12 fevereiro, 2019

Papa em Nápoles: acolher o outro, com o suporte das faculdades de Teologia

 
 Papa Francisco no meio da multidão que o acolheu em Nápoles, em 2015
 
Com o anúncio da visita do Papa Francisco a Nápoles em 21 de junho para participar num encontro na Faculdade da Itália Meridional, o Card. Crescenzio Sepe, arcebispo local que vai acolher o Santo Padre na cidade, analisa o compromisso pontifício como uma ocasião para ajudar na construção de uma sociedade fundada no diálogo e no acolhimento.
 
Giada Aquilino, Andressa Collet – Cidade do Vaticano

O Cardeal Crescenzio Sepe, arcebispo de Nápoles e grão-chanceler da Pontifícia Faculdade Teológica da Itália Meridional (seção São Luís) que irá receber o Papa em junho, acredita que a visita de Francisco será uma ocasião para reafirmar a vontade de vencer o mal com o bem. “Acolher para não rejeitar, acolher para evitar todos aqueles aspetos de organizações mafiosas que procuram escravizar o outro”, disse Dom Sepe, uma resposta “muito forte, muito ativa” para superar “esta camorra que ancora reina”. 

A esperança e as visitas a Nápoles

Na primeira vez que Francisco esteve em Nápoles, em 21 de março de 2015, o Papa já tinha exortado a não se deixar “roubar a esperança”, reagindo com “firmeza” às organizações que “se aproveitam e corrompem os jovens, os pobres e os fracos, com o cínico comércio da droga e dos crimes”. Já o encontro confirmado para 21 de junho que contará com a presença do Papa será sobre “A teologia após a Veritatis Gaudium no contexto do Mediterrâneo”.

O cardeal comenta que o tema do evento surgiu inclusive da visita de Bento XVI a Nápoles, quando encontrou os líderes de todas as religiões com vista ao diálogo inter-religioso e intercultural. Ao desenvolver a temática pensou-se em “como elaborar uma teologia”  neste contexto e dentro do espaço do Mediterrâneo, com os representantes das Igrejas para iniciar um diálogo comum. 

Teologia do acolhimento

Na Constituição Apostólica Veritatis Gaudium, o Papa Francisco vê as ciências eclesiásticas como “uma rede de relações e de diálogo” entre o povo de Deus e a família humana. Dom Sepe aborda os aspetos que poderão surgir da participação do Pontífice no evento sobre a teologia.

“Um dos objetivos desse convénio é enfatizar a necessidade de uma teologia que, como ensina o Papa Francisco, seja em diálogo com todos aqueles que primam pelo cuidado da Casa Comum, o nosso planeta e, em especial, o Mediterrâneo." 
“ Um outro aspeto muito importante será aquele da construção de uma sociedade fundada no acolhimento, isto é, com respeito às diferenças, olhando os outros sem preconceitos, de modo que a religião possa levar a superar todos aqueles muros, de todos aqueles preconceitos que até hoje, infelizmente, impediram um diálogo sincero, franco e de respeito a todos os outros. ”
Cristianismo é religião de acolhimento
 
Em uma realidade como a cidade de Nápoles, capital da região italiana da Campania e marcada por migração, tráfico e criminalidade, Dom Sepe contextualiza a Constituição Apostólica e o seu “fazer rede” entre as universidades eclesiásticas do ponto de vista social e humano.

“A propósito de ‘fazer rede’, estamos a procurar envolver não somente as duas secções da nossa Faculdade da Itália Meridional, mas também os contextos considerados leigos, constituídos de tantas universidades e de um movimento cultural que se faz sempre mais forte porque se sente empenhado em derrubar esses muros que até agora impediram um diálogo verdadeiro. Sabemos que o Papa prega todos os dias o acolhimento, sempre com  respeito pelas leis e segundo as normas. 
“ O convénio quer dar esse suporte para que o conceito de acolhimento possa ser ainda mais claro, aprofundado, transformando-se parte de uma cultura não somente humana, mas também teológica, espiritual que é fundamental para nós. O cristianismo é uma religião de acolhimento. Acolher o outro é parte constitutiva da mensagem que Cristo nos deixou. ”
 VN

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