E assim começou a Vida Nova, começou o “nascer do Alto” de que Jesus fala a Nicodemos (Jo 3, 3).
E
foi um crescendo, a seguir àquela assembleia, que foi sendo vivido num grupo de
oração perto de casa, num encontro com o Espírito Santo, com a oração, com a
Palavra de Deus, com os outros, encontros semanais que foram derrubando
barreiras de timidez, de orgulho, de vaidade, de pretensa superioridade, tendo
sempre presente o conselho avisado do Padre José da Lapa.
Toda
essa vida nova que fui vivendo, (e ainda vivo, graças a Deus), está bem
expressa na carta que então escrevi ao Padre Lapa, (publicada aqui) que era e é
para mim, a referência, da vida entregue a Cristo, guiada pelo Espírito Santo
no amor do Pai, em Igreja.
Lembro-me
de, perante as minhas conversas com ele, lhe ouvir dizer coisas que nunca
esqueci:
«Joaquim,
o Espírito Santo é como uma “epidemia”, quando entra não só nos toca mas toca
os que estão ao nosso lado.»
Constatei
e constato isso tantas vezes ao longo destes anos.
Lembro-me,
(e muitos se lembrarão), da sua frase tantas vezes repetida: «Eu sou o burrinho
de Jesus.»
E
eu pensava para mim: Se ele é o burrinho, eu nem para chão para ser pisado,
sirvo!
As
cartas sucedem-se, numa “vertigem” cheia de ansiedade de querer mais, querer “mais”
Deus, querer compreender melhor, querer viver mais e mais sentir, querer fazer “coisas”,
e o Padre Lapa, cheio de paciência vai-me respondendo com conselhos avisados,
exortando-me e acalmando o meu “nervosismo” religioso.
Escreve
ele, em resposta a uma das minhas cartas: «A maior necessidade que terás nesta
fase é de orientação espiritual carismática e de uma comunidade na qual possas
rezar, participar e colaborar.»
E
noutra ainda: «Procura ler e selecionar bons livros.»
E
mais uma assembleia e um retiro, e as cartas sucedem-se, (pobre Padre Lapa, ter
que aturar um “exaltado” religioso).
Escrevo
eu, em Novembro de 1998: «Sinto que o Senhor quer muito mais de mim, que eu
ainda não sei o que é, mas espero que Ele mo mostre brevemente, pois o que
faço, o que digo, o que sou, não me chega, sinto que não estou a aproveitar
totalmente as capacidades que Ele me deu para O servir e servir aqueles que me rodeiam.»
E
perante o problema de não arranjar um Director Espiritual, insisto: «Volto-me
novamente para si, pedindo-lhe a sua ajuda e atrevendo-me até a perguntar:
Porque não o Padre José Lapa, meu amigo?»
E
ele responde com a humildade que o caracteriza: «Logo que seja possível
falaremos, face a face, mais e melhor. Para já, sem recusar a ajudar-te, digo-te
para escolheres como 1º Director Espiritual o Espírito Santo.»
E
mais à frente: «Tu és o instrumento de que Deus se quer servir. Não procures
fora aquilo que está dentro de ti e entre nós.»
Começa
por essa altura a despontar a ideia, sugerida pelo Padre Lapa, da realização de
uma assembleia do RCC em Monte Real, e homem de Igreja como é, insiste comigo,
(que tudo queria fazer num instante), que devemos rezar pedindo ao Espírito
Santo que nos desse o discernimento sobre tal assembleia, que não poderia ser
realizada, (insiste ele), sem o acordo e autorização prévia do Pároco de Monte
Real, do Assistente Diocesano do RCC e o conhecimento do Bispo da Diocese de
Leiria-Fátima.
Entretanto
convida-me, (com a minha mulher que caminha comigo este caminho novo), em Maio
de 1999, a frequentar um Seminário de Aprofundamento com a Comunidade
Pneumavita, na Torre d’Aguilha, orientado pelo Padre Vicente Borragán Mata, Seminário
que se torna decisivo na confirmação da mudança da minha vida.
Neste
Seminário acontecem então três coisas da maior importância para mim.
Quando
cheguei, ainda tímido, (era assim quando não conhecia as pessoas), sou recebido
pelas irmãs e irmãos da Comunidade Pneumavita como se de um filho se tratasse,
com palavras e gestos de tal acolhimento, alegria e amor, que imediatamente me
senti em família, sentimentos que ainda agora vivo sempre que tenho a possibilidade
de estar com a Pneumavita, seja qual for a actividade em que nos encontramos. É
um ninho para mim, um ninho onde me sinto amado, acolhido, desejado,
sentimentos, aliás, partilhados pela minha mulher.
A
outra “coisa” que aconteceu foi, que quase no fim do Seminário, o Padre Lapa me
chamou para que ele, o Padre Vicente Mata, o Padre António Fernandes e alguns
membros da Pneumavita rezassem por mim pedindo a Efusão do Espírito Santo.
Não
se julgue que tive visões, ou qualquer outro tipo de manifestações “maravilhosas”,
porque não tive nada disso! Tive sim a certeza de que Deus me amava e ama com
amor infinito e me chamava e chama a servi-Lo, servindo os outros.
Durante
a viagem de regresso, veio ao meu coração e à minha mente, o texto que ao
chegar a casa escrevi num repente e que publiquei aqui.
A
terceira nota sobre este Seminário, é para referir a importância de ter conhecido
o Padre António Fernandes, (Beneditino, que já está em Deus), porque a sua
amizade e conselho, em conjunto com o Padre Lapa e a Pneumavita, foram os
alicerces fortes da morada que Deus quis construir em mim.
Marinha
Grande, 25 de Novembro de 2013
Joaquim
Mexia Alves
Nota:
O
testemunho/homenagem que queria fazer ao Padre José da Lapa e à Comunidade
Pneumavita, está a revelar-se no meu coração bem maior do que eu pensava, e por
isso mesmo, vou-me deixando levar até onde Ele me quiser levar.
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