08 outubro, 2013

QUANTOS CRISTOS REJEITADOS!





Mais de 200 pessoas afogadas ao largo de Lampedusa!
  
Escrevo pessoas, e não emigrantes, para que percebamos bem que aqueles que pereceram são pessoas!

Pessoas como nós, pessoas que para nós, cristãos, são “à imagem e semelhança de Deus”!

São, têm que ser para nós, a face do Cristo Sofredor, que nelas tão bem representa a dor da rejeição, a dor que devia incomodar aqueles que não querem ser incomodados, (nos quais me incluo tantas vezes).

Claro que não queremos ser incomodados!
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Pois se ao lado destas notícias sobre aqueles que morrem à procura da migalha de pão, se encontram as notícias daqueles que vivem na opulência, que têm ordenados multimilionários, a gerir isto ou aquilo, a “fazer” arte e músicas de gosto duvidoso, a dar chutos numa bola ou em tantos outros desportos, a receber reformas chorudas por escassos anos de trabalho, notícias que transmitem sempre a miragem de uma vida edílica, como podemos nós deixarmo-nos incomodar?
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Claro que não queremos ser incomodados!
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O assunto não é connosco! É com o Estado, com os Estados, porque esses é que devem tomar conta dos cidadãos, esses é que devem prover às suas necessidades. Nós nada temos a ver com isso. São emigrantes! É mais fácil assim! Dito assim nem parece que são pessoas!
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Claro que não queremos ser incomodados!
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Como não queremos ser incomodados com essa coisa do aborto! Até lhe chamamos “interrupção voluntária da gravidez”, porque é assim uma coisa mais “inócua”, uma coisa que não incomoda tanto.

Aliás, até parece dito assim, que não estamos a falar de vidas humanas, mas de umas “coisas” que, para nosso “descanso”, não vale a pena definir bem, não se vão incomodar as nossas consciências.

São mais outros tantos milhões de Cristos, rejeitados mesmo antes de poderem esboçar um sequer gesto de defesa!
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Afinal, se me colocar presente nos momentos da Tua Paixão, Senhor, tenho que reconhecer que estou bastante mais no meio da multidão que grita “crucifica-O”, do que perto daqueles que se colocam prostrados junto à Tua Cruz.
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Sinto-me tão pecador, tão pequeno, tão nada, perante a tragédia de um mundo que Te renega, que se afasta de Ti, e que por isso mesmo, cada vez mais leva os homens a olharem apenas para os “seus umbigos”, para as suas conveniências, para os seus prazeres, e assim se vão autodestruindo, porque onde não há amor, só pode reinar a dor.

Quando é que me acordas deste torpor, Senhor?
Quando é que nos acordas deste viver sem sentido, de costas voltadas uns para os outros, sobretudo, de costas voltadas para Ti? 
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Vem depressa, Senhor, não demores, que o tempo urge!
Encontra, Senhor, no Teu infinito amor, na Tua eterna misericórdia, a razão para nos dares a mão, e mais uma vez pede por nós ao Pai, nesse Teu grito de alma toda entregue por nós: «Perdoa-lhes, Pai, que eles não sabem o que fazem! 


Monte Real, 8 de Outubro de 2013
Joaquim Mexia Alves

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