez disto – recordou o Santo Padre - Jesus ensina-nos a termos a
atitude oposta, a senta-mo-nos no último lugar: “Portanto, não devemos procurar por iniciativa própria a atenção e a consideração de outros, mas
sim deixarmos que sejam os outros a dá-la”:
“Jesus mostra-nos sempre o caminho da humildade – devemos aprender
o caminho da humildade! - porque é o mais autêntico, o que também
permite ter relações autênticas. A verdadeira humildade, não a humildade
fingida, aquela que no Piemonte se chama a “mugna quacia”, não, aquela,
não. A verdadeira humildade.”
A generosidade humilde é cristã
Já na segunda parábola – continuou Francisco - Jesus dirige-se ao
dono da festa, sugerindo que na escolha dos convidados, chame os
“pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque
eles não te podem retribuir"”:
“Também aqui, Jesus vai completamente contracorrente, manifestando
como sempre a lógica de Deus Pai. E também acrescenta a chave para
interpretar o seu discurso. E qual é a chave? Uma promessa: se
fizeres assim, “receberás a recompensa na ressurreição dos justos".
Isto significa que aquele que assim se comportar, terá a recompensa
divina, muito superior à retribuição humana que se espera: eu te faço
este favor esperando que tu me faça outro. Não, isto não é cristão. A
generosidade humilde é cristã”.
Jesus convida à generosidade desinteressada
O Papa observa que a retribuição humana, “geralmente distorce os
relacionamentos, torna-os comerciais, introduzindo o interesse pessoal numa relação que deveria ser generosa e gratuita”.
Jesus, por sua vez, “convida à generosidade desinteressada, para
abrir-nos o caminho na direção para uma alegria muito maior, a alegria de
ser partícipes do próprio amor de Deus que nos espera, a todos nós, no
banquete celeste”.
Ao concluir, Francisco pediu a Virgem Maria que “nos ajude a
reconhecer-nos como somos, isto é, pequenos; e a nos alegrarmos em dar,
sem esperar recompensa”.
VN
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