(RV)
Mais de sete mil pessoas, entre fiéis e peregrinos provenientes de
diversas partes da Itália e do mundo inteiro congregaram-se na Sala
Paulo VI, no Vaticano, na manhã de hoje, quarta-feira (09/08) para ver e
ouvir as palavras do Papa Francisco na audiência geral. No verão, o
encontro semanal se realiza neste ambiente fechado e com ar condicionado
gerado pela energia de painéis solares.
O tema da reflexão proposta pelo Papa foi hoje é “O perdão, motor da
esperança”. Após a leitura em várias línguas, do capítulo 7 do
Evangelho de Lucas, o Papa iniciou a catequese comentando a reacção dos
convidados de Simão ao ver Jesus perdoar a pecadora, um gesto
considerado ‘escandaloso’.
Segundo a mentalidade da época, Jesus, profeta, não deveria permitir
que a mulher se inclinasse sobre os seus pés para lavá-los com perfume; a
separação entre o santo e o pecador, entre o puro e o impuro, deveria
ser nítida.
“Desde o início do seu ministério público, Jesus aproxima-Se e deixa
aproximar de Si leprosos, endemoninhados, doentes e marginalizados.
Quando encontra uma pessoa que sofre, Ele assume como próprio o
sofrimento dela: não diz que este sofrimento deve ser suportado
heroicamente, mas faz Sua aquela pena”.
É este o comportamento que caracteriza o cristianismo: a
misericórdia. Jesus sente compaixão. Onde houver um homem ou uma mulher
sofrendo, Jesus vai querer a sua cura, a sua libertação e a sua vida
plena. E é por isso, explicou o Papa, que Ele acolhe os pecadores de
braços abertos.
“Quanta gente perpetua numa vida de erros por não encontrar ninguém
que os veja com os olhos diferentes, com o coração de Deus, ou seja, com
esperança? Jesus entrevê uma possibilidade de ressurreição mesmo para
quem fez um monte de opções erradas”.
Mas esta atitude, disse Francisco, conduziu Jesus à Cruz:
“Jesus não foi crucificado porque cura doentes, prega a caridade e
proclama as Bem-aventuranças, mas (e sobretudo) porque perdoa os
pecados, quer a libertação total e definitiva do coração humano, não
aceita que o ser humano arruíne toda a sua existência com uma ‘tatuagem’
indelével, com o pensamento de não poder ser acolhido pelo coração
misericordioso de Deus”.
“Por isso, perdoa aos pecadores. E este perdão divino é o motor da
esperança! Com o perdão, os pecadores readquirem a serenidade a nível
psicológico, vendo-se livres do sentimento de culpa. Mas Jesus faz muito
mais: oferece-lhes a esperança de uma vida nova, uma vida caracterizada
pelo amor”.
Somos todos pobres pecadores, carentes da misericórdia de Deus, que
tem a força de nos transformar e de nos oferecer esperança, todos os
dias. Concluindo, o Papa acrescentou:
“A quem compreendeu esta verdade basilar, Deus confia a missão mais
bela do mundo: o anúncio de uma misericórdia que Ele não nega a
ninguém”.
Antes de saudar os peregrinos italianos no final da audiência, o
Papa Francisco recordou os actos de violência contra os cristãos na
Nigéria e na República Centro-Africana:
“Fiquei profundamente entristecido pela tragédia ocorrida no último
domingo na Nigéria, dentro de uma igreja, onde foram mortas pessoas
inocentes. E infelizmente esta manhã chegou a notícia de violências
homicidas na República Centro Africana contra a comunidade cristã. Faço
votos para que cesse toda a forma de ódio e de violência e não se
repitam mais crimes assim vergonhosos, perpetrados em locais de culto,
onde os fiéis se reúnem para rezar. Pensemos nos nossos irmãos da
Nigéria e da República Centro-Africana e rezemos por eles todos
juntos....Ave Maria".
Finalmente e como de costume, o Santo Padre dirigiu uma saudação
especial aos peregrinos e fiés de língua portuguesa presentes na Sala
Paulo VI: “Dirijo uma cordial saudação aos peregrinos de língua
portuguesa, convidando todos a permanecer fiéis a Cristo Jesus. Ele
desafia-nos a sair do nosso mundo limitado e estreito para o Reino de
Deus e a verdadeira liberdade. O Espírito Santo vos ilumine para
poderdes levar a Bênção de Deus a todos os homens. A Virgem Mãe vele
sobre o vosso caminho e vos proteja.
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