Não foi um choque que me prostrou no chão, não foi um clarão que me
arrebatou ao Céu, não foi uma voz poderosa que chamou pelo meu nome, não foi
uma visão avassaladora que me revelou a Verdade.
Foi antes o encontro continuado com A presença amorosa, o abraço apertado
com Quem apenas ama, a lágrima tranquilamente derramada perante o Bem tornado
visível, a alegria discreta do Bem Estar indescritível, a dúvida feita certeza
no reconhecimento da Verdade revelada.
Porque Tu és assim, Senhor, revelas-te no mais pequeno e no maior, nas
coisas mais ínfimas e nas coisas mais importantes, em cada momento e em cada
oportunidade.
Na criança nascida no meio da guerra, no prato de sopa dado a quem tem
fome, na camisola vestida àquele que tem frio, no pedaço de tecto sobre o que
vive na rua, no sorriso aberto àquele que está triste, no abraço apertado
àquele que se sente só, no encontro tranquilo com aquele que está preso, na
visita amorosa ao velho abandonado, na reconciliação de quem está desavindo, no
perdão dado a cada ofensa, no perdão pedido por cada ofensa, em cada atitude em
que o amor é maior do que o mundo.
Revelas-te no Sol de cada manhã, na chuva molhada que empapa os campos, no
rio impetuoso que corre para o mar, no lago tranquilo prenho de peixe, na
montanha majestosamente serena que torna mais longe a paisagem, na árvore mais
alta que aponta o Céu, no animal selvagem e na sua impetuosidade, na ave que
voa rasgando os céus, na beleza da flor que reflecte toda a cor, na voz
tremenda do trovão que nos chama à razão, no poder imenso do relâmpago que tudo
queima para nascer de novo, em toda a natureza, criação perfeita das Tuas mãos.
Revelas-te sobretudo no Pedaço de Pão, feito Eucaristia, servindo-te das
mãos do homem em quem queres confiar, porque “apenas” sabes amar!
Afinal o Rei dos reis, é “tão só” o Servo dos servos, o Deus revelado no
amor e por amor!
Obrigado, Senhor!
Marinha Grande, 2 de Janeiro de 2016
Joaquim Mexia Alves
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