28 setembro, 2019

Itinerários da Fé - Um património que continua a “surpreender"

Sabe qual foi a imagem perante a qual se ajoelharam Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, antes de partirem à descoberta da Índia e do Brasil? Ou qual a primeira igreja de Lisboa a ser iluminada, no seu interior, a gás? As respostas podem ser encontradas neste texto, mas também nos ‘Itinerários da Fé’, uma proposta que já juntou centenas de participantes, em percursos pela cidade. O Jornal VOZ DA VERDADE acompanhou o ‘Percurso da Baixa’ e conta como foi.

À hora marcada (10h00 em ponto), do passado dia 21 de setembro, na entrada da Sé de Lisboa, começam a juntar-se os cerca de 30 inscritos para o ‘Percurso da Baixa’ dos ‘Itinerários da Fé’, uma proposta do Turismo > Patriarcado de Lisboa e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que contraria a máxima de que “ninguém é turista na sua terra”. Ali, perante o templo que começou a ser construído em 1149, a guia Joana Macedo dava as primeiras indicações para que todos pudessem aproveitar a visita e deixarem-se “surpreender” no percurso, ao longo da manhã de sábado. “Quem vem, nem sempre é uma pessoa religiosa. Tentamos passar algumas histórias curiosas, alguma explicação que as pessoas não sabem e algumas curiosidades das próprias igrejas. Encontro muitas pessoas, nas visitas, que me dizem: ‘Sou de Lisboa, mas nunca entrei nestas igrejas’”, aponta ao Jornal VOZ DA VERDADE Joana Macedo que tem testemunhado um crescente interesse nesta iniciativa. “É raro o mês em que não fazemos a visita por falta de quórum. Cada vez mais, as pessoas querem conhecer o país, mas também o seu património religioso. Mesmo que não sejamos pessoas de devoção, todos crescemos nesta cultura católica que nos rodeia, todos os dias”, justifica esta guia turística.

Percursos que contam a história
Atenta às explicações da guia esteve Rute Gonçalves, que tinha curiosidade por “conhecer melhor, com alguma especificidade, as várias igrejas”. “Espero encontrar uma visão, embora genérica, incidente em alguns aspetos da antiguidade, da construção, da piedade popular”, desejava esta paroquiana de São Domingos, na Baixa, que participou, pela primeira vez, nesta iniciativa.
O pouco tempo que o grupo se demorava em cada templo nem sempre preenchia o desejo de todos, mas as curiosidades partilhadas acrescentavam vontade para voltar, com maior tranquilidade, aos templos que continuam a “deslumbrar” quem os visita, garante a guia Joana Macedo. “As pessoas deslumbram-se muito com o interior dos templos, ao reconhecerem os artistas excelentes que nós tínhamos: Pedro Alexandrino, Machado de Castro. Os edifícios são como nós: com rugas e cicatrizes, mas isso conta a história deles, assim como conta a nossa. Ao longo deste percurso, descobrimos histórias muito curiosas sobre algumas peças e vamos também aprendendo história, a história de Portugal que está subjacente a algumas datas importantes destes edifícios”, refere. Exemplo disso é a imagem quinhentista de Nossa Senhora do Restelo – diante da qual rezaram os navegadores Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral antes de partirem em viagem –, que pode ser encontrada na Igreja da Conceição Velha, recentemente restaurada.
À medida que se percorrem as ruas da Baixa, os sinais da presença cristã não se escondem. A visita continua, mais acima, na Igreja da Madalena, um templo que resistiu a um incêndio, um terramoto e até a um ciclone. No seu interior, entre pinturas de Pedro Alexandrino e esculturas de Machado de Castro – que viveu naquela freguesia –, contam-se histórias curiosas como a presença de uma imagem de São Sebastião que não era para estar ali. No seu percurso, rumo a uma outra igreja da cidade, que era feito num carro de bois, os animais pararam à porta da Igreja da Madalena e esse sinal foi interpretado como um desígnio para que a imagem de São Sebastião ali permanecesse. Até hoje.
  • Leia a reportagem completa na edição do dia 29 de setembro do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.
Patriarcado de Lisboa

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