(RV) "Ecce
homo", "Eis o homem": as palavras de Pilatos que indica Jesus
martirizado, estiveram no centro da pregação do Padre Raniero
Cantalamessa para a Celebração da Paixão do Senhor, na Basílica de São
Pedro, na presença do Papa Francisco. Quantos "Ecce homo" no mundo de
hoje, disse o pregador da Casa Pontifícia, não devemos dormir, não
devemos deixá-los sozinhos.
O Papa Francisco presidiu, nesta Sexta-feira Santa (03/04), na
Basílica de São Pedro, a Celebração da Paixão do Senhor. Nesse dia, não
se celebra a Santa Missa, mas as funções da Sexta-feira da Paixão com a
Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e a Comunhão Eucarística.
A homilia da celebração foi feita pelo Pregador da Casa Pontifícia,
Padre Raniero Cantalamessa, que baseou a sua reflexão nas palavas de
Pilatos: “Eis o homem”, recordando os muitos “Eis o homem” dos nossos
dias vítimas da fome, pobreza, injustiça e exploração.
“Desses males já se fala muitas vezes, embora nunca o suficiente, e
há o risco de se tornarem abstracções. Categorias, não pessoas. Pensemos
agora no sofrimento dos indivíduos, das pessoas com nome e identidade
concreta; nas torturas decididas a sangue frio e infligidas
voluntariamente, neste exacto momento, por seres humanos contra outros
seres humanos, inclusive crianças”, frisou Padre Cantalamessa.
“Quantos "Eis o homem" no mundo! Meu Deus, quantos “Eis o homem”!
Quantos prisioneiros na mesma condição de Jesus no pretório de Pilatos:
sozinhos, algemados, torturados, à mercê de soldados ásperos e cheios de
ódio, que se entregam a todo tipo de crueldade física e psicológica,
divertindo-se em ver sofrer. "Não podemos dormir, não podemos deixá-los
sós!", disse ainda o capuchinho.
“A exclamação "Eis o homem!" não se aplica somente às vítimas, mas
também aos carnífices. Ela quer dizer: eis aqui do que o homem é capaz!
Com temor e tremor, digamos ainda: eis do que somos capazes nós, homens!
Muito distante da marcha inexorável do Homo sapiens, o homem que,
segundo alguns, nasceria da morte de Deus e tomaria o seu lugar”,
frisou.
Recordando o sofrimento dos cristãos, o Padre Cantalamessa destacou
que eles “não são, certamente, as únicas vítimas da violência homicida
que há no mundo, mas não se pode ignorar que, em muitos países, eles são
as vítimas marcadas e mais frequentes. Jesus disse um dia aos seus
discípulos: "Chegará uma hora em que aqueles que vos matarem julgarão
estar honrando a Deus". Talvez estas palavras nunca tenham achado na
história um cumprimento tão pontual quanto hoje”, disse ele.
“Os mártires perfeitos celebraram a mais esplêndida das festas
pascais ao ser admitidos no banquete celeste. Será assim para muitos
cristãos também na Páscoa deste ano, 2015 depois de Cristo.”
Disse ainda o capuchinho, "então, indagará alguém, seguir a Cristo é
sempre um resignar-se passivamente à derrota e à morte? Pelo contrário!
"Tende coragem", disse Ele aos apóstolos antes da Paixão: "Eu venci o
mundo". Cristo venceu o mundo vencendo o mal do mundo.
“Os verdadeiros mártires de Cristo não morrem com os punhos cerrados,
mas com as mãos juntas. Tivemos tantos exemplos recentes”, disse Padre
Cantalamessa, recordando que foi Cristo quem deu aos 21 cristãos coptas
mortos pelo Estado Islâmico na Líbia, em 22 de fevereiro passado, a
força para morrerem murmurando o seu nome. (BA/MJ)
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