(RV) Na sua alocução antes da oração mariana do
Angelus juntamente com os fiéis congregados na Praça de São Pedro, o
Papa Francisco comentou a parábola do bom semeador que o Evangelho deste
domingo nos apresenta. E o semeador é Jesus que – disse Francisco -
não se impõe, mas se propõe a nós, difundindo com paciência e
generosidade a sua Palavra. Palavra que não é uma gaiola ou uma
ratoeira, mas sim uma semente que pode dar frutos. Mas isto só
acontecerá se nós a acolhermos. É uma parábola que nos diz respeito
sobretudo a nós. Com efeito fala mais do terreno do que do semeador.
Jesus faz como que uma “radiografia espiritual” do nosso coração que é o
terreno no qual semeia a Palavra – insistiu o Papa. E o terreno pode
ser bom e nesse caso dá bons frutos, mas pode também ser duro,
impermeável, como uma estrada alcatroada. Mas entre o terreno bom e a o
duro, a estrada – fez notar o Papa - pode haver dois tipos de terrenos
intermédios: um terreno pedregoso e um terreno espinhoso. E explicou:
“Um terreno pedregoso é um terreno, onde não há muita terra; a
semente pode germinar, mas não consegue afundar as raízes. Assim é o
coração superficial, que acolhe o Senhor, que quer rezar, amar,
testemunhar, mas não persevera, cansa-se e nunca descola. É um coração
sem espessura, onde as pedras da preguiça prevalecem sobre a terra boa,
onde o amor é inconstante e passageiro. Mas quem acolhe o Senhor só
quando lhe apetece, não dá frutos”
O Papa falou depois do terreno espinhoso, cheio de sarças que sufocam
as plantas boas. Essas sarças são as seduções da riqueza, dos vícios,
as preocupações do mundo:
“As sarças são os vícios que lutam com Deus, que sufocam a
sua presença: são antes de mais os ídolos da riqueza mundana, o viver
avidamente para si mesmo, pelo ter e pelo poder. Se cultivarmos essas
sarças, sufocamos o crescimento de Deus em nós. Cada um pode reconhecer
as suas pequenas ou grandes sarças, os vícios que habitam o seu coração,
aqueles arbustos mais ou menos enraizados não agradam a Deus e nos
impedem de ter um coração limpo. É preciso arrancá-los, caso contrário a
Palavra não dá frutos”
E o Papa concluiu dizendo que Jesus nos convida a olharmos para
dentro de nós, a agradecermos pelo terreno bom e a trabalhar os que não
são ainda bons; a perguntarmo-nos se o nosso coração está aberto para
acolher com fé a semente da Palavra de Deus. E exortou:
“Encontremos em nós a coragem de fazer uma bela bonificação
do terreno, do nosso coração, levando ao Senhor na confissão e a na
oração os nossos pedregulhos e as nossas sarças. Assim fazendo, Jesus,
bom semeador, sentir-se-á feliz por acrescentar o seu trabalho:
purificar o nosso coração, tirando os pedras e os espinhos que sufocam a
Palavra”.
Que Nossa Senhora do Monte Carmelo, insuperável no acolhimento da
Palavra de Deus e em pô-la em prática nos ajude a purificar o coração e a
conservar nele a presença do Senhor – rematou Francisco que passou
depois à oração do Angelus:
Oração…
Após a reza das Avé Marias, Francisco saudou fiéis e peregrinos,
(famílias, grupos paroquiais e associações) de Roma e do mundo presente
na Praça.
Depois dirigiu uma saudação particular às irmãs Filhas de Nossa
Senhora das Dores nos 50 anos da Aprovação Pontifícia do seu Instituto;
às Irmãs Franciscanas de São José, nos 150 anos da sua fundação; aos
dirigentes e hóspedes da “Domus Croata” de Roma no 30º aniversário da
sua criação; e depois uma referência especial às irmãs e frades
camelitas:
“Gostaria de saudar de forma especial as irmãs e os frades
carmelitas no dia da sua festa. Desejo que possam continuar
decididamente no caminho da contemplação.”
Na Praça estava igualmente um grande grupo da comunidade venezuelana
em Itália, a quem o Papa saudou também de modo especial, renovando a sua
oração por esse amado país.
E de todos se despediu desejando bom domingo e pedindo, como sempre orações para ele.
(DA)
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