Theodore Edgar McCarrick
(2010 Getty Images)
A Congregação para
a Doutrina da Fé comunicou que o ex-cardeal McCarrick foi declarado
culpado por uso impróprio da Confissão e violação do Sexto Mandamento do
Decálogo com menores e adultos, com o agravante do abuso de poder. O
Papa reconheceu a natureza definitiva desta decisão.
Cidade do Vaticano
O ex-cardeal estadunidense Theodore Edgar McCarrik, de 88 anos,
foi demitido do estado clerical. A notícia foi divulgada por meio de um
Comunicado da Congregação para a Doutrina da Fé. Segue o texto:
“Na data de 11 de janeiro de 2019, o Congresso da Congregação para a Doutrina da Fé
emitiu o decreto conclusivo do processo penal a Theodore Edgar
McCarrick, Arcebispo emérito de Washington, D.C., com o qual o acusado
foi declarado culpado dos seguintes delitos perpetrados como clérigo:
uso impróprio da Confissão e violação do Sexto Mandamento do Decálogo
com menores e adultos, com o agravante do abuso de poder, portanto
foi-lhe imposta como sentença a demissão do estado clerical. No dia 13
de fevereiro de 2019 a Sessão ordinária (Feria IV) da Congregação para a
Doutrina da Fé examinou os argumentos apresentados no recurso do
recorrente e decidiu confirmar o decreto do Congresso. Tal decisão foi
notificada a Theodore Edgar McCarrick em data de 15 de fevereiro de
2019. O Santo Padre reconheceu a natureza definitiva, segundo as normas
de lei, desta decisão, que torna o caso res iudicata, ou seja, não sujeita a ulterior recurso”.
Reconstrução do caso
Em setembro de 2017, a arquidiocese de Nova York assinalou à Santa Sé
as acusações feitas por um homem contra McCarrick de que fora abusado
por ele nos anos 1970 quando era adolescente. O Papa determina uma
investigação prévia aprofundada, realizada pela arquidiocese de Nova
York e na conclusão da qual a relativa documentação foi transmitida à
Congregação para a Doutrina da fé. Em junho de 2018 o cardeal secretário
de estado Pietro Parolin, sob indicação do Papa Francisco, comunica a
McCarrick que não poderá mais exercer publicamente o seu ministério
sacerdotal. Enquanto isto, no decorrer das investigações vêm à tona
graves indícios. Em 28 de julho de 2018 o Papa aceita sua renúncia do
Colégio Cardinalício, ordenando-lhe a proibição do exercício do
ministério público e a obrigação de levar uma vida de oração e de
penitência.
A 6 de outubro de 2018, um comunicado da Santa Sé afirma
incisivamente: “Tanto abusos como a cobertura dos mesmos não poderão
mais ser tolerados e um diverso tratamento para os Bispos que os
cometeram ou lhes acobertaram representa, de facto, uma forma de
clericalismo que não será mais aceite”. E reitera o “premente convite”
do Papa Francisco “para unir as forças para combater a grave
chaga dos abusos dentro e fora da Igreja e para prevenir que tais crimes
sejam ulteriormente perpetrados prejudicando os mais inocentes e os
mais vulneráveis da sociedade”. Com vista ao encontro no Vaticano dos
presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo de 21 a 24 de
fevereiro de 2019, sublinha por fim as palavras do Papa na Carta ao Povo
de Deus: “A única maneira de respondermos a esse mal que prejudicou
tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos envolve e corresponde a
todos como Povo de Deus. Esta consciência de nos sentirmos parte de um
povo e de uma história comum permitir-nos-á reconhecer os nossos pecados e
erros do passado com uma abertura penitencial capaz de se deixar renovar
a partir de dentro” (20 de agosto de 2018).
Biografia
Theodore Edgar McCarrick, de 88 anos, nasceu em Nova York a 7 de julho
de 1930. Foi ordenado sacerdote pelo cardeal Francis Splellman há 60
anos atrás, em 31 de maio de 1958. Nomeado bispo auxiliar de Nova York
em maio de 1977 por São Paulo VI. São João Paulo II nomeou-o bispo de
Metuchen (1981-1986),arcebispo metropolita de Newark (1986-2000),
arcebispo metropolita de Washington (2000-2006), criou-o cardeal a 21
de fevereiro de 2001. McCarrick participou no conclave de 2005 que
elegeu o Papa Bento XVI.
Trabalhou muito na promoção dos direitos humanos e da liberdade
religiosa e com esta meta teve missões em numerosos países como a
China, Cuba, Vietnam, Filipinas, Corea do Sul, Ruanda, Burundi e nos
países da Europa do Leste. Em novembro de 1996 foi convidado para
trabalhar no comité consultivo da Secretaria de Estado para a liberdade
religiosa no exterior, e em julho de 1999 foi nomeado membro da Comissão
dos Estados Unidos para a liberdade religiosa internacional, instituída
no ano anterior por lei federal.
O Papa Francisco aceitou sua renúncia como cardeal em 28 de julho de 2018. Hoje foi o anúncio da sua demissão do estado clerical.
RV
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