(RV) O Cardeal António Maria Vegliò, Presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes foi recebido esta quinta-feira pelo Papa Francisco. No centro do encontro o drama da população iraquiana que está em fuga da violência dos jihadistas do proclamado Estado Islâmico. O nosso colega do programa italiano da Rádio Vaticano Sérgio Centofanti falou com o Cardeal Vegliò:
"Eu chamo-lhes desalojados e refugiados, porque fogem, porque se ficam nos seus lugares de origem, morrem. Ora, diante destas pessoas não consigo entender como se possa dizer – como foi dito: "Mandemo-los de volta para os seus países". Alguém que raciocina pode dizer a quem fugiu do seu país no qual teria sido morto, "volte para seu país?" Creio que falte não somente o sentido de humanidade, mas também a inteligência: sinto muito ter que dizer isso... Alem disso, trata-se de gente que sofre: deixa tudo e vai embora... E não somente no Iraque. Agora o Iraque é a ponta do iceberg, porque ali se encontra a situação mais assustadora: há assassinatos, tragédias com as maneiras bárbaras que bem sabemos, que vimos... Esse povo precisa não somente de oração: a oração é importante, mas não basta; precisa de ajuda, precisa que a comunidade internacional assuma isso. De que modo? O Papa disse-o no avião, de volta da Coreia: "É preciso parar essa gente". Como? Bem é a comunidade internacional que deve avaliar os meios. Não pode fazer de conta que não é nada. Justamente, o Papa disse: "Não podemos fechar os olhos, não podemos fazer de conta que nada acontece", porque seria a mesma coisa de quando Hitler matava os judeus e depois muitos disseram: Ah, não, não sabíamos de nada!: tudo hipocrisia! É preciso fazer algo!”
"A comunidade internacional faz muito pouco: ou seja, a ONU e também um pouco a Europa que está mais próxima desses países, também geograficamente falando. A meu ver, a Europa deveria ter um pouco mais de sensibilidade. Infelizmente, na Europa temos muitos problemas, razão pela qual egoisticamente falando pensa em si mesmo e pouco nos outros. Porém, se pensamos em nossos problemas – digo 'nossos' como italiano – que são graves, como se sabe, porque a economia vai mal, o trabalho falta para muitos, porém, são sempre problemas relativamente menores do que os desse pobre povo iraquiano que foge para não ser degolado..." (RS)
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