(RV) O
Papa centrou o discurso que lhes dirigiu no Ano Santo da Misericórdia,
exprimindo o desejo de que seja uma ocasião para “todos os membros da
Igreja renovarem a sua fé em Jesus Cristo que é o rosto da misericórdia
do Pai, a via que une Deus e o homem”.
O Papa exprimiu igualmente o desejo de que “pastores e fiéis”
redescubram ao longo deste Ano Santo “As obras de misericórdia corporais
e espirituais” pois, quando no fim da vida terrena de cada um de nós
nos será perguntado não apenas se demos de comer e beber a quem tinha
sede e fome, mas também se ajudamos as pessoas a “sair da dúvida” , se
acolhemos os pecadores, admoestando-os e corrigindo-os e se fomos
capazes de combater a ignorância, sobretudo relativamente à fé cristã e a
uma vida correcta.
Francisco continuou dizendo que “na fé e na caridade se dá uma
relação cognitiva e unificante com o mistério do Amor, que é o próprio
Deus”. Deus que, embora permanecendo um mistério, tornou efectiva e
afectiva a sua misericórdia, através de Jesus feito homem para a nossa
salvação. E
“Com efeito, a fé cristã não é apenas conhecimento a ser
conservado na memória, mas verdade a ser vivida no amor. Por isso,
juntamente com a doutrina da fé, é necessário conservar também a
integridade dos costumes, de modo particular nos âmbitos mais delicados
da vida. A adesão da fé à pessoa de Cristo implica tanto o acto da razão
como a resposta moral ao seu dom. A este respeito, agradeço-vos por
todo o empenho e a responsabilidade que exercitais ao tratar os casos de
abuso de menores da parte de clérigos”.
O Papa chamou mais uma vez a atenção para a delicadeza que a tarefa
de proteger a integridade da fé comporta, dizendo que isto requer um
“empenho colegial”. Nesta linha agradeceu os Consultores e Comissário
que colaboram com o Dicastério para Doutrina da Fé, encorajando-o a
continuar e a intensificar estas colaborações e a promover a nível
eclesial “a justa sinodalidade”. A este respeito citou como positiva a
reunião realizada no ano passado com as Comissões doutrinais das
Conferências Episcopais europeias, frisando que sem “uma abertura à
dimensão transcendental da vida (…) a Europa corre o risco de perder
aquele espírito humanístico que, no entanto, ama e defende”.
Para o Papa Francisco, renovação da vida eclesial significa estudar a
“complementaridade entre os dons hierárquicos e carismáticos” , dons
que “são chamados a colaborar em sinergia para o bem da Igreja e do
mundo”:
“O testemunho desta complementaridade é hoje, mais do que
nunca, urgente e representa uma expressão eloquente daquela ordenada
pluriformidade que caracteriza o tecido eclesial, reflexo da harmoniosa
comunhão que vive no coração do Deus Uno e Trino”.
A relação entre estes dons – hierárquicos e carismáticos – remete
para “a sua raiz trinitária na ligação entre Logos divino incarnado e o
Espírito Santo que é sempre dom do Pai e do Filho”, raiz que, se
reconhecida e aceite com humildade, permite à Igreja renovar-se em todos
os tempos.
“Unidade e Pluriformidade são os sigilos de uma Igreja que,
movida pelo Espírito, sabe caminhar, com passos seguros e fieis em
direcção à meta que o Senhor Ressuscitado lhe indica ao longo da
História.”
E o Papa concluiu enaltecendo mais uma vez a dinâmica sinodal que –
disse - “se entendida correctamente” nasce da comunhão e conduz à
comunhão”.
(DA)
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