04 janeiro, 2014

"Despertai o mundo! Testemunhai um modo diferente de viver" - Papa Francisco aos Religiosos (segundo "La Civiltà Cattolica")


(RV) O Papa Francisco apela a um maior cuidado na formação de novos religiosos e elogia o esforço de Bento XVI no combate aos casos de abusos sexuais, segundo informa a revista dos jesuítas italianos ‘La Civiltà Cattolica’, no número que acaba de ser publicado.
O Papa falava, em 29 de Novembro passado, a cerca de 120 responsáveis religiosos, por ocasião da 82ª assembleia geral da União dos Superiores Gerais (USG), que teve lugar no Vaticano. Participou no encontro o director de “La Civiltà Cattolica”, António Spadaro, que gravou as declarações papais, delas apresentando agora em exclusivo uma longa reportagem (15 páginas) das três horas de colóquio com o Papa, em que este foi comentando perguntas e questões que lhe foram sendo postas. O Papa passa em revista os desafios que se colocam hoje à Vida Consagrada e à Igreja Católica, no seu todo.
Como se afirma na revista, o texto preparado por Padre Spadaro foi submetido ao Papa, que a considerou fidedigno, aprovando a sua publicação.
“A Igreja deve ser atraente – observou o Papa dirigindo-se aos Religiosos. Despertai o mundo! Sede testemunhas de um diferente de fazer, de agir, de viver”, exortou. A vida religiosa – advertiu - não pode ser vista como um “refúgio e consolação perante um mundo exterior difícil e complexo”. O Papa falou da hipocrisia como um dos “mais terríveis males” na Igreja e considerou que os problemas se resolvem com “diálogo” e não “proibindo isto ou aquilo”.
“Se um jovem foi convidado a sair de um instituto religioso por causa de problemas de formação e motivos sérios, mas depois é aceite num seminário, isso é um grande problema”, alertou o Papa, no referido encontro, declarando que o caminho seguido por Bento XVI face aos casos de abusos deve “servir de exemplo para ter a coragem de assumir a formação pessoal como um desafio sério, tendo sempre em mente o Povo de Deus”. “Não devemos formar administradores, gestores, mas pais, irmãos, companheiros de caminho”, observou.
O Papa pediu que os religiosos formem “o coração” e estejam atentos à linguagem dos jovens de hoje, “numa mudança de época”. “Caso contrário, formamos pequenos monstros e depois esses monstrozinhos formam o Povo de Deus. Vêm-me arrepios só a pensar nisso”, disse.

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