“No XXVIII Dia Mundial do Enfermo, Jesus dirige este convite aos
doentes e oprimidos, aos pobres cientes de dependerem inteiramente de
Deus para a cura de que necessitam sob o peso da provação que os
atingiu. A quem vive na angústia devido à sua situação de fragilidade,
sofrimento e fraqueza, Jesus Cristo não impõe leis, mas, na sua
misericórdia oferece-Se a Si mesmo, isto é, a sua pessoa que dá alívio.”
Ao tratamento, acrescentar o amor
Jesus tem estes sentimentos, prossegue o Pontífice, porque Ele mesmo
viveu na primeira pessoa o sofrimento humano e só quem passa por esta
experiência poderá ser de conforto aos demais.
De facto, constata o Papa, nota-se por vezes falta de humanidade na
relação com os doentes. Ao tratamento, deve-se somar a solicitude, ou
seja, o amor, sem esquecer que com o enfermo há uma família que também
pede conforto e proximidade.
É de Cristo que vem a luz para superar este momento de provação.
Nele, os doentes encontrarão força para ultrapassar as inquietações e
interrogações que surgem nesta «noite» do corpo e do espírito. É
verdade que Cristo não nos deixou receitas, mas, com a sua paixão, morte
e ressurreição, liberta-nos da opressão do mal.
Nesta condição, reforça Francisco, a Igreja quer ser, cada vez mais e
melhor, a «estalagem» do Bom Samaritano que é Cristo, isto é, a casa
onde os enfermos podem encontrar a sua graça, que se expressa na
familiaridade, no acolhimento, no alívio.
Não ceder a formas de eutanásia
Neste ponto, o Papa fez uma menção aos profissionais da saúde, que
colocam as suas competências em prol do enfermo. E recorda que o
substantivo “pessoa” deve vir antes do adjetivo “enfermo”.
Assim, a ação dos médicos e enfermeiros têm que ter em vista
“constantemente a dignidade e a vida da pessoa, sem qualquer cedência a
atos de natureza eutanásica, de suicídio assistido ou supressão da vida,
nem mesmo se for irreversível o estado da doença”.
Quando os profissionais da saúde se deparam com os limites e o
possível fracasso da medicina, são chamados a abrirem-se à dimensão
transcendente, “que pode oferecer o sentido pleno da profissão”. E
lamentou que em contextos de guerras e conflitos, os profissionais e as
estruturas da saúde podem ser atacados como forma de represália
política.
“Lembremo-nos de que a vida é sacra e pertence a Deus, sendo por
conseguinte inviolável e indisponível. A vida tem de ser acolhida,
tutelada, respeitada e servida desde o seu início até à morte”, escreve o
Papa. Trata-se de uma exigência não só que vem da fé em Deus, mas da
própria razão.
E Francisco pede que a objeção de consciência se torne uma opção
necessária para que os profissionais da saúde permaneçam coerentes com
esta abertura à vida. Quando não se pode curar, pode-se cuidar
sempre com gestos e procedimentos que proporcionem amparo e alívio ao doente.
Acesso negado à saúde
Por fim, o Papa reserva o seu pensamento a tantos irmãos no mundo que não têm acesso aos cuidados médicos porque vivem na pobreza.
“Por isso, dirijo-me às instituições sanitárias e aos governos de
todos os países do mundo, pedindo-lhes que não sobreponham o aspeto
económico ao da justiça social.”
Francisco concluiu confiando todos as pessoas que carregam “o fardo da
doença” à Virgem Maria, bem como as suas famílias, todos os profissionais e
voluntários.
Leia também:
Mensagem integral do Papa Francisco
para o 28º dia Mundial do Enfermo
VN
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