(RV) Decorre
nos jardins do Vaticano o encontro de imploração da paz, reunindo com o
Papa Francisco os Presidentes Shimon Peres, de Israel, e Mahmoud Abbas,
da Palestina, com as respectivas delegações.
A ‘Invocação pela paz’ com os presidentes de Israel e da Palestina teve início pouco pelas 19h00, com momentos de oração de judeus, cristãos e muçulmanos. Shimon Peres foi o primeiro a chegar ao Vaticano, pelas 18.15, seguindo-se Mahmoud Abbas, uns 15-20 minutos depois, sendo recebidos pelo Papa à entrada da Casa de Santa Marta, onde reside. Além dos três responsáveis está presente o patriarca ecuménico de Constantinopla (da Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, seguindo todos no mesmo automóvel até aos Jardins do Vaticano, onde decorre a celebração.
A invocação começou com uma peça musical e a explicação, em inglês, da forma como a mesma vai decorrer, respeitando a ordem cronológica das três religiões: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Os momentos de oração são em hebraico, inglês, italiano e árabe, com pedidos de perdão e de paz. No caso da Igreja Católica, são lidos textos de São João Paulo II e São Francisco de Assis.
Quase a concluir, interveio o Papa Francisco, concluindo com palavras de oração, invocando a paz. Eis o texto integral da sua intervenção:
Senhores Presidentes,
Com grande alegria vos saúdo e desejo oferecer, a vós e às ilustres Delegações que vos acompanham, a mesma recepção calorosa que me reservastes na minha peregrinação há pouco concluída à Terra Santa. Agradeço-vos do fundo do coração por terdes aceite o meu convite para vir aqui a fim de, juntos, implorarmos de Deus o dom da paz. Espero que este encontro seja o início de um caminho novo à procura do que une para superar aquilo que divide. E agradeço a Vossa Santidade, venerado Irmão Bartolomeu, por estar aqui comigo a acolher estes hóspedes ilustres. A sua participação é um grande dom, um apoio precioso, e é testemunho do caminho que estamos a fazer, como cristãos, rumo à plena unidade.
A vossa presença, Senhores Presidentes, é um grande sinal de fraternidade, que realizais como filhos de Abraão, e expressão concreta de confiança em Deus, Senhor da história, que hoje nos contempla como irmãos um do outro e deseja conduzir-nos pelos seus caminhos. Este nosso encontro de imploração da paz para a Terra Santa, o Médio Oriente e o mundo inteiro é acompanhado pela oração de muitíssimas pessoas, pertencentes a diferentes culturas, pátrias, línguas e religiões: pessoas que rezaram por este encontro e agora estão unidas connosco na mesma imploração. É um encontro que responde ao ardente desejo de quantos anelam pela paz e sonham um mundo onde os homens e as mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou como inimigos.
Senhores Presidentes, o mundo é uma herança que recebemos dos nossos antepassados, mas é também um empréstimo dos nossos filhos: filhos que estão cansados e desfalecidos pelos conflitos e desejosos de alcançar a aurora da paz; filhos que nos pedem para derrubar os muros da inimizade e percorrer a estrada do diálogo e da paz a fim de que triunfem o amor e a amizade. Muitos, demasiados destes filhos caíram vítimas inocentes da guerra e da violência, plantas arrancadas em pleno vigor. É nosso dever fazer com que o seu sacrifício não seja em vão. A sua memória infunda em nós a coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a todo o custo, a paciência de tecer dia após dia a trama cada vez mais robusta de uma convivência respeitosa e pacífica, para a glória de Deus e o bem de todos.
Para fazer a paz é preciso coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não à briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.
A história ensina-nos que as nossas meras forças não bastam. Já mais de uma vez estivemos perto da paz, mas o maligno, com diversos meios, conseguiu impedi-la. Por isso estamos aqui, porque sabemos e acreditamos que necessitamos da ajuda de Deus. Não renunciamos às nossas responsabilidades, mas invocamos a Deus como acto de suprema responsabilidade perante as nossas consciências e diante dos nossos povos. Ouvimos uma chamada e devemos responder: a chamada a romper a espiral do ódio e da violência, a rompê-la com uma única palavra: «irmão». Mas, para dizer esta palavra, devemos todos levantar os olhos ao Céu e reconhecer-nos filhos de um único Pai. A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa:
Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica!
Tentámos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»! Infundi em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama da esperança para efectuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Amen.
Foram então convidados a expressar a respetiva invocação da paz os dois Presidentes. Todos se saudaram no final, com um aperto de mão. Antes de abandonar o local, cada os presidentes plantam uma oliveira, símbolo da paz.
Cada uma das três Delegações (Católica, Judaica e Palestiniana) inclui cerca de 20 pessoas. Entre os convidados do Papa Francisco encontram-se nomeadamente, para além do Patriarca Bartolomeu de Constantinopla: - o Metropolita Ortodoxo Emmanuel (do séquito daquele); - o cardeal Parolin, Secretário de Estado; - o cardeal Roger Etchegaray; - o cardeal Peter Turkson, Presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz; - o cardeal Jean-Louis Tauran, Presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso; - o cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais; - o cardeal Kurt Koch, Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos; - o Rabino Abraham Skorka e o Imã Omar Abboud – argentinos, amigos do Papa, que o acompanharam na sua recente viagem à Terra Santa; - o padre Pierbattista Pizzaballa, Custódio da Terra Santa; - o Patriarca Latino de Jerusalém, Fouad Twall.
Participa também o Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, Teófilo, convidado das duas Delegações da Terra Santa.
A ‘Invocação pela paz’ com os presidentes de Israel e da Palestina teve início pouco pelas 19h00, com momentos de oração de judeus, cristãos e muçulmanos. Shimon Peres foi o primeiro a chegar ao Vaticano, pelas 18.15, seguindo-se Mahmoud Abbas, uns 15-20 minutos depois, sendo recebidos pelo Papa à entrada da Casa de Santa Marta, onde reside. Além dos três responsáveis está presente o patriarca ecuménico de Constantinopla (da Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, seguindo todos no mesmo automóvel até aos Jardins do Vaticano, onde decorre a celebração.
A invocação começou com uma peça musical e a explicação, em inglês, da forma como a mesma vai decorrer, respeitando a ordem cronológica das três religiões: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Os momentos de oração são em hebraico, inglês, italiano e árabe, com pedidos de perdão e de paz. No caso da Igreja Católica, são lidos textos de São João Paulo II e São Francisco de Assis.
Quase a concluir, interveio o Papa Francisco, concluindo com palavras de oração, invocando a paz. Eis o texto integral da sua intervenção:
Senhores Presidentes,
Com grande alegria vos saúdo e desejo oferecer, a vós e às ilustres Delegações que vos acompanham, a mesma recepção calorosa que me reservastes na minha peregrinação há pouco concluída à Terra Santa. Agradeço-vos do fundo do coração por terdes aceite o meu convite para vir aqui a fim de, juntos, implorarmos de Deus o dom da paz. Espero que este encontro seja o início de um caminho novo à procura do que une para superar aquilo que divide. E agradeço a Vossa Santidade, venerado Irmão Bartolomeu, por estar aqui comigo a acolher estes hóspedes ilustres. A sua participação é um grande dom, um apoio precioso, e é testemunho do caminho que estamos a fazer, como cristãos, rumo à plena unidade.
A vossa presença, Senhores Presidentes, é um grande sinal de fraternidade, que realizais como filhos de Abraão, e expressão concreta de confiança em Deus, Senhor da história, que hoje nos contempla como irmãos um do outro e deseja conduzir-nos pelos seus caminhos. Este nosso encontro de imploração da paz para a Terra Santa, o Médio Oriente e o mundo inteiro é acompanhado pela oração de muitíssimas pessoas, pertencentes a diferentes culturas, pátrias, línguas e religiões: pessoas que rezaram por este encontro e agora estão unidas connosco na mesma imploração. É um encontro que responde ao ardente desejo de quantos anelam pela paz e sonham um mundo onde os homens e as mulheres possam viver como irmãos e não como adversários ou como inimigos.
Senhores Presidentes, o mundo é uma herança que recebemos dos nossos antepassados, mas é também um empréstimo dos nossos filhos: filhos que estão cansados e desfalecidos pelos conflitos e desejosos de alcançar a aurora da paz; filhos que nos pedem para derrubar os muros da inimizade e percorrer a estrada do diálogo e da paz a fim de que triunfem o amor e a amizade. Muitos, demasiados destes filhos caíram vítimas inocentes da guerra e da violência, plantas arrancadas em pleno vigor. É nosso dever fazer com que o seu sacrifício não seja em vão. A sua memória infunda em nós a coragem da paz, a força de perseverar no diálogo a todo o custo, a paciência de tecer dia após dia a trama cada vez mais robusta de uma convivência respeitosa e pacífica, para a glória de Deus e o bem de todos.
Para fazer a paz é preciso coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não à briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.
A história ensina-nos que as nossas meras forças não bastam. Já mais de uma vez estivemos perto da paz, mas o maligno, com diversos meios, conseguiu impedi-la. Por isso estamos aqui, porque sabemos e acreditamos que necessitamos da ajuda de Deus. Não renunciamos às nossas responsabilidades, mas invocamos a Deus como acto de suprema responsabilidade perante as nossas consciências e diante dos nossos povos. Ouvimos uma chamada e devemos responder: a chamada a romper a espiral do ódio e da violência, a rompê-la com uma única palavra: «irmão». Mas, para dizer esta palavra, devemos todos levantar os olhos ao Céu e reconhecer-nos filhos de um único Pai. A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa:
Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica!
Tentámos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»! Infundi em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama da esperança para efectuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Amen.
Foram então convidados a expressar a respetiva invocação da paz os dois Presidentes. Todos se saudaram no final, com um aperto de mão. Antes de abandonar o local, cada os presidentes plantam uma oliveira, símbolo da paz.
Cada uma das três Delegações (Católica, Judaica e Palestiniana) inclui cerca de 20 pessoas. Entre os convidados do Papa Francisco encontram-se nomeadamente, para além do Patriarca Bartolomeu de Constantinopla: - o Metropolita Ortodoxo Emmanuel (do séquito daquele); - o cardeal Parolin, Secretário de Estado; - o cardeal Roger Etchegaray; - o cardeal Peter Turkson, Presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz; - o cardeal Jean-Louis Tauran, Presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso; - o cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais; - o cardeal Kurt Koch, Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos; - o Rabino Abraham Skorka e o Imã Omar Abboud – argentinos, amigos do Papa, que o acompanharam na sua recente viagem à Terra Santa; - o padre Pierbattista Pizzaballa, Custódio da Terra Santa; - o Patriarca Latino de Jerusalém, Fouad Twall.
Participa também o Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, Teófilo, convidado das duas Delegações da Terra Santa.
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