Nova
Iorque (RV) - A maior contribuição que os fiéis podem dar para
implementar a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável consiste em
continuar comprometidos com a diminuição da pobreza, a tutela do
ambiente e a construção da paz.
Foi o
que afirmou o observador permanente da Santa Sé junto à Organização das
Nações Unidas, Dom Bernardito Auza, em pronunciamento esta segunda-feira
(17/07) na sede da Onu, em Nova Iorque, sobre o tema “Mobilizar as
comunidades religiosas a agir com solidariedade e responsabilidade
partilhada para dar fim à pobreza e promover a paz”.
Valores éticos estão na base de um verdadeiro desenvolvimento
O serviço das comunidades religiosas tornar-se-á desse modo fermento
para promover um desenvolvimento sustentável, explicou o núncio
apostólico.
Se perdermos as coordenadas humanas fundamentais, corremos o grave
risco de que os objetivos de desenvolvimento sustentável possam ser
considerados somente de modo parcial. Desse modo corre-se o risco, em
particular, de privilegiar aspectos econômicos e sociológicos e não seu
contexto ético e antropológico, acrescentou Dom Auza.
Por isso, é essencial para os líderes religiosos, as comunidades e os
fiéis contribuir para alimentar, com coragem e perseverança, “a alma” e
a “consciência” em prol de um desenvolvimento autenticamente
sustentável.
Deve-se evitar a instrumentalização da religião
Numa época como a atual marcada pelo relativismo é também urgente
ajudar as pessoas a colher o verdadeiro sentido do bem e do belo.
Ademais, disse ainda o arcebispo filipino, devem ser corrigidas aquelas
ações voltadas a instrumentalizar a religião para fins incompatíveis com
sua verdadeira essência.
Em particular, deve-se impedir o incitamento à violência que pode
levar a praticar crimes e atrocidades. Fiéis e comunidades religiosas
devem permanecer a alma e a consciência para promover o desenvolvimento
sustentável.
O desenvolvimento seja responsável
Os líderes religiosos não são líderes políticos ou especialistas. Não
são chamados a medir objetivos e indicadores científicos, mas a dar as
razões da esperança, a favorecer o diálogo. A verdadeira prioridade é
promover o desenvolvimento humano integral de toda pessoa, afirmou o
representante vaticano.
Os líderes religiosos e os fiéis devem se comprometer a proteger a
vida para defender os mais fracos e os oprimidos. Além disso, devem
ajudar as populações a desenvolver seus recursos naturais de modo
responsável, a protegê-los de explorações econômicas e de interesses
políticos.
É preciso abordagem integral
Como escreveu o Papa Francisco na Carta encíclica Laudato si,
“as diretrizes para a solução exigem uma abordagem integral para
combater a pobreza, para restituir a dignidade aos excluídos e, ao mesmo
tempo, para cuidar da natureza”, recordou por fim o prelado.
Os indicadores mais importantes para o desenvolvimento sustentável
não são quantitativos, mas qualitativos, e dizem respeito aos valores
éticos. Valores contrários à cultura do descarte, concluiu Dom Auza.
(RL/AL).
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