(RV) Antes
da oração mariana do Angelus e dirigindo-se aos milhares de fiéis e
peregrinos reunidos da Praça de S. Pedro, o Papa Francisco comentou as
três semelhanças que concluem o cap. 13 de Mateus: o tesouro escondido, a
pérola preciosa e a rede de pesca.
Vou me debruçar nas duas primeiras, disse o Pontífice, que sublinham a
decisão dos protagonistas de venderem tudo para conseguir aquilo que
descobriram.
No primeiro caso, é um agricultor que acidentalmente se depara com um
tesouro escondido no campo onde estava a trabalhar e, visto que o campo
não era de sua propriedade, decide arriscar todos os seus bens para
comprar o campo e não perder aquela ocasião realmente excepcional; e no
segundo caso, é um negociante de pérolas preciosas que, como bom
conhecedor, identifica uma pérola de grande valor e, ele também, decide
apostar tudo sobre aquela pérola, chegando a vender todas as outras.
Estas semelhanças, continuou o Papa, destacam duas características
relacionadas com a posse do Reino de Deus: a procura e o sacrifício,
pois o Reino de Deus é, sim, oferecido a todos, mas não é
disponibilizado num prato de prata, é preciso procurar, caminhar,
empenhar-se – reiterou Francisco:
“A atitude da procura é a condição essencial para encontrar; é
necessário que o coração se abrase com o desejo de alcançar o bem
precioso, ou seja, o Reino de Deus, que se faz presente na pessoa de
Jesus. É Ele o tesouro escondido, é Ele a pérola de grande valor. Ele é a
descoberta fundamental, que pode dar um impacto decisivo à nossa vida,
enchendo-a de significado”.
Perante a descoberta inesperada, tanto o agricultor como o negociante
percebem que têm diante de si uma oportunidade única a não perder, e
portanto eles vendem tudo o que possuem, observa Francisco, ressaltando
que a avaliação do valor inestimável do tesouro, leva-os os dois a uma
decisão que também envolve sacrifício, desprendimentos e renúncias.
Quando o tesouro e a pérola foram descobertos, isto é, quando
encontramos o Senhor, não se deve deixar estéril esta descoberta, mas
sacrificar por ela qualquer outra coisa, disse o Pontífice, que também
acrescentou:
“Não se trata de desprezar o resto, mas de subordiná-lo a Jesus,
colocando a Ele em primeiro lugar. O discípulo de Cristo não é alguém
que se privou de algo essencial; é alguém que encontrou muito mais:
encontrou a alegria plena que só o Senhor pode dar. É a alegria
evangélica dos doentes curados; dos pecadores perdoados; do ladrão a
quem se abre a porta do paraíso”.
Trata-se, pois, da alegria do Evangelho que enche o coração e toda a
vida daqueles que se encontram com Jesus, pois na verdade os que se
deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio
interior, do isolamento.
Hoje somos convidados a contemplar a alegria do agricultor e do
negociante das parábolas, é a alegria de cada um de nós quando
descobrimos a proximidade e a presença consoladora de Jesus na nossa
vida, uma presença que transforma o coração e nos abre às necessidades e
ao acolhimento dos irmãos, especialmente os mais fracos – concluiu
Francisco convidando todos a rezar, por intercessão da Virgem Maria,
para que cada um de nós saiba testemunhar, com as palavras e os gestos
de cada dia, a alegria de ter encontrado o tesouro do Reino de Deus,
isto é, o amor que o Pai nos deu mediante o seu Filho Jesus.
Após o Angelus Francisco recordou o Dia Mundial de luta contra o tráfico de seres humanos que hoje se comemora:
“Hoje celebra-se o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, promovido
pelas Nações Unidas. Todos os anos, milhares de homens, mulheres e
crianças são vítimas inocentes da exploração laboral e sexual e do
tráfico de órgãos. E parece que estamos de tal maneira habituados a ele
que o consideramos uma coisa normal. Isto é feio, é cruel, é criminoso.
Quero recordar o empenho de todos para que este flagelo aberrante, uma
forma de escravidão moderna, seja adequadamente combatida. Rezemos
juntos à Virgem Maria para que sustente as vítimas do tráfico de pessoas
e converta os corações dos traficantes”.
Em seguida o Papa dirigiu uma saudação a todos, romanos e peregrinos,
e em particular saudou as Irmãs Murialdinas de São José, as Noviças das
Irmãs de Maria Auxiliadora, os Acólitos de várias paróquias italianas, e
o clube italiano de Hockey Feminino de Buenos Aires.
E a todos Francisco desejou bom domingo pedindo, por favor, para que não nos esqueçamos de rezar por ele.
Bom almoço e até logo!
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