(RV) O Papa
Francisco recebeu em audiência na tarde deste domingo (29/05) na Sala
Nova do Sínodo, no Vaticano, representantes de mais de 40 universidades
de todo o mundo da Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes, reunidos no
Congresso Mundial em Roma desde sexta-feira. O tema do seminário foi
“Entre a Universidade e a Escola, um muro ou uma ponte”. Durante o
encontro foi feito o anúncio da criação de cátedras Scholas, um espaço
académico para aprofundar o ensinamento de Francisco, que promoveu, como
arcebispo de Buenos Aires, esta rede de ensino.
Um encontro animado, feito de perguntas dos jovens ao Papa e de suas
respostas. O Papa Francisco, antes de tudo aprecia o clima de
comunicação, que representa um desafio neste mundo:
“Quando os povos se separam, as famílias se separam, os amigos se
separam: na separação somente se encontra a inimizade, inclusive o ódio;
no entanto, quando as pessoas se unem, se dá a amizade social, a
amizade fraterna; e se dá uma cultura do encontro, que nos protege de
qualquer tipo de cultura de descarte. Obrigado por isso e por aquilo que
estais a fazer”.
O Papa, como sempre nestes casos, entra numa relação de grande confidência sobre a sua vida:
“Eu nunca pensei que iriam me eleger. Foi uma surpresa para mim ...
Mas a partir daquele momento Deus me deu uma paz que dura até hoje. E
isso me leva para a frente. Esta é a graça que recebi. Por outro lado,
pela minha natureza, sou inconsciente e, portanto, vou em frente.”
Um encontro alternado também por tocantes testemunhos e prémios pelo
compromisso em prol da paz, conferido a Richard Gere, Salma Hayek e
George Clooney. Os actores receberam o prémio, pelos seus esforços em
ajudar os jovens das periferias. Assim, o Papa sublinha a importância de
“dar pertença” às pessoas. Dar pertença, de facto, significa dar
identidade:
“Por isso urge, é urgente oferecer pertença de qualquer tipo essa
seja, para que se possa sentir que se pertence a um grupo, a uma
família, a uma organização: e isso dá uma identidade”.
E depois há a linguagem dos gestos: uma carícia, um sorriso. O Papa
pede gestos concretos e que se acabem com as agressões. Por exemplo, o
bullying é uma agressão que esconde crueldade, o mundo é cruel, bem como
as guerras. E a crueldade da guerra chega até às crianças, chega até a
cortar a garganta de uma criança. Para construir um mundo novo, no
entanto, é preciso eliminar todos os tipos de crueldade. Depois há a
capacidade de ouvir os outros:
“No diálogo todos ganham, ninguém perde. Na discussão, há um que
vence e um que perde: mas na realidade ambos perdem. O diálogo é a
capacidade de ouvir, colocar-se no lugar do outro, construir pontes”.
Devemos banir o orgulho e a arrogância. Para o Papa Francisco, o
mundo precisa abaixar o nível de agressão e cultivar, ao invés, a
docilidade, a escuta, um caminho juntos.
Neste encontro, cheio de acção, onde emergiu toda a riqueza de
Scholas Occurrentes, há também a oração de representantes religiosos,
como também foi anunciada uma plataforma digital, através da qual os
jovens poderão fazer perguntas ao Papa. As respostas de Francisco serão
recolhidas num livro que será publicado pela Editora Mondadori e será
lançado em outubro ou novembro. Também presente no encontro, a música da
Orquestra Scholas Arts que, no final da apresentação, presenteou o Papa
com um violino antigo. No “palco” deste encontro de Scholas também há
espaço para o desporto, com as experiências do mundo do futebol e os
testemunhos da contribuição que os desportistas podem dar à causa da
paz. Anunciado ainda que o próximo jogo pela paz será na Argentina, no
dia 10 de julho. E precisamente do governo do país natal do Papa
Francisco, chega a garantia de que será aprovada uma lei do Estado em
favor de Scholas Occurrentes.
O VI Congresso Mundial das ‘Scholas Occurrentes’, - a rede de escolas
pelo encontro que o Papa lançou para promover uma mudança no sistema
educativo -, encerrou o seu encontro neste domingo na sede da Academia
Pontifícia das Ciências com a audiência concedida por Francisco aos
participantes, incluindo representantes de mais de 40 universidades.
O director de ‘Scholas Occurrentes’, José María del Corral, explicou à
Rádio Vaticano que a criação das “Cátedras Scholas” querem ser “um
espaço em que se encontram o âmbito académico e da reflexão com o âmbito
do trabalho e das necessidades das comunidades educativas”.
Neste momento há mais de 500 projectos sociais e de educação na rede
‘Scholas’. “Existem projectos que têm a ver com a problemática dos
refugiados, com as escolas que não possuem, por exemplo, água potável
para os seus alunos”, explica del Corral. 42 universidades de vários
continentes e inspirações religiosas vão assumir o compromisso de
acompanhar estas realidades locais, ao longo dos próximos 12 meses.
A rede internacional ‘Scholas’ nasceu em Buenos Aires, há 20 anos,
por vontade do então Arcebispo da cidade argentina, Dom Jorge Mario
Bergoglio, hoje Papa Francisco.
A organização internacional de direito pontifício ‘Scholas
Occurrentes’ foi aprovada pelo Pontífice em 13 de agosto de 2013.
(BS/SP)
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