O
Evangelho deste Domingo fez-me pensar na justa retribuição de Deus.
Em
termos humanos, a justa retribuição tem a ver, sem dúvida, com o desempenho de
cada um.
Obviamente,
para nós homens, não é justo que alguém que trabalha menos, ganhe tanto como
aquele que trabalha mais.
Mas
a retribuição dos homens aos homens é sempre limitada, e por isso mesmo, tem
graduações, pode e deve medir-se, tem “tamanho”, tem “valor” calculado, enfim é
ajustada àquilo que foi feito.
A
retribuição de Deus não tem limites.
Como
poderia ter, se Ele se deu inteiramente por todos os homens?
Poderá
Deus amar mais um homem do que outro?
E
se pudesse, porque seria? Porque um homem se “porta melhor” do que outro? Mas
Ele até nos disse que veio para os pecadores!
O
amor de Deus não tem graduações: Deus ama, ponto final!
E
como ama, porque é amor, tanto ama aquele que O segue, como aquele que O
rejeita.
A
sua “retribuição” é sempre o amor, e, por isso, o amor é igual tanto para
aquele que “trabalhou” mais, como para aquele que “trabalhou” menos, como nos
conta a parábola.
Qual
é a “retribuição” final de Deus, se não a vida eterna, na eternidade do gozo de
Deus?
E
pode-se viver na eternidade do gozo de Deus, só um “bocadinho”, ou menos, ou
mais do que qualquer outro que vive eternamente o gozo de Deus?
Claro
que não!
Humanamente
quase nos parece injusto que aquele que viveu sempre para Deus e com Deus, viva
a mesma retribuição, (a eternidade do gozo de Deus), exactamente como aquele
que viveu uma vida inteira afastada de Deus, até O descobrir no fim dessa mesma
vida.
E
é esse pensamento humanamente frágil, que nos leva, por vezes, a criticar os
outros que “agora” chegam a Deus, agora chegam à Igreja, e nos leva a
apontá-los, e a considerarmo-nos, por vezes, mais merecedores do que eles.
E
quando assim pensamos, e quando assim fazemos, (e arrisco a dizer que nalgum
momento todos já assim procedemos), então é porque ainda não entendemos a
parábola da “retribuição aos trabalhadores da vinha”, então é porque ainda não
nos deixamos envolver totalmente na infinitude do amor de Deus.
Um
dia, no gozo de Deus, perceberemos então como a retribuição de Deus, o seu
Amor, é afinal a retribuição mais justa e perfeita de todas.
Marinha
Grande, 23 de Setembro de 2014
Joaquim
Mexia Alves
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