13 fevereiro, 2013

QUARTA FEIRA DE CINZAS




O tempo da Quaresma é para mim um tempo de profunda tranquilidade, um tempo de procura de um encontro sempre mais intimo com Deus, um tempo de uma serena alegria, um tempo de regressar, (não ao ventre materno como pergunta Nicodemos a Jesus Jo 3, 4), mas ao nascer do Alto, ao nascer do e no Espírito Santo, que nos conduz no caminho da conversão, no caminho da santidade.
 
No tempo da Quaresma os cânticos, os Salmos, “enchem-se” de palavras e de músicas que convidam à interioridade, repassadas por vezes de dor, mas sempre com uma serena alegria por detrás, a alegria da confiança, da esperança que nos leva a acreditar, a viver a Verdade, de que a seguir à Paixão e Morte do Senhor, vem inexorável a Sua Ressurreição.
 
«Chegaram os dias de penitência:
 expiemos nossos pecados e salvaremos nossas almas.»
 
Assim cantamos, e neste cântico vêm-me as lágrimas aos olhos, não tanto porque sou pecador, mas mais porque pela graça de Deus me sei pecador.
Mas essas lágrimas, não são lágrimas de tristeza, mas de uma imensa serenidade, quase diria de um intimo consolo, por saber, por acreditar, que o Seu amor por nós, por mim, é sempre muito maior, infinitamente maior, do que as nossas fraquezas, do que o meu pecado.
 
Quando as cinzas caírem na minha cabeça, neste dia de Quarta feira de Cinzas, peço a Deus que elas caiam directas no meu coração, que o meu pecado, desde o mais leve ao mais pesado, seja transformado nessas cinzas, e assim purificado pelo Seu amor, que do meu coração se eleve um cântico, um salmo de louvor ao meu Deus e meu Senhor, e que nos meus lábios desponte o sorriso sereno daqueles que nada temem porque vivem a verdade da Sua constante presença no meio de nós e em nós.
 
«Chegaram os dias de penitência:
 expiemos nossos pecados e salvaremos nossas almas.»
 
 
Quarta feira de Cinzas
Monte Real, 13 de Fevereiro de 2013
Joaquim Mexia Alves

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