
(RV) Decorreu
no Estádio Internacional de Amã, com a participação calorosa e devota
de dezenas de milhares de fiéis, a Missa presidida pelo Papa Francisco.
Uma Missa com cânticos em árabe e em que fizeram a sua primeira Comunhão
nada menos de mil e quatrocentas crianças (foto).
Numa homilia
centrada no Espírito Santo de que fala o Evangelho deste domingo, o Papa
referiu três ações realizadas pelo Espírito: prepara, unge e envia. A
concluir convidou a pedir ao Espírito Santo "que prepare os nossos
corações para o encontro com os irmãos independentemente das diferenças
de ideias, língua, cultura, religião; que unja todo o nosso ser com o
óleo da sua misericórdia que cura as feridas dos erros, das
incompreensões, das controvérsias; que nos envie, com humildade e
mansidão, pelas sendas desafiadoras mas fecundas da busca da paz."
Este o texto integral desta homilia:
Ouvimos,
no Evangelho, a promessa de Jesus aos discípulos: «Eu apelarei ao Pai e
Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco» (Jo 14,
16). O primeiro Paráclito é o próprio Jesus; o «outro» é o Espírito
Santo.
Aqui não estamos muito longe do lugar onde o
Espírito Santo desceu poderosamente sobre Jesus de Nazaré, depois de
João O ter baptizado no rio Jordão (cf. Mt 3, 16). Por isso, o Evangelho
deste domingo e também este lugar, onde, graças a Deus, me encontro
como peregrino, convidam-nos a meditar sobre o Espírito Santo, sobre
aquilo que Ele realiza em Cristo e em nós e que podemos resumir da
seguinte maneira: o Espírito realiza três acções, ou seja, prepara, unge
e envia.
No momento do baptismo, o Espírito pousa
sobre Jesus a fim de O preparar para a sua missão de salvação; missão
caracterizada pelo estilo do Servo humilde e manso, pronto à partilha e
ao dom total de Si mesmo. Mas o Espírito Santo, presente desde o início
da história da salvação, já tinha agido em Jesus no momento da sua
concepção no ventre virginal de Maria de Nazaré, realizando o evento
maravilhoso da encarnação: «O Espírito Santo virá sobre ti – diz o Anjo a
Maria – e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra, e tu
darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus» (cf. Lc 1, 35.31).
Depois, o Espírito Santo tinha actuado sobre Simeão e Ana, no dia da
apresentação de Jesus no Templo (cf. Lc 2, 22). Ambos à espera do
Messias, ambos inspirados pelo Espírito Santo, Simeão e Ana, à vista do
Menino, intuem que Ele é mesmo o Esperado por todo o povo. Na atitude
profética dos dois anciãos, exprime-se a alegria do encontro com o
Redentor e, de certo modo, actua-se uma preparação do encontro entre o
Messias e o povo.
As diferentes intervenções do
Espírito Santo fazem parte de uma acção harmónica, de um único projecto
divino de amor. Com efeito, a missão do Espírito Santo é gerar harmonia –
Ele mesmo é harmonia – e realizar a paz nos vários contextos e entre
diferentes sujeitos. A diferença de pessoas e a divergência de
pensamento não devem provocar rejeição nem criar obstáculo, porque a
variedade é sempre enriquecedora. Por isso hoje, com coração ardente,
invoquemos o Espírito Santo, pedindo-Lhe que prepare o caminho da paz e
da unidade.
Em segundo lugar, o Espírito Santo
unge. Ungiu interiormente Jesus, e unge os discípulos para que tenham os
mesmos sentimentos de Jesus e possam, assim, assumir na sua vida
atitudes que favoreçam a paz e a comunhão. Com a unção do Espírito, a
nossa humanidade é marcada pela santidade de Jesus Cristo e tornamo-nos
capazes de amar os irmãos com o mesmo amor com que Deus nos ama.
Portanto, é necessário praticar gestos de humildade, fraternidade,
perdão e reconciliação. Estes gestos são pressuposto e condição para uma
paz verdadeira, sólida e duradoura. Peçamos ao Pai que nos unja para
nos tornarmos plenamente seus filhos, configurados cada vez mais a
Cristo, a fim de nos sentirmos todos irmãos e, assim, afastar de nós
rancores e divisões e amar-nos fraternalmente. Isto mesmo nos pediu
Jesus no Evangelho: «Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos, e
Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja
sempre convosco» (Jo 14, 15-16).
E, por último, o
Espírito Santo envia. Jesus é o Enviado, cheio do Espírito do Pai.
Ungidos pelo mesmo Espírito, também nós somos enviados como mensageiros e
testemunhas de paz.
A paz não se pode comprar: é um
dom que se deve buscar pacientemente e construir «artesanalmente»
através dos pequenos e grandes gestos que formam a nossa vida diária.
Consolida-se o caminho da paz, se reconhecermos que todos temos o mesmo
sangue e fazemos parte do género humano; se não nos esquecermos que
temos um único Pai celeste e que todos nós somos seus filhos, feitos à
sua imagem e semelhança.
Neste espírito, vos abraço a
todos: o Patriarca, os irmãos Bispos, os sacerdotes, as pessoas
consagradas, os fiéis leigos, a multidão de crianças que hoje fazem a
Primeira Comunhão e os seus familiares. Com todo o meu coração saúdo
também os numerosos refugiados cristãos que vieram da Palestina, da
Síria e do Iraque: levai às vossas famílias e comunidades a minha
saudação e a minha solidariedade.
Queridos amigos! O
Espírito Santo desceu sobre Jesus no Jordão e deu início à sua obra de
redenção para libertar o mundo do pecado e da morte. A Ele pedimos que
prepare os nossos corações para o encontro com os irmãos
independentemente das diferenças de ideias, língua, cultura, religião;
que unja todo o nosso ser com o óleo da sua misericórdia que cura as
feridas dos erros, das incompreensões, das controvérsias; que nos envie,
com humildade e mansidão, pelas sendas desafiadoras mas fecundas da
busca da paz. Amen!
