12 setembro, 2019

Papa: as raízes de um carisma não são um museu, mas garantia de futuro



Na audiência que conclui o Capítulo Geral da Ordem dos Agostinianos Descalços, Francisco encontrou cerca de 200 religiosos nesta quinta-feira (12). O Pontífice lembrou a longa tradição iniciada por Santo Agostinho, um "gigante do pensamento cristão", que deve ser amada e aprofundada: “para ser moderno, alguém pode acreditar que é necessário separar-se das raízes. E esta é a ruína, porque as raízes são a garantia do futuro. Não é um museu, é a verdadeira tradição. Nunca se deve separar das raízes para ser moderno! Aquilo é um suicídio".

No primeiro compromisso desta quinta-feira (12), na Sala Clementina, o Papa Francisco recebeu representantes da Ordem dos Agostinianos Descalços. Já na sexta-feira (12), será a vez dos irmãos da Ordem de Santo Agostinho, “irmãos, cunhados, amigos, inimigos, nunca se sabe”, brincou o Pontífice. No discurso de hoje, Francisco fez menção aos dois encontros e aos carismas que conduzem a Igreja “através do testemunho do grande Pastor e Doutor de Hipona”.

Os cerca de 200 Agostinianos Descalços que estiveram na audiência com o Papa estão a participar no Capítulo Geral da Ordem que termina nesta quinta-feira (12), em Roma, por ocasião do Ano do Carisma. Durante três dias, os religiosos participaram em atividades como visitas a ex-conventos na capital romana e momentos de reflexão sobre a Ordem. 

A inspiração do gigante do pensamento cristão

No discurso, Francisco começou por lembrar Santo Agostinho (354-430), filósofo, escritor, bispo e teólogo cristão africano, através do carisma da busca da santidade através da vida comunitária. “Santo Agostinho é uma daquelas figuras que fazem sentir o encanto de Deus”, disse o Papa, que acrescentou:
“ Ele é um gigante do pensamento cristão, mas o Senhor ldoou-lhe também a vocação e a missão da fraternidade. Não se fechou no horizonte embora vasto da sua mente, mas permaneceu aberto ao povo de Deus e aos irmãos que partilhavam com ele a vida comunitária. ”
Ser moderno é valorizar as raízes
 
Com a longa tradição religiosa iniciada por Santo Agostinho, o Papa enfatizou as próprias raízes dos Agostinianos Descalços, que devem ser sempre “amadas e aprofundadas”, acompanhadas de humildade e caridade, através da “oração e do discernimento comunitário, seiva vital” da presença da Ordem hoje na Igreja e no mundo.
“ Para ser moderno, alguém pode acreditar que é necessário separar-se das raízes. E essa é a ruína, porque as raízes, a tradição, são a garantia do futuro. Não é um museu, é a verdadeira tradição, e as raízes são a tradição que te levam à seiva para fazer crescer a árvore, florescer, frutificar. Nunca se separar das raízes para ser moderno! Aquilo é um suicídio. ”
O Papa então abordou o carisma dos Agostinianos Descalços, na qualidade de “descalços”, que expressa a exigência de pobreza e de confiança na Providência Divina. “Vejo que todos usam calçados”, brincou Francisco aos participantes da audiência, ao enaltecer, na verdade, a importância do carisma de ter “a alma descalça”. 

Humildade é a chave para abrir os corações

A escolha do quarto voto que caracteriza os religiosos, o da humildade, para dar ênfase aos trabalhos de 2019 foi elogiada pelo Pontífice, pois “é uma chave que abre o coração de Deus e os corações dos homens”. Além disso, acrescentou o Papa, “abre os vossos próprios corações para serem fiéis ao carisma de origem, a sentirem-se sempre discípulos-missionários, disponíveis aos  chamamentos de Deus”. A humildade, lembrou Francisco, “não se pode pegar na mão, é ou não é, é um dom”.

O Papa finalizou o discurso falando da importância do Ano do Carisma dos Agostinianos Descalços:
“ Não é algo autorreferencial. Não, não deve ser isto, autorreferencial de uma comunidade viva que quer caminhar com Cristo vivo. Isto é aquilo que vocês querem: não é autorreferencialidade, mas o desejo de caminhar em Cristo, Cristo vivo. ”
RV

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