14 junho, 2014

Papa Francisco foi entrevistado pelo jornalista português Henrique Cymerman – TV portuguesa SIC e jornal espanhol “La Vanguardia” publicaram


(RV) A SIC canal privado da televisão portuguesa transmitiu ontem, dia 13 de junho em horário nobre, a entrevista do Papa Francisco, conduzida durante mais de uma hora, pelo premiado jornalista português Henrique Cymerman (acesso à conversa integral, constante abaixo). A entrevista foi feita na passada segunda-feira no Vaticano, e foi também publicada nesta sexta-feira pelo jornal espanhol “La Vanguardia”. As perguntas e respostas foram formuladas em espanhol e versaram os grandes temas da Igreja e do Mundo.

A paz no Médio Oriente, a Igreja ao serviço dos pobres, a reforma do Vaticano e ainda a renúncia de Bento XVI, Pio XII e o Holocausto e as deficiências do atual sistema económico mundial foram alguns dos temas abordados pelo Papa Francisco nesta entrevista.

O Papa disse querer ser recordado "como uma boa pessoa que fez o possível". E sobre o Campeonato do Mundo de Futebol, iniciado nesta quinta-feira, brincou dizendo que "os brasileiros pediram-me para ser neutro e eu mantenho a minha palavra".

A violência em nome de Deus "é uma contradição" que "não corresponde ao nosso tempo" – afirmou ainda o Santo Padre no início da entrevista. O Papa Francisco denunciou o fundamentalismo, risco presente em todas as religiões e deteve-se sobre "a invocação em favor da paz" com os presidentes israelita e palestiniano.

O Papa chamou a atenção para a questão do antissemitismo dizendo que "é uma loucura negar o Holocausto". E afirmou que "não se pode ser um verdadeiro cristão, se não se reconhece as próprias raízes judaicas". Quanto ao Papa Pio XII, o Papa diz-se certo de que a abertura dos Arquivos fará muitas clarificações. "Sobre o pobre Pio XII" – observou – devemos recordar que antes era visto como o grande defensor dos judeus". E recorda que escondeu muitos deles nos conventos de Roma e de outras cidades italianas, e também na residência de verão de Castel Gandolfo."Não quero dizer que Pio XII não tenha cometido erros, eu mesmo cometo muitos – admitiu o Santo Padre – porém, o seu papel deve ser lido no contexto da sua época."

De seguida, o Papa respondeu a uma pergunta sobre a Igreja e os pobres. A "pobreza e a humildade – recorda – estão no centro do Evangelho", em "sentido teológico, sociológico". "Não se pode compreender o Evangelho – reitera – sem pobreza, que, porém, se deve distinguir do pauperismo." Os bispos, acrescenta, devem ser "servidores" e não "príncipes".


O Santo Padre referiu ainda que na Europa existem 75 milhões de jovens desempregados e essa "é uma barbárie". O Papa denuncia que "para manter um sistema económico que já não está de pé" se deve-se "fazer a guerra" e visto que "não se pode fazer a III Guerra Mundial", então "fazem-se guerras locais". Assim, adverte-se, "fabricam-se e vendem-se armas" para "sanar os balanços das economias idólatras".

O Bispo de Roma falou também nesta entrevista, sobre a reforma da Cúria. "Não tenho nenhuma iluminação, não tenho nenhum projeto pessoal", afirma: "O que estou fazendo é realizar aquilo que os cardeais refletiram nas Congregações Gerais antes do Conclave".

A propósito do facto de ser entendido como um pároco do povo, reconhece que a dimensão do pároco é a que mais responde à sua vocação. "Servir ao povo – ressalta é algo que vem de dentro de mim." "Mas – observa – sinto-me também Papa. Ajuda-me a fazer as coisas com seriedade." "Não se deve brincar de Papa-pároco – acrescentou –, seria imaturo. Quando chega um chefe de Estado, devo recebê-lo com a dignidade e o protocolo que merece. É verdade que tenho meus problemas com o protocolo, porém, deve ser respeitado."

Por outro lado, Francisco admitiu ainda que não quer barreiras quando se trata de encontrar e estar com as pessoas. "Sei que alguma coisa me pode acontecer – reconhece –, porém tudo está nas mãos de Deus." O Santo Padre recorda nesta entrevista que no Brasil haviam-lhe preparado um papamóvel fechado. "Porém – afirmou – não posso cumprimentar um povo e dizer-lhe que o amo estando dentro de uma lata de sardinhas", "isso para mim é um muro". (RS)


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Para acesso à entrevista na íntegra, clique aqui
 

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