.Última catequese preparatória da Festa da Família 2014.
No próximo dia 25 de Maio celebramos a Festa da Família em Mafra. No entanto este dia é também marcado pela realização das eleições para o Parlamento Europeu. Como tal apresentamos o convite a participar na Festa da Família sem esquecer o cumprimento do seu direito e dever de votar no dia 25 de Maio.
Nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre «votar por uma Europa melhor»
Exercer o direito e o dever de votar
No próximo dia 25 de maio, somos chamados a cumprir o direito e o dever de
votar nos candidatos que se apresentam para fazer parte do Parlamento Europeu,
representando o povo português nesta grande comunidade de povos e nações.
O regime democrático, em que felizmente vivemos, exige participação, que tem
um momento alto quando há eleições. Neste ato eleitoral, com a responsabilidade
pastoral que nos cabe como bispos católicos, exortamos à participação dos
cristãos e de todos os que estão abertos a ouvir a nossa voz. O absentismo é uma
arma perigosa que facilmente acaba por penalizar quem a usa.
É um sentimento comum experimentar a distância entre o nosso voto e as suas
consequências práticas. Além disso, a Europa pode parecer uma entidade estranha,
que está para além das nossas fronteiras e não nos diz diretamente respeito. Por
vezes, a onda de descrédito que atinge alguns sectores políticos é
tendenciosamente generalizada. Estas eleições, que marcarão o futuro da União
Europeia nos próximos anos, devem ser encaradas como um momento privilegiado
para colaborar na construção de uma Europa melhor.
A Europa, horizonte da nossa esperança
A Europa é muito mais do que um espaço geográfico. É uma comunidade de ideais
e valores, para a qual muito tem contribuído a fé cristã ao longo dos séculos. O
ressurgir do ideal europeu, no rescaldo de duas guerras mundiais que tiveram
origem no nosso Continente, em boa parte foi obra de líderes políticos cristãos.
Tem se dado a evolução de um mercado comum ou de uma comunidade económica para o
ideal de uma união europeia, que atualmente congrega 28 Estados. Estes encontram
na Europa a sua casa comum, comprometidos na construção de um projeto de
civilização, orientado por critérios de paz e justiça social, de liberdade
religiosa, de diálogo cultural e solidariedade, a nível interno e com a
comunidade de todos os outros povos e nações.
A Europa é um projeto sempre em construção, e as próximas eleições são uma
ocasião que não podemos desperdiçar para a sua edificação. A Igreja acompanha
com respeito e atenção as atividades das instituições europeias que honrem a
Europa como a sua casa moral e espiritual, promovendo os valores que são a
matriz da sua identidade.
Votar por uma Europa melhor
Em diversas ocasiões que precedem atos eleitorais, temos apresentado
critérios para votar com consciência esclarecida. Votar não é um ato
burocrático; é afirmar valores e exigir responsabilidades a quem deve servir os
povos de uma Europa justa e solidária.
Numa visão realista do nosso Continente, dinamiza nos a esperança de uma
Europa melhor, em que seja salvaguardada a vida humana desde conceção até morte
natural, em que o desemprego não pareça um mal inevitável mas um desafio a
responder sem adiamentos, em que as fronteiras não se fechem à solidariedade com
os povos maltratados política e economicamente, em que o diálogo inter-religioso
e intercultural seja o caminho de sentido único para uma paz justa e duradoura,
em que o capital não se arvore em governo autocrático mas sirva a pessoa humana
e o bem comum.
Para cumprir este ideal precisamos de políticos responsáveis e competentes,
que nos cabe eleger. Fazemos nossas estas palavras do Papa Francisco: «Peço a
Deus que cresça o número de políticos capazes de entrar num autêntico diálogo
que vise efetivamente sanar as raízes profundas e não a aparência dos males do
nosso mundo. A política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas
mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum». Como ele, rezamos também
nós ao Senhor «para que nos conceda mais políticos que tenham verdadeiramente a
peito a sociedade, o povo, a vida dos pobres. É indispensável que os governantes
e o poder financeiro levantem o olhar e alarguem as suas perspetivas, procurando
que haja trabalho digno, instrução e cuidados de saúde para todos os cidadãos»
(Evangelii gaudium, 205).
Em breve começará a campanha eleitoral. Urge ser esclarecida a opinião
pública a respeito dos programas partidários e das pessoas que se candidatam. A
nossa democracia deve exigir de todos propostas realistas, geradoras de soluções
concretizáveis, evitando falsas ilusões.
No ato de votar, o eleitor cristão tem o dever de não trair a sua
consciência, iluminada pelos critérios e valores do evangelho de Jesus. Importa,
também agora, exercer a virtude da cidadania participativa, assumida como uma
obrigação moral. Uma Europa melhor, que justamente desejamos, também depende de
cada um de nós.
Fátima, 1 de maio de 2014
Conferência Episcopal Portuguesa
Acessos às páginas da Pastoral da Família, do
Patriarcado de Lisboa:
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