Neste
Sábado que passou, convidado pela Comunidade Pneumavita, fui dar testemunho da
vida que Deus me deu, à 39ª Assembleia do Renovamento Carismático Católico em
Portugal.
Estar
com a Pneumavita é para mim, estar em comunhão, estar em família, e, aliás, esta
imagem da família é perfeita, porque foi nesta e com esta Comunidade que dei os
primeiros passos no meu reencontro com Deus, com a Fé, com a Igreja.
E
um dos obreiros, ou melhor, o obreiro principal deste reencontro com Deus, com
a Fé e com a Igreja, foi o Padre José da Lapa, Espiritano, que trouxe consigo
de Roma o Renovamento Carismático Católico para Portugal.
Já
não sei desde quando o conheço, mas com certeza, pelo menos, desde os inícios
dos anos 70, em Monte Real, onde vinha todos os anos fazer 15 dias como capelão
da Capela das Termas e ficava hospedado no nosso Hotel.
Lembro-me
de ser nesses primeiros anos da década de 70, pelo menos, porque foi numa
altura em que estava em Comissão Militar na Guiné e vim passar umas férias à
Metrópole, (então assim chamada), e o Padre Lapa se metia comigo sempre que me
via, estando na minha memória o facto de os porteiros do Hotel me tratarem por
Sr. Alferes, coisa que eu achava que não tinha nada a ver comigo.
Mas
não é isso que é importante, mas sim que o Padre Lapa tinha o “hábito” nessa
altura e mais tarde, de meter conversa comigo, o que não me agradava muito, não
só pela sua maneira de ser alegre, intensa, mas também porque eu andava
totalmente afastado de Deus e da Igreja e não queria conversas sobre o assunto.
Acresce
o facto de ele não me inspirar grande confiança, sobretudo depois do seu
empenhamento no RCC, porque andava então com um Volkswagen, (tipo carocha), com
um grande autocolante dizendo, «Jesus está vivo!», para além de que, as Missas
celebradas na Capela das Termas, (a que eu não ia pelas razões atrás
apontadas), me pareciam assim uma “coisa” sem jeito, com músicas alegres e
muito participação.
Mas,
curiosamente, ele não me largava, salvo seja, e em cada oportunidade para se
aproximar de mim, lá vinha ele meter conversa e era insistente e paciente,
porque eu, que não era de muito bom feitio, mostrava-lhe muitas vezes uma cara
desagradável e dava-lhe respostas monossilábicas e irritadas, mas que não o
afastavam de mim.
Hoje
quando olho para trás pergunto-me se Deus não estaria já a preparar o meu
regresso, dando-me assim a conhecer àquele que havia de guiar os meus primeiros
passos no reencontro com o Senhor da vida.
E
os anos passaram, e o Padre Lapa deixou de ir para Monte Real, e os encontros
fortuitos acabaram-se, e eu continuei a minha vida afastado de Deus, da Fé, da
Igreja e a certa altura, afastado até de uma vida decente e com sentido.
E
chegaram os anos 90, e perante algumas discussões que foram chegando sobre Deus
e a Igreja, (e a continuação da minha vida perdendo-se sem sentido), comecei a
minha procura de Quem eu queria acreditar que existia e me podia ajudar a ser
diferente, a ter uma vida com sentido, a ter uma vida útil, para mim e para os
outros.
Passada
a primeira fase em que me sentava na Igreja vazia, frente ao sacrário,
conversando com Quem eu queria acreditar lá estaria, comecei a “ir” à Missa e a
frequentar a igreja, ainda não para mim, Igreja com maiúscula.
Mas
era pouco, muito pouco, e eu precisava de algo que me agarrasse, que me
motivasse, que tornasse mais presente Deus na minha vida.
E
lia, e lia e procurava algo que não sabia se ia encontrar.
Num
desses livros que li, informava-se sobre os novos Movimentos da Igreja,
surgidos após o Concílio Vaticano II, e um deles, pelo seu empenho no Espírito
Santo, (não me perguntem porquê, mas naquela altura pareceu-me fazer todo o
sentido, o Espírito Santo, claro), mencionava-se o Renovamento Carismático
Católico, e que quem o tinha trazido para Portugal era o meu já conhecido Padre
José da Lapa.
Não
terá sido um acto irreflexo, mas também não foi um acto muito pensado, mas a
verdade é que dei comigo a escrever uma carta ao Padre José da Lapa, (em Junho
de 1997), carta que lida mais tarde, não me pareceu coisa que eu quisesse
escrever na altura.
Basta
reparar neste segundo paragrafo que aqui reproduzo:
«Quero
em primeiro lugar pedir-lhe que me perdoe por diversos “processos de intenção”,
por diversos pensamentos e palavras, que contra si dirigi e que agora vejo
estavam perfeitamente errados, não só porque não tenho o direito de julgar os
outros, como também o tempo, em que Deus Nosso Senhor manda, acabou por lhe dar
razão.»
Eu
a pedir desculpa! Coisa estranha!
Demorou
tempo, muito tempo quanto a mim, (de tal modo que passado um mês escrevi nova
carta), e a resposta não chegava, e eu ia pensando que da forma como o tinha
tratado era muito normal que ele não quisesse nada comigo.
Afinal
não o conhecia ainda!
Recebi
logo a seguir a sua resposta informando que tinha estado fora e só então me podia
responder.
Tratava-me
com um “velho” amigo, numa carta repassada de alegria por me perceber à procura
de Deus, (sem conselhos nem admoestações), e convidava-me a estar presente na
23ª Assembleia do RCC/Pneumavita, em Novembro desse ano, disponibilizando-se de
imediato a tratar de tudo para eu poder estar presente com aminha mulher.
Lembro-me
de estar preocupado com a minha ida e de ter falado com ele, que me respondeu
qualquer coisa como «vem e vê», assim, tão simplesmente.
E
assim foi!
Estive
nessa Assembleia e a minha vida mudou ainda mais, e lembro-me bem com que
alegria abracei o Padre Lapa em Fátima e ele me abraçou a mim.
(continua)
Marinha
Grande 20 de Novembro de 2013
Joaquim
Mexia Alves
Nota:
Primeira
parte deste testemunho que decidi escrever sobre a importantíssima referência
do Padre José da Lapa, bem como da Comunidade Pneumavita, na minha vida.
Porque
esta mudança da minha vida foi uma enorme alegria para a minha mãe, (que faria
hoje 104 anos), publico hoje este testemunho, em sua memória e em homenagem ao
Padre José da Lapa e à Pneumavita.
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