(RV) Quinta-feira,
5 de maio – Solenidade da Ascensão do Senhor – no final da tarde o Papa
Francisco presidiu na Basílica de S. Pedro a uma Vigília de Oração para
enxugar as lágrimas de quem sofre no corpo e na alma.
Testemunhos e preces em momentos de grande comoção e intensidade. Os
fiéis presentes ouviram o Santo Padre afirmar que a oração é o
verdadeiro medicamento para o sofrimento.
Na dor “não estamos sós” porque Jesus “sabe o que significa chorar
pela perda de uma pessoa amada” – disse o Papa recordando o Evangelho de
João que nos conta a passagem em que Jesus se comove vendo Maria chorar
pela morte do irmão Lázaro. Lágrimas de Jesus que “desconcertaram
tantos teólogos” – disse o Santo Padre – mas que “lavaram tantas almas”:
“O choro de Jesus é o antídoto contra a indiferença pelo sofrimento
dos meus irmãos. Aquele choro ensina a fazer minha a dor dos outros, a
tornar-me participante do desconforto e do sofrimento de quantos vivem
nas situações mais dolorosas. Toca-me para me fazer percecionar a
tristeza e o desespero de quantos viram subtraírem o corpo dos seus
caros e não têm sequer um lugar onde poder encontrar consolação. O choro
de Jesus não pode permanecer sem resposta da parte de quem crê n’Ele.”
Muitas são as lágrimas versadas “a cada instante no mundo” provocadas
pela maldade humana. “Lágrimas de avós, de mães, de pais, de crianças” –
afirmou o Santo Padre que considerou serem as razões do coração as
únicas a fazerem luz no íntimo de cada um:
“A razão sozinha não é capaz de fazer luz no íntimo, de colher a dor
que sentimos e fornecer a resposta que esperamos. Nestes momentos, temos
mais necessidade das razões do coração, as únicas em grau de fazer-nos
compreender o mistério que circunda a nossa solidão.”
E provaram-no os testemunhos que ressoaram na Basílica Vaticana como o
de Felix Qaiser, jornalista católico paquistanês refugiado em Itália ou
a história de Maurizio Fratamico que reencontrou o sentido da vida na
comunidade “Novos Horizontes”.
Testemunhos dolorosos mas ricos de esperança como aquele da família
Pellegrino, um exemplo tocado pelo drama do suicídio de um filho. Nas
palavras da mãe o amor de Deus enxugou-lhes as lágrimas com a ajuda da
comunidade “Filhos no Céu”:
“Tantas pessoas que, partindo da sua própria história, da sua dor,
metem-se em caminho em cada dia para que a Ressureição de Cristo possa
tornar-se uma experiência concreta também na devastadora experiência da
perda do bem humanamente maior, o próprio filho.”
No final da Vigília o Papa abençoou e distribuiu simbolicamente um
“Agnus Dei”, Cordeiro de Deus, antigo objeto de devoção usado
particularmente nos anos jubilares e que remonta ao século IV. Também
foi exposto para a veneração dos fiéis um Relicário de Nossa Senhora das
Lágrimas de Siracusa, para pedir a materna proteção de Maria no mês a
ela dedicado.
(RS)
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