30 maio, 2016

Papa a Scholas Occurrentes: no diálogo todos ganham, ninguém perde




(RV) O Papa Francisco recebeu em audiência na tarde deste domingo (29/05) na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano, representantes de mais de 40 universidades de todo o mundo da Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes, reunidos no Congresso Mundial em Roma desde sexta-feira. O tema do seminário foi “Entre a Universidade e a Escola, um muro ou uma ponte”. Durante o encontro foi feito o anúncio da criação de cátedras Scholas, um espaço académico para aprofundar o ensinamento de Francisco, que promoveu, como arcebispo de Buenos Aires, esta rede de ensino.

Um encontro animado, feito de perguntas dos jovens ao Papa e de suas respostas. O Papa Francisco, antes de tudo aprecia o clima de comunicação, que representa um desafio neste mundo:

“Quando os povos se separam, as famílias se separam, os amigos se separam: na separação somente se encontra a inimizade, inclusive o ódio; no entanto, quando as pessoas se unem, se dá a amizade social, a amizade fraterna; e se dá uma cultura do encontro, que nos protege de qualquer tipo de cultura de descarte. Obrigado por isso e por aquilo que estais a fazer”.

O Papa, como sempre nestes casos, entra numa relação de grande confidência sobre a sua vida:

“Eu nunca pensei que iriam me eleger. Foi uma surpresa para mim ... Mas a partir daquele momento Deus me deu uma paz que dura até hoje. E isso me leva para a frente. Esta é a graça que recebi. Por outro lado, pela minha natureza, sou inconsciente e, portanto, vou em frente.”

Um encontro alternado também por tocantes testemunhos e prémios pelo compromisso em prol da paz, conferido a Richard Gere, Salma Hayek e George Clooney. Os actores receberam o prémio, pelos seus esforços em ajudar os jovens das periferias. Assim, o Papa sublinha a importância de “dar pertença” às pessoas. Dar pertença, de facto, significa dar identidade:

“Por isso urge, é urgente oferecer pertença de qualquer tipo essa seja, para que se possa sentir que se pertence a um grupo, a uma família, a uma organização: e isso dá uma identidade”.

E depois há a linguagem dos gestos: uma carícia, um sorriso. O Papa pede gestos concretos e que se acabem com as agressões. Por exemplo, o bullying é uma agressão que esconde crueldade, o mundo é cruel, bem como as guerras. E a crueldade da guerra chega até às crianças, chega até a cortar a garganta de uma criança. Para construir um mundo novo, no entanto, é preciso eliminar todos os tipos de crueldade. Depois há a capacidade de ouvir os outros:

“No diálogo todos ganham, ninguém perde. Na discussão, há um que vence e um que perde: mas na realidade ambos perdem. O diálogo é a capacidade de ouvir, colocar-se no lugar do outro, construir pontes”.

Devemos banir o orgulho e a arrogância. Para o Papa Francisco, o mundo precisa abaixar o nível de agressão e cultivar, ao invés, a docilidade, a escuta, um caminho juntos.

Neste encontro, cheio de acção, onde emergiu toda a riqueza de Scholas Occurrentes, há também a oração de representantes religiosos, como também foi anunciada uma plataforma digital, através da qual os jovens poderão fazer perguntas ao Papa. As respostas de Francisco serão recolhidas num livro que será publicado pela Editora Mondadori e será lançado em outubro ou novembro. Também presente no encontro, a música da Orquestra Scholas Arts que, no final da apresentação, presenteou o Papa com um violino antigo. No “palco” deste encontro de Scholas também há espaço para o desporto, com as experiências do mundo do futebol e os testemunhos da contribuição que os desportistas podem dar à causa da paz. Anunciado ainda que o próximo jogo pela paz será na Argentina, no dia 10 de julho. E precisamente do governo do país natal do Papa Francisco, chega a garantia de que será aprovada uma lei do Estado em favor de Scholas Occurrentes.

O VI Congresso Mundial das ‘Scholas Occurrentes’, - a rede de escolas pelo encontro que o Papa lançou para promover uma mudança no sistema educativo -, encerrou o seu encontro neste domingo na sede da Academia Pontifícia das Ciências com a audiência concedida por Francisco aos participantes, incluindo representantes de mais de 40 universidades.

O director de ‘Scholas Occurrentes’, José María del Corral, explicou à Rádio Vaticano que a criação das “Cátedras Scholas” querem ser “um espaço em que se encontram o âmbito académico e da reflexão com o âmbito do trabalho e das necessidades das comunidades educativas”.

Neste momento há mais de 500 projectos sociais e de educação na rede ‘Scholas’. “Existem projectos que têm a ver com a problemática dos refugiados, com as escolas que não possuem, por exemplo, água potável para os seus alunos”, explica del Corral. 42 universidades de vários continentes e inspirações religiosas vão assumir o compromisso de acompanhar estas realidades locais, ao longo dos próximos 12 meses.

A rede internacional ‘Scholas’ nasceu em Buenos Aires, há 20 anos, por vontade do então Arcebispo da cidade argentina, Dom Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco.

A organização internacional de direito pontifício ‘Scholas Occurrentes’ foi aprovada pelo Pontífice em 13 de agosto de 2013. (BS/SP)

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