20 maio, 2016

Luz para o drama da separação

Refazer a vida, centrada na oração, nos sacramentos e na comunidade. O grupo de oração ‘Na Tua Luz’, que nasceu na paróquia de Cristo Rei de Algés, em Oeiras, é vocacionado para mulheres que, após a separação, não voltaram a casar e pretende oferecer um tempo de “reconciliação, pacificação e cura”.

 
“Foi um processo complicado e, mesmo após uma segunda tentativa para recuperar o casamento, as coisas não correram bem”. Para Adélia Matos, o divórcio, que aconteceu em 2004, foi um momento de um “grande dilema”, com perguntas como: “‘Separo-me? Não me separo? É um sacramento, prometi para a vida toda...’. A estas interrogações, vou tentando procurar uma resposta”, garante Adélia, que foi encontrar no grupo “uma paz interior, a possibilidade de caminhar mais na fé, criar novas amizades, estar mais ao serviço da Igreja, na catequese e nos escuteiros”.
Foi numa peregrinação a pé, a Fátima, que o grupo começou a ganhar forma. Em 2013, por iniciativa do pároco de Algés, cónego Daniel Batalha Henriques, foi lançada a ideia de criar um grupo de oração, dedicado em especial a mulheres separadas. “Éramos cerca de cinco, entre catequistas e leitoras. Com o auxílio de Nossa Senhora, esta ideia foi amadurecendo durante cerca de dois anos, até que nos juntámos, em 2015, para pensar no que podíamos fazer. E assim começou”, recorda Adélia Matos, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Manter o sacramento

 
Seguindo as orientações do pároco, o grupo de oração ‘Na Tua Luz’ reúne todas as semanas, à sexta-feira, pelas 19h30, no Centro Pastoral de Miraflores, na Vigararia de Oeiras. “Reunimos semanalmente, na capela. Vem quem pode, quando pode. Existe um guião orientador da oração mas não é limitativo”, indica Adélia. Para esta leiga, a participação no grupo de oração tem permitido descobrir que, apesar das histórias diferentes que se partilham, existe um ponto de união: “Em comum, temos o facto de estarmos separadas e termos optado por esta situação de não procurar ninguém, mantendo o sacramento do matrimónio, dedicando-nos à oração e entrega a Deus, como opção de vida”.
O primeiro retiro do grupo de oração, em janeiro deste ano, foi também o momento para integrar outras mulheres. “Nesse primeiro retiro participaram mais dez senhoras, a quem lançámos o convite para fazerem parte do nosso grupo. Sabemos, porém, que há muitas pessoas a precisarem deste encontro, pelo que precisamos de agregar essas pessoas necessitadas. Por isso, já estamos a preparar um segundo retiro”, revela Adélia Matos, que pretende dar a conhecer o grupo, passando a mensagem a outras paróquias.

Chegar a mais

 
Atualmente, o grupo de oração ‘Na Tua Luz’ congrega mais de 15 mulheres que têm em comum a opção por não voltarem a casar, mantendo a vida sacramental. Madalena juntou-se ao grupo após a participação no retiro. “Gosto de participar porque me ajuda a interiorizar muita coisa e é mais fácil rezar em grupo do que quando estamos sozinhas”, destaca.
Zézinha, encarregue de preparar o próximo retiro do grupo, garante que “juntas é mais fácil enfrentar as barreiras que se vão colocando” na vida. Para o próximo retiro, “o objetivo é proporcionar a outras pessoas aquilo que nós tivemos a sorte de ter em primeiro lugar e fazer crescer o grupo”, aponta Zézinha, que se sente acolhida “de uma forma extremosa” pela Igreja. “Nunca me senti sozinha porque tenho fé e, mesmo nos momentos menos bons, essa fé ajudou-me a encontrar Luz para o meu caminho”, sublinha.
Para Isabel da Fonseca, a tranquilidade é um dos maiores frutos deste grupo de oração. “É uma oportunidade para agradecer a Nossa Senhora as forças que nos dá. Uma das formas de não estarmos sós é rezarmos juntas, nestes encontros de oração. Sinto-me acolhida pela Igreja, a começar pelo pároco, cónego Daniel Batalha, que tem sido o meu GPS”, conta Isabel, que intenta a presença de mais grupos de oração semelhantes noutras paróquias. “Tudo o que é bom devemos partilhar e a Igreja é uma família. O bom que aqui acontece devemos levar para outras paróquias. Quantas pessoas estão sozinhas e não têm com quem partilhar a dor?”, questiona.
  • Reportagem completa na edição do dia 22 de maio do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.
Patriarcado de Lisboa

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