26 setembro, 2014

Entende-se Cristo carregando a cruz como o Cireneu – o Papa na Missa na Casa Santa Marta


(RV) “Ser cristão é ser Cireneu e quem tem fé, identifica-se com Ele. Pertence a Jesus quem leva com Ele o peso da Cruz” - reflexão feita pelo Papa na homilia da manhã desta sexta-feira, 26, baseada no Evangelho de Lucas, em que Cristo pergunta aos discípulos quem as multidões pensam que Ele é, e recebe as respostas mais diversas.

“Este episódio – observou o Papa – demonstra que Jesus queria que a sua identidade fosse protegida. Em certas ocasiões, quando alguém se aproximava para comunicá-la, Ele o detinha, assim como impediu várias vezes também ao demónio de revelar a sua natureza de Filho de Deus, que veio para salvar o mundo. Fazia isto para que – explicou o Papa – as pessoas não se enganassem e pensassem que Messias fosse um líder vindo para expulsar os romanos. Só quando estava sozinho com os doze Apóstolos, Jesus começou a fazer a catequese sobre a sua verdadeira identidade”.

É necessário que O Filho do Homem sofra muito, seja rejeitado pelos anciãos, chefes dos sacerdotes e escribas, seja morto e ressuscite. Este é o caminho da sua libertação. Este é o caminho do Messias, do Justo: a Paixão e a Cruz. E lhes explica quem é. Eles não querem entender e no Evangelho de Mateus, se vê que Pedro rejeita esta verdade: ‘Não, não! E Ele começa a revelar o mistério sobre a sua identidade: ‘Sim, eu sou o Filho de Deus. Mas este é o meu caminho: devo percorrer este caminho de sofrimento’”.

Esta – afirmou o Papa – é a “pedagogia” que Jesus usa para “preparar os corações dos discípulos, os corações das pessoas... a entender este mistério de Deus”:
“É tanto o amor de Deus, é tão ruim o pecado, que Ele nos salva assim: com esta identidade na Cruz. Não se pode entender Jesus Cristo Redentor sem a cruz: não se pode! Podemos até chegar a pensar que é um grande profeta, que faz coisas boas, é um santo. Mas o Cristo Redentor sem a Cruz não se pode entender. Mas os corações dos discípulos, os corações das pessoas, não estavam preparados para entendê-lo. Não haviam entendido as profecias, não haviam entendido que justamente Ele era o Cordeiro para o sacrifício. Não estavam preparados”.

É somente no Domingo de Ramos – observa o Papa – que Cristo permite à multidão de dizer, “mais ou menos”, a sua identidade, com aquele “Bendito o que vem em nome do Senhor”. E isto porque “se estas pessoas não gritam, gritarão as pedras!”. Pelo contrário, é somente após a sua morte que a identidade de Jesus aparece em plenitude e a “primeira confissão” vem do centurião romano, conta o Papa Francisco, que conclui: “passo a passo”, Jesus “nos prepara para entendê-lo”. Nos “prepara para acompanhá-lo com as nossas cruzes no seu caminho para a redenção”:

“Nos prepara para sermos Cireneus, para ajudá-lo a carregar a cruz. E a nossa vida cristã sem isto, não é cristã. É uma vida espiritual, boa... ‘Jesus é o grande profeta, também nos salvou. Mas Ele e eu não...’. Não, tu com Ele! Percorrendo o mesmo caminho. Também a nossa identidade de cristãos deve ser protegida e não acreditar que ser cristãos é um mérito, é um caminho espiritual de perfeição. Não é um mérito, é pura graça”.

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