21 fevereiro, 2019

Papa Francisco: escutemos o grito dos pequenos que pedem justiça



O Papa Francisco abriu os trabalhos do encontro sobre "A proteção dos menores na Igreja" que começou nesta quinta-feira (21), no Vaticano, e vai até domingo. A introdução do Pontífice aconteceu logo depois da oração inicial, quando desejou "não simples e evidentes condenações, mas medidas concretas e eficazes a serem realizadas".

Andressa Collet – Cidade do Vaticano 

No início da manhã desta quinta-feira (21), o Papa Francisco introduziu os trabalhos do primeiro dia do encontro inédito sobre a proteção dos menores dentro da Igreja. A conferência reúne, pela primeira vez, os presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo no Vaticano para abordar o tema.

O Papa começou o encontro afirmando o seu forte desejo de responsabilidade em interpelar Patriarcas, Cardeais, Arcebispos, Bispos, Superiores Religiosos e Responsáveis “diante da chaga dos abusos sexuais perpetrados por homens da Igreja em detrimento dos menores”. Todos juntos e “com a docilidade” da condução do Espírito Santo, “escutemos o grito dos pequenos que pedem justiça”.
“ O santo Povo de Deus nos vê e espera de nós não simples mas evidentes condenações, 

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Responsabilidade pastoral e eclesial

O Pontífice pediu que o encontro tivesse a incumbência do “peso da responsabilidade pastoral e eclesial que nos obriga a discutir juntos, de maneira sinodal, sincera e aprofundada sobre como enfrentar esse mal que aflige a Igreja e a humanidade. O santo Povo de Deus nos vê e espera de nós não simples e evidentes condenações, mas medidas concretas e eficazes a serem realizadas. São necessárias medidas concretas”, acrescentou Francisco.

O Papa enalteceu, então, que o percurso de todos através deste encontro, no Vaticano, começa “armados da fé e do espírito de máxima parresia, de coragem e concretude”.

Como subsídio, disse Francisco, “permito-me partilhar convosco alguns importantes critérios, formulados pelas diversas Comissões e Conferências Episcopais que chegaram até nós. São orientações para ajudar a nossa reflexão que serão entregues a vós. São um simples ponto de partida que veio de vós e volta para vós”. 

Transformar o mal em consciência e purificação

O Papa Francisco, então, agradeceu a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, a Congregação para a Doutrina da Fé e os membros da Comissão Organizadora pelo “excelente trabalho desenvolvido com grande empenho em preparar este encontro”. E o Pontífice finalizou:
“ Peço ao Espírito Santo para nos sustentar nestes dias e de ajudar-nos a transformar este mal numa oportunidade de consciência e de purificação. A Virgem Maria nos ilumine para procurar curar as graves feridas que o escândalo da pedofilia causou tanto nos pequenos como nos crentes. ”
Ouvir as vozes das vítimas

Os trabalhos do encontro iniciaram com uma oração, durante a qual alguns testemunhos de vítimas foram partilhados – de quem não pôde falar ou foi silenciado. Os presentes na conferência elevaram as próprias orações para que cada um pudesse ouvir aqueles que “foram violados e feridos, maltratados e abusados”, reconhecendo “as feridas do povo para que seja feita justiça”.

“Não consentir que os nossos fracassos”, foi a oração ao Senhor, “façam os homens perderem a fé em ti e no teu Evangelho”. Um longo e denso silêncio seguiu a uma das experiências que foram lidas:

“Ninguém me escutava; nem os meus pais, nem os meus amigos, nem depois as autoridades eclesiásticas. Não me escutavam e nem mesmo o meu choro. E eu questiono: porquê? E questiono-me, porque Deus não me escutou?”

VN

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