(RV) Ao
fim da manhã desta sexta-feira 20 de fevereiro o Papa Francisco recebeu
em audiência na Sala Clementina do Vaticano os bispos da Ucrânia em
visita “ad limina”. O Papa deu-lhes antes de tudo as boas vindas
sublinhando que o Sucessor de Pedro tem sempre acolhido com fraterna
amizade os irmãos ucranianos, herdeiros dos santos apóstolos dos Eslavos
Cirilo e Metódio, e agora sobretudo consciente dos seus problemas que
não são poucos e também dos seus programas pastorais.
Vós vos encontrais, disse o Papa,
numa situação de grave conflito, que se está a arrastar por vários meses
e continua a ceifar muitas vidas inocentes e a causar grandes
sofrimentos a toda a população:
“Estou particularmente próximo de vós
com a minha oração pelos defuntos e por todos os que são afetados pela
violência, com a súplica ao Senhor para que conceda quanto antes a paz, e
com o apelo a todas as partes envolvidas para que sejam aplicados os
acordos alcançados em conjunto e seja respeitado o princípio da
legalidade internacional; em particular, para que seja observada a
trégua assinada recentemente e sejam implementados todos os outros
empenhos, que são a condição para prevenir a retomada das hostilidades”.
O que é importante, continuou o Papa,
é escutar atentamente as vozes que vêm do território e das pessoas
confiadas aos vossos cuidados pastorais, pois escutando as pessoas vós
vos fareis porta-vozes dos seus valores, tais como o encontro, a
colaboração, a capacidade de resolver as disputas, em poucas palavras, a
busca da paz possível. E acrescentou de estar consciente de que a nível
local eles são herdeiros de duas tradições, a tradição oriental e a
latina, que se têm entendido entre si.
O Papa prosseguiu reafirmando que a
nível nacional, eles têm o direito de expor, mesmo em comum, o seu
pensamento sobre os seus destinos, não para promover uma concreta acção
política, mas para indicar e reiterar os valores que compõem o elemento
coagulante da sociedade ucraniana, perseverando na busca incansável da
harmonia e do bem comum, mesmo diante das graves e complexas
dificuldades, acrescentando:
“A Santa Sé está ao vosso lado, mesmo
junto das instâncias internacionais, para fazer compreender os vossos
direitos, as vossas preocupações e os justos valores evangélicos que vos
animam”.
Em seguida o Papa falou da crise no
País com as suas graves repercussões na vida das famílias e na formação
de um pequeno grupo de pessoas que se enriqueceram enormemente em
prejuízo da grande maioria de cidadãos. A presença de tal fenómeno,
observou o Papa, inquinou grandemente também as instituições públicas e
gerou uma iníqua pobreza numa terra generosa e rica. E o Papa encorajou
os bispos a não se cansarem de fazer presentes aos seus concidadãos as
considerações sugeridas pela fé e a responsabilidade pastoral, e a se
fazerem defensores das famílias, dos pobres, os desempregados, os
fracos, os doentes, os idosos reformados, os inválidos, e as pessoas
deslocadas. E encorajou-os igualmente a renovar o seu zelo pelo anúncio
do Evangelho na sociedade ucraniana e a apoiar-se mutuamente com
colaboração efectiva, o que significa, explicou, rezar e trabalhar pelas
vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, e significa ao mesmo tempo
cuidar atentamente a formação do clero, dos religiosos e religiosas.
O Papa Francisco também enfrentou o
tema das relações entre eles como episcopado ucraniano. É indiscutível,
disse, o facto de que ambos os episcopados, (o dos grego-católicos e o
dos latinos) são católicos e ucranianos, mesmo na diversidade de ritos e
tradições, mas faz mal ouvir que existem incompreensões entre eles,
disse o Papa, exortando mais uma vez os bispos a encontrarem vias de se
acolherem mutuamente e apoiar-se generosamente nas suas fadigas
apostólicas. E sublinhou que “a unidade do episcopado, para além de dar
um bom testemunho ao povo de Deus, dá também um inestimável serviço à
Nação tanto no plano cultural e social como, sobretudo, no plano
espiritual:
“Tanto como grego-católicos que como
Latinos sois filhos da Igreja Católica que, também nas vossas terras por
um longo período de tempo, foi submetida ao martírio. O sangue das
vossas testemunhas seja mais uma razão que vos leve a uma verdadeira
comunhão dos corações. Enraizados na comunhão católica, podereis levar
para frente com fé e paciência também o empenho ecuménico, para que
cresçam a unidade e a cooperação entre todos os cristãos”.
Em seguida o Papa Francisco
recomendou aos bispos ucranianos maior presença e proximidade para com
os sacerdotes e os fiéis, e a serem particularmente atentos e atenciosos
para com os pobres, que ele considerou a sua riqueza. . E terminou
invocando a intercessão dos tantos mártires e santos ucranianos. “Que a
materna protecção da Virgem Maria vos tranquilize no vosso caminho ao
encontro de Cristo que vem, fortalecendo os vossos propósitos de
comunhão e de colaboração”, concluiu o Papa, pedindo orações e
concedendo uma especial Bênção Apostólica a eles, as Comunidades e ao
querido povo da Ucrânia (BS).
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