(RV) A
esplanada da Basílica de São Pedro pintou-se de branco na manhã deste
domingo com as vestimentas dos diáconos e sobre as quais sobressaía o
emblema deste Ano Jubilar da Misericórdia. Vieram numerosos, de várias
partes do mundo, acompanhados por familiares, para os três dias de
Jubileu a eles dedicados e que se concluíram com Missa presidida na
Praça de São Pedro pelo Santo Padre.
Na sua homilia Francisco recordou-lhes o espírito de serviço que deve
animar o seu ser diáconos, indicou os passos principais nesta
caminhada, encorajou na oração e sugeriu alguns modelos a seguir: antes
de mais Cristo que “se fez diácono de todos”, que se fez “nosso servo”.
Assim também “são chamados a fazer os seus anunciadores”. Aliás,
apóstolo e servidor são dois termos que não podem ser separados, disse o
Papa, citando a carta de São Paulo aos Gálatas. “Quem anuncia Jesus é
chamado a servir e quem serve anuncia Jesus” . Há, portanto, que imitar
Cristo.
“Por outras palavras, se evangelizar é a missão confiada a
cada cristão pelo Baptismo, servir é o estilo com o qual viver essa
missão, o único modo de ser discípulos de Jesus. É seu testemunho quem
faz como Ele: quem serve os irmãos e as irmãs, sem se cansar de Cristo
humilde, sem se cansar da vida cristã que é vida de serviço”.
Por onde começar, então, para se tornar “servos bons e fiéis” ? –
perguntou-se o Papa, logo respondendo que, antes de mais, é preciso
disponibilidade, quer dizer não permanecer agarrado ao próprio tempo,
não ser escravo de uma agenda pré-definida, mas doar a vida, ser dócil
de coração, estar sempre pronto para o irmão e aberto ao imprevisto, que
nunca falta, e é muitas vezes a surpresa quotidiana de Deus. Saber
abrir as portas mesmo a quem chega fora de horário, pois o servidor é
aberto às surpresas quotidianas de Deus, disse o Papa sublinhando que se
sente amargurado quando vê que uma paróquia está aberta da hora tal á
hora tal e que para além desse horário não há padres, diácono, ou leigo
para receber as pessoas… Isto faz doer o coração – disse, encorajando os
diáconos a transgredirem os horários, mesmo quando isso interfere com o
merecido repouso:
“Assim, caros diáconos, vivendo na disponibilidade, o vosso
serviço será privo de interesses pessoais e a evangelização será fecunda” .
O Papa recordou depois que o evangelho deste domingo fala de serviço
indicando dois exemplos de humildade a seguir: o servo do centurião e o
próprio centurião que disse não se sentiu digno que Jesus se deslocasse à
sua casa. Palavras que tocaram Jesus, pela sua mansidão, discrição,
pequenez, tal “como é o estilo de Deus” que “é manso e humilde de
coração” – insistiu Bergoglio, dizendo que a mansidão é uma das
virtudes do diácono, diácono que a seu ver não deve imitar o Padre, mas
ser humilde, manso. E recordou que Deus que é amor, por amor chega mesmo
a servir-nos: é paciente connosco, benévolo, sempre pronto e bem
disposto, sofre pelos nossos erros e procura a via para nos ajudar a
melhorar.
“Estas são as características benignas e humildes do serviço
cristão que é imitar Deus servindo os outros: acolhendo-os com amor
paciente, compreendendo-os sem se cansar, fazendo-lhes sentir-se
acolhidos, em casa, na comunidade eclesial, onde não é grande quem
manda, mas quem serve. E nunca repreender, nunca! Assim, caros diáconos,
na benignidade, amadurecerá a vossa vocação de ministros da caridade”.
Para além do apóstolo Paulo e do centurião, o Papa falou ainda dum
terceiro servo que as leituras de hoje nos apresentam: aquele que é
curado por Jesus. Mais que a doença física, Francisco orientou a
reflexão para a saúde do coração, necessária para “ser hábeis
servidores” – disse . “Um coração sanado por Deus, que se sinta perdoado e não seja fechado, nem duro”.
E Francisco recomendou e encorajou aos diáconos a pedirem isso a
Jesus todos os dias na oração, uma oração, confiante, na qual apresentar
as fadigas, os imprevistos, os cansaços e as esperanças: “uma oração
verdadeira, que leve a vida ao Senhor e o Senhor à vida” - frisou,
rematando:
“Assim, disponíveis na vida, benignos no coração e em
constante diálogo com Jesus, não tereis medo de ser servidores de
Cristo, de encontrar e acariciar a carne do Senhor nos pobres de hoje”.
(DA)
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