(RV) Quarta-feira, 1 de
Abril: Audiência Geral com o Papa Francisco na Praça de S. Pedro repleta
de fiéis numa manhã primaveril em Roma. Nesta audiência que decorre
durante a Semana Santa o Papa concentrou a sua catequese no Tríduo
Pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, ponto culminante de
todo o ano litúrgico e da vida cristã, e que começa com a Missa “na Ceia
do Senhor” na Quinta-feira Santa à tarde.
O Tríduo Pascal, explicou o Papa, começa com a comemoração da Última
Ceia em que Jesus, na véspera da sua paixão, ofereceu ao Pai o seu Corpo
e Sangue sob as espécies do pão e do vinho e, doando-os aos Apóstolos
como alimento, ordenou-lhes de perpetuar a sua oferta em sua memória.
Momento importante do Evangelho da celebração é o lava-pés, que exprime o
mesmo significado da Eucaristia mas numa perspectiva diferente:
“Jesus - como um servo - lava os pés
de Simão Pedro e dos outros onze discípulos. Com este gesto profético,
Ele exprime o sentido da sua vida e da sua paixão, como serviço a Deus e
aos irmãos: "O Filho do homem, de facto, não veio para ser servido,
mas para servir".
O mesmo aconteceu no nosso Baptismo,
quando a graça de Deus nos purificou do pecado e nos revestimos de
Cristo, e também acontece cada vez que fazemos o memorial do Senhor na
Eucaristia e fazemos comunhão com Cristo para obedecer ao seu mandamento
de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou. E reiterou dizendo:
“Se nos aproximarmos da Sagrada
Comunhão sem estarmos sinceramente dispostos a lavar os pés uns aos
outros, não reconhecemos o Corpo do Senhor”.
Na liturgia da Sexta-Feira Santa,
prosseguiu o Papa Francisco, meditamos o mistério da morte de Cristo e
adoramos a Cruz. O Papa comentou as últimas palavras de Cristo antes de
entregar o espírito ao Pai, quando disse: "Tudo está consumado!" Esta
palavra significa, explicou, que a obra da salvação está completada, que
todas as Escrituras encontram a sua plena realização no amor de Cristo,
Cordeiro imolado. Jesus, com o seu sacrifício, transformou a maior
iniquidade no maior amor.
E recordou a este propósito os muitos homens e mulheres que, ao longo
dos séculos, têm reflectido com o testemunho de suas vidas este amor
perfeito, pleno, incontaminado de Jesus, tendo citando o exemplo do
Padre Andrea Santoro, sacerdote da diocese de Roma e missionário na
Turquia, onde foi assassinado, e disse:
“Nós nos tornamos capazes de salvação
apenas quando oferecemos a própria carne. É preciso suportar o mal do
mundo e partilhar a dor, absorvendo-a na própria carne até ao fim, como
fez Jesus. Este exemplo, e muitos outros, nos sustentem na oferta da
nossa vida como dom de amor aos irmãos, à imitação de Jesus”.
Sábado Santo é o dia em que a Igreja
contempla o "repouso" de Cristo no túmulo depois da vitoriosa batalha da
cruz, prosseguiu o Papa na sua catequese, e a Igreja neste dia
identifica-se com Maria, a primeira e a mais perfeita entre os crentes.
Na escuridão que envolve a criação, ela permanece a única que mantém a
chama da fé, esperando contra toda a esperança na ressurreição de Jesus.
E na grande Vigília Pascal, enfim, celebramos Cristo ressuscitado,
centro e fim do universo e da história; vigiamos cheios de esperança
aguardando o seu retorno, quando a Páscoa terá a sua plena manifestação:
“Por vezes, a escuridão da noite parece penetrar a alma; por vezes
pensamos: "agora já não há nada a fazer", e o coração não encontra a
força para amar ... Mas precisamente naquela escuridão Cristo acende o
fogo do amor de Deus: um brilho rompe as trevas e anuncia um início. A
pedra da dor é removida, deixando espaço para a esperança”
Eis o grande mistério da Páscoa, concluiu o Papa, nesta noite santa
em que a Igreja nos dá a luz do Ressuscitado, para que em nós exista a
esperança de quem se abre a um presente cheio de futuro: Cristo venceu a
morte, e nós com Ele”. E a todos o Papa lançou um convite:
“Nestes dias do Tríduo Sagrado não nos limitemos a comemorar a paixão
do Senhor, mas entremos no mistério, façamos nossos os seus
sentimentos, as suas atitudes, como nos convida o apóstolo Paulo: "Tende
entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus". Então,
teremos uma “boa Páscoa”.
Ave-Maria ….
Na Audiência geral o Papa Francisco saudou também os peregrinos de língua portuguesa:
“Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! De
coração vos saúdo a todos, desejando-vos um Tríduo Pascal
verdadeiramente santo que vos ajude a viver a Páscoa, cheios de alegria,
consolação e esperança, como convém a quantos ressuscitaram com Cristo.
Boa Páscoa!”
Nas saudações em italiano o Papa dirigiu um pensamento especial para
os jovens, os doentes e recém-casados, recordando o décimo aniversário
da morte de São João Paulo II que se assinala nesta quinta-feira dia 2
de abril, e disse:
“O seu exemplo e testemunho ainda estão vivos entre nós. Queridos
jovens, aprendei a enfrentar a vida com o seu ardor e o seu entusiasmo;
queridos doentes, carregai com alegria a cruz do sofrimento como ele nos
ensinou; e vós, queridos recém-casados, colocai sempre Deus no centro,
para que a vossa história conjugal tenha mais amor e felicidade”.
O Papa Francisco a todos deu a sua bênção! (BS)
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