(RV) Na
manhã desta quarta-feira, o Papa Francisco recebeu em audiência, às 9
horas, na Aula Paulo VI, os delegados da Confederação Italiana dos
Sindicatos dos Trabalhadores, CISL. A seguir deslocou-se à Praça de São
Pedro para a Audiência Geral da semana. Cerca de 20 mil pessoas se
encontravam ali para ouvir as suas palavras nesta última audiência geral
antes da pausa de verão – as audiências serão retomadas no próximo mês
de agosto.
Na sua catequese, Francisco falou da esperança cristã como força dos
mártires. Partiu do Evangelho de São Mateus em que Jesus dá a entender
aos doze apóstolos que os mandava como ovelhas para o meio dos lobos.
Recomendou-lhes que fossem prudentes como as serpentes e simples como as
pombas. Sereis odiados por causa de mim – disse-lhes - mas quem tiver
perseverado até ao fim será salvo.
Os cristãos amam, mas nem sempre são amados. A profissão da fé
acontece, em grau maior ou menor - num clima de hostilidade. E Jesus
leva os seus discípulos desde o início a ter isto presente – disse o
Papa, que adiantou:
“Os cristãos são, portanto, homens e mulheres “contracorrente”. E
isto, a seu ver, é normal, pois que o mundo está marcado pelo pecado que
se manifesta em várias formas de egoísmos e injustiças. Quem segue
Cristo caminha em direcção contrária, fiel à lógica do Reino de Deus que
é a lógica da esperança e se traduz no estilo de vida baseado nas
indicações de Jesus”.
E a primeira indicação é a pobreza, a humildade, o desapego das
riquezas e do poder, mas sobretudo desapego de si próprio. “O cristão
caminha pelas vias deste mundo com o essencial para a caminhada, mas com
o coração repleto de amor. Sem foices, sem grilhões, sem armas: “como
cordeiros no meio de lobos”. “
“Nunca fazer uso da violência. Para derrotar o mal, não se
pode adoptar os métodos do mal. A única força do cristão é o Evangelho.
Em tempos de dificuldades, é preciso acreditar que Jesus está perante
nós, e não cessa de acompanhar os seus discípulos”
O Papa continuou dizendo que a perseguição não está em contradição
com o Evangelho, pois que se perseguiram Jesus, como podemos esperar que
não o façam também connosco. Mas – recomendou - nunca desesperar,
porque Deus vê e, seguramente protege e resgata.
Os cristãos devem, por isso, estar sempre do lado oposto de quem
pratica injustiças, oprime os outros, age de forma mafiosa, tece tramas
obscuras, faz lucro na pele dos desesperados… Os cristãos não podem ser
“perseguidores, mas perseguidos, não arrogantes, mas simples, não
vendedores de fumo, mas submetidos à verdade, não impostores, mas
honestos. “
“Esta fidelidade ao estilo de Jesus” – que é um estilo de esperança – continuou Francisco - foi designado pelos primeiros cristãos com o belo nome de “martírio” que significa “testemunho”,
um nome que perfuma de discipulado. Com efeito, os mártires não vivem,
nem aceitam os sofrimentos em nome próprio, mas por fidelidade ao
Evangelho.
Mas o martírio – advertiu o Papa – não é o ideal supremo da vida
cristã, pois acima dele está a caridade, como aliás recorda São Paulo no
hino à caridade:
“Mesmo que eu desse em pasto todos os meus bens e entregasse o meu
corpo para me vangloriar, mas não praticasse a caridade, de não
serviria.”
“Repugna aos cristãos a ideia de que aqueles que provocam
atendados suicidas possam ser chamados “mártires”: não há nada nos seus
objectivos que possa ser comparado com as atitudes dos filhos de Deus.”
O Papa disse ainda que lendo as histórias de tantos mártires de ontem
e de hoje – que são mais numerosos do que os mártires dos primeiros
tempos – ficamos admirados perante a força com que enfrentaram as
provações.
“Esta força é sinal da grande esperança que os animava: a
esperança certa de que nada e ninguém os podia separar do amor de Deus
que nos foi dada em Jesus Cristo.”
E Francisco concluiu pedindo a Deus para nos dar sempre a força de
sermos seus testemunhos e nos permita viver na esperança cristã,
sobretudo no martírio escondido de fazer bem e com amor os nossos
deveres de cada dia.
(DA)
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